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Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros

Jesus + Olimpíadas = medalhas?

E se for verdade que atletas cristãos têm desempenho melhor?

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O que Rebeca Andrade, Caio Bonfim, Rayssa Leal e Gabriel Medina têm em comum? Além de serem medalhistas na Olimpíada de Paris, todos são cristãos. Isso nos convida a refletir sobre as possíveis relações entre cristianismo e performance esportiva.

Mas relacionar espiritualidade e desempenho hoje é como misturar o intangível da fé com o que pode ser medido e explicado pela ciência. E o contexto do mundo polarizado não facilita; religião é o que mais nos divide nas guerras culturais. O que fazer?

Rayssa Leal no Parque dos Campeões - Xinhua

O sociólogo Diogo Corrêa, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) em Paris, aponta um caminho para superar o impasse. "Nós, progressistas, muitas vezes focamos no protestantismo pelo que ele restringe moralmente, e não pelo que possibilita eticamente", afirma. "Como ética, o protestantismo é um conjunto de técnicas para superar desafios."

Nesse contexto, temer a Deus não significa abdicar da razão, mas sim adotar ou praticar um tipo específico de racionalidade para enfrentar adversidades e adversários.

Durante seu período como acadêmico na Califórnia, o antropólogo e professor da UFRJ Rodrigo Toniol conheceu academias de ginástica voltadas para evangélicos, como a recentemente inaugurada em Curitiba. Para os cristãos, "o corpo é um templo e precisa ser habitado e cuidado", ele explica. "Daí a importância do aprimoramento físico e da renúncia a vícios."

Gabriel Medina na disputa olímpica, em Teahupo'o, Taiti - Xinhua

A denominação que o antropólogo Bruno Reinhardt (UFSC) estudou em Gana, na África, relaciona a prática devocional com a atlética. "Eles têm quadras nas igrejas, organizam uma maratona anual", ele conta. "Pelo esporte, você aprende que a conquista resulta da paciência e do autossacrifício. E o cultivo dos ‘frutos do espírito’ aumenta a resiliência para a prática esportiva e para a vida."

É possível até pensar em práticas comuns entre evangélicos que têm paralelos com o esporte. "Atividades como ‘maratonas de oração’ demandam resistência e gasto de energia", conclui Bruno.

Essas reflexões não se referem a aspectos mágicos ou à interferência divina. Não se trata de Deus, tal como os deuses olímpicos, favorecendo os "escolhidos" do "Time Jesus" do camarote celestial. São exemplos de como a ética protestante influencia a preparação física e psicológica de atletas.

Esse caso dos resultados nas OIimpíadas de Paris nos ajuda a pensar o que está acontecendo no Brasil, especialmente no campo da produtividade. No ambiente igualmente competitivo do trabalho e do empreendedorismo, a disciplina e a resiliência da ética protestante turbinam também o desempenho de quem quer vencer na vida, viver melhor e ganhar dinheiro. Isso é pecado?

spyer@uol.com.br

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