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Fogueira é mais sedutora quando lenha é posta com estardalhaço

Nada de amontoar troncos; o melhor é montar uma estrutura piramidal e colocar o fogo por cima

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Luiz Antonio Del Tedesco

O rei Louie almejava muito mais do que simples labaredas festivas a animar as noites de jazz quando mandou sua trupe de macacos sequestrar Mogli para que este lhe ensinasse o segredo da “flor vermelha”.

Ladino, o orangotango sabia do poder que teria sobre todos os outros bichos da floresta se tivesse esse segredo em suas mãos. Mas, folgazão, nunca conseguiria usá-lo como forma de dominação. Seu desejo era festejar.

Assim que seus súditos acendessem a primeira fogueira, ele certamente ficaria hipnotizado pela dança das chamas e das fagulhas que dali brotariam e se esqueceria de fazer delas qualquer uso opressor. Afinal, não são essas as grandes graças do fogo e das fogueiras? Animar, aquecer, seduzir e, principalmente, hipnotizar os que as cercam?

Visitantes fazem roda em volta de fogueira, no acampamento Ecologic Park, em Charqueada (SP) - Divulgação

Eu descobri isso há tempos. E, diferentemente do rei dos macacos, mau caráter que sou, resolvi usar essas faíscas e labaredas a meu favor nas festas juninas. Não como forma de dominação sobre os convivas, mas com o simples e bem intencionado objetivo de entretê-los. Uma espécie assim de palhaço rural.

O método é simples. À medida que a noite e a temperatura começam a cair e o efeito do quentão começa a subir, o pessoal vai se achegando à fogueira e se deixando levar por aquele clima aconchegante e, sobretudo, inebriante.

Aproveitador, então o falso feiticeiro se revela.

Basta manter acesos o fogo e o ânimo do público. É um ritual de um único passo. Literalmente, é só pôr lenha na fogueira. E com muito estardalhaço. Não colocando delicadamente os novos troncos a serem queimados. Ao contrário, é fazendo de modo a que gerem o máximo de fagulhas, labaredas, brilhos, faíscas, chamuscos…

As rubras partículas que brilham tendo como pano de fundo um céu escuro como o breu fazem todo o trabalho.

A cada novo tronco jogado ao fogo, surgem, junto com as fagulhas, os apupos da tribo. Aahhh, uuhhh, viva!!! É fácil.

Daí a ser eleito o rei das fogueiras dessa cambada é só um pulo (o que pode te levar a ser chamado a dissertar sobre o assunto, como neste texto).

Mas e sobre a fogueira em si? Bom, é óbvio que o principal, além da madeira, é o oxigênio. Ou seja, nada de amontoar troncos e mais troncos uns sobre os outros.

O formato básico, aquele das tradicionais ilustrações, em forma piramidal, é sem dúvida o mais apropriado. E, no meu palpite, com o fogo começando por cima.

Mas quem sou eu para falar disso se até a revista Nature já publicou tratados sobre o tema? (www.nature.com/articles/srep11270).

Segundo o periódico científico, o formato é o mais efetivo para que o ar e o calor circulem. E tem sido usado pelos antepassados do homem desde o paleolítico (2,5 milhões a 10 mil anos atrás).

Então, mãos à obra e boa fogueira!

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