Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.
Cena deplorável no avião da Azul
Se eu fosse passageira daquele voo, já teria entrado na Justiça contra a empresa por atentado à saúde pública
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O presidente entrou num avião, provocou tumulto, aspergiu perdigotos, açulou opositores. É o que ele sabe fazer de melhor, já que, medíocre e ocioso, não trabalha pelo país. Até aí, nenhuma novidade. Mas não pode passar em branco o papel da companhia Azul nessa cena deplorável.
Não precisa ser especialista em transporte aéreo para entender que ali foram violados regulamentos do setor e medidas de segurança sanitária. Por mais que não queira, a empresa tem, sim, obrigação de vir a público e esclarecer: não sendo Bolsonaro passageiro do voo, quem autorizou sua presença para fazer proselitismo dentro do avião ? Quem e por quê?
O comportamento da tripulação também deve ser apurado. O piloto estava sem máscara, todo serelepe, posando com o disseminador-geral da República. A Azul deve ter um departamento de “compliance”, código de ética etc. O que dizem os acionistas e dirigentes da empresa sobre o episódio? Concordam com o que aconteceu? Se não concordam, que providências irão tomar? Ou o tal setor de “compliance” é só para enfeitar o organograma? O dono de uma empresa pode ter suas preferências políticas. Mas não pode impô-las a seus clientes e nem agir contra a lei.
A tragédia que vivemos não é obra apenas de Bolsonaro, mas de todos os que lhe dão condições de permanecer no cargo. A economia poderia estar muito melhor não fosse a incúria e a negligência criminosa do presidente contra o povo brasileiro. Empresários não entenderam que apoiá-lo é dar um tiro no pé. Seguem fieis ao projeto do estado mínimo. Estado e país mínimo.
Se eu fosse passageira daquele voo, já teria entrado na Justiça contra a empresa por atentado à saúde pública. Como não estava lá, o que posso fazer é deixar de viajar pela Azul. É meu protesto solitário. Ou talvez, nem tão solitário assim. Como lembrou-me um amigo outro dia, o oceano é formado por infinitas moléculas de água. E o universo inteiro é constituído por partículas subatômicas.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters