Quando o pai recebia o filho em casa, ele estendia a mão, mas não era para cumprimentá-lo. Ele esperava um jornal. O filho logo retribuía com um aperto, em tom de brincadeira. Dídimo respondia: "você sabe que não era isso que eu estava esperando".

Os filhos acordavam e iam dormir ao som da barulhenta máquina de datilografar do pai. As canetas ficavam espalhadas pela casa à medida que ia as perdendo ao longo do dia. Não fazia cerimônia, pegava a dos outros e continuava escrevendo.

Dídimo gostava de ler e não tinha preferências, lia de tudo um pouco. Nunca ficou um dia sem ler o jornal de ponta a ponta. Sexto de nove filhos, Dídimo perdeu o pai aos 12 anos e rumou para São Paulo para ganhar dinheiro e ajudar a mãe a sustentar a casa. Começou limpando balcão de uma farmácia, depois foi trabalhar como jardineiro em uma casa de família.

Com uma curiosidade aguçada, gostava de ler e escrever. E foi assim que tomou coragem para sair mandando cartas para jornais pedindo emprego, até um dia conseguir. A partir de então, não largou o ofício de repórter.

Não gostava de luxo e era avesso a tecnologias. Se barbeava todos os dias, mesmo quando não houvesse um fio de barba para tirar. Gostava da espuma e do bom e velho aparelhinho de barbear. "Tentamos presenteá-lo com outros modelos, mas recusou todos", lembra o filho Sérgio.

Sua casa sempre estava aberta. Gostava da nova geração de jornalistas e costumava dizer que o futuro estava na nova geração.

Morreu no dia 9, aos 91, de insuficiência respiratória. Deixa a mulher Maria Aparecida, os cinco filhos, sete netos e um bisneto.

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