Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.
Homens invisíveis
Sem o produtor fonográfico, os discos que amamos nunca teriam sido gravados
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Creed Taylor, um produtor fonográfico americano, morreu há pouco nos EUA e, desde então, esperei ler um artigo sobre essa categoria profissional quase invisível, sem a qual os discos que amamos não existiriam. Espero ainda. Para as massas, quem decide fazer um disco, escolhe as músicas e grava é o cantor, não? Mas não é assim. No tempo em que os discos dominavam a Terra, eram os produtores que descobriam, orientavam e até definiam os artistas.
Da cabeça e do coração de Creed Taylor saíram os melhores LPs de bossa nova nos EUA, como "Getz/Gilberto" e três grandes discos de Tom Jobim: "The Composer of Desafinado Plays", "Wave" e "Stone Flower". Quer mais? Goddard Lieberson, produtor da Columbia/CBS, foi o primeiro a gravar os musicais da Broadway com os elencos originais e, sob ele, em 1948, a Columbia lançou nada menos que o próprio LP. E quem, durante 40 anos, também na Columbia, descobriu e moldou Benny Goodman, Count Basie, Harry James, Billie Holiday, Aretha Franklin, Pete Seeger, Bob Dylan e Bruce Springsteen? O incrível John Hammond.
Quem produziu os famosos songbooks de compositores americanos estrelando, entre outros, Ella Fitzgerald? Norman Granz, na Verve. Quem lançou o pessoal do rhythm and blues, começando por Ray Charles? Nesuhi Ertegun, na Atlantic. Quem fez da Motown o berço da soul music? Berry Gordi Jr. E qual produtor dos Beatles chegou a ser chamado de "o 5º Beatle"? George Martin.
No Brasil, Aloysio de Oliveira, Roberto Quartin e Armando Pittigliani foram produtores essenciais da bossa nova —e Pittigliani lançou Sergio Mendes, Jorge Ben Jor e Elis Regina, que tal?
E quem diria que, como produtor na nanica Continental dos anos 1940 e 1950, João de Barro, Braguinha, sinônimo do Carnaval carioca, lançou tanta gente boa? Alguns: Dick Farney, Lucio Alves, Doris Monteiro, Nora Ney, Tito Madi, Jamelão e, veja só, Tom Jobim.
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