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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

A pior melhor Copa da história

Vi o lance mágico em que Lionel virou Manoel, em que nasceu o Mané Messi

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Falo das Copas que cobri e informo que não estive na Argentina, em 1978, sob uma das mais cruéis ditaduras da segunda metade do século 20.

Esta Copa no Qatar, do ponto de vista futebolístico, não foi melhor nem pior que as anteriores, embora dela se esperasse, por estarmos em meio à temporada europeia, nível melhor.

Mas foi a Copa de Lionel Messi, e já basta em matéria de excelência, além de ter sido, também, a Copa de Kylian Mbappé.

Se vilões houve no Qatar, não foi nenhum dos participantes da final, mesmo que Otamendi tenha se candidatado fortemente ao fazer o pênalti estúpido que fez. Acabou salvo, pois campeão.

Kylian Mbappé e Lionel Messi foram os protagonista da maior decisão da história das 22 Copas do Mundo - Jack Guez - 18.dez.22/AFP

Os vilões ficaram mais pelo que alguns disseram e fizeram fora de campo, como o episódio do churrasco de ouro e a nova demonstração de como é desfrutável este Kaká, saído da igreja corrupta para o mundo da futilidade, para virar sommelier de torcida, ao dizer que brasileiro não pode torcer pela Argentina. Eis um personagem que enganou meio mundo, o colunista, inclusive.

Do ponto de vista da organização a Copa beirou a perfeição.

Tudo funcionou, o metrô é excelente, os estádios, belíssimos, pena que a Fifa os transforme em discotecas a ponto de abafar a festa das torcidas. A limpeza e o equipamento dos banheiros, uma nota alta à parte, e, em dezembro, com calor suportável e até frio à noite.

Mesmo a questão da bebida alcoólica, apesar de caríssima, também porque tudo é caro para o real de Guedes e Bolsonaro, encontrou soluções conciliatórias. E a imprensa foi tratada a pão de ló, talvez aposta dos monarcas para que só se visse o lado dourado da pílula.

Doha é uma cidade espetacularmente asséptica, artificial, nada acolhedora, discriminatória, sufocante para quem não faz parte da milionária elite local, e funciona feito relógio, à custa sabemos do quê, de regime opressivo, preconceituoso, que faz tábula rasa dos direitos humanos.

Inegável o sucesso de público e a vitória geopolítica, ao botar o Qatar definitivamente no mapa-múndi —e não se assustem a rara leitora e o raro leitor se souberem nos próximos dias que o custo do luxo da Copa, do desperdício para impressionar como, de fato, impressionou, está mais que coberto pela venda de gás qatariano provocada pela desumana invasão russa na Ucrânia.

Se tivesse que fazer um resumo sobre se valeu a pena a maratona no Oriente Médio, diria o seguinte: valeu por conhecer o Museu Islâmico, simplesmente de cair o queixo; por ter visto ao vivo, de corpo presente, o lance mágico em que Lionel virou Manoel, em que nasceu o Mané Messi, o Lionel Garrincha, e, finalmente, por estar no Monumental de Lusail, na Bombonera do Qatar, na noite da maior decisão da história das 22 Copas do Mundo ao lado de 90 mil privilegiados.

Como bem definiu o jornal francês Le Figaro, foi "époustouflant", de tirar o fôlego. Que palavra!

Mané Messi fez de Josko Gvardiol um joão - Paul Ellis - 13.dez.22/AFP

MESSI x PELÉ

Como a régua é sempre o Rei, a conversa recomeçou sobre quem é melhor, Pelé ou Messi.

Já se fez a mesma pergunta entre Eusébio e Pelé, Cruijff e Pelé, Maradona e Pelé.

Daí, o colega português Hugo Tavares pediu a definição de Pelé numa palavra e ouviu: "Pelé é Pelé. Michael Jordan é o Pelé do basquete. Muhammad Ali é o Pelé do boxe. Beethoven é o Pelé da música clássica. Picasso é o Pelé da pintura. E Pelé é o Pelé do futebol".

O jornalista não informou se vai se limitar a "Pelé é Pelé".

Feliz 2023, e até lá, que ninguém é de ferro.

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