Fogueira é mais sedutora quando lenha é posta com estardalhaço
Nada de amontoar troncos; o melhor é montar uma estrutura piramidal e colocar o fogo por cima
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O rei Louie almejava muito mais do que simples labaredas festivas a animar as noites de jazz quando mandou sua trupe de macacos sequestrar Mogli para que este lhe ensinasse o segredo da “flor vermelha”.
Ladino, o orangotango sabia do poder que teria sobre todos os outros bichos da floresta se tivesse esse segredo em suas mãos. Mas, folgazão, nunca conseguiria usá-lo como forma de dominação. Seu desejo era festejar.
Assim que seus súditos acendessem a primeira fogueira, ele certamente ficaria hipnotizado pela dança das chamas e das fagulhas que dali brotariam e se esqueceria de fazer delas qualquer uso opressor. Afinal, não são essas as grandes graças do fogo e das fogueiras? Animar, aquecer, seduzir e, principalmente, hipnotizar os que as cercam?
Eu descobri isso há tempos. E, diferentemente do rei dos macacos, mau caráter que sou, resolvi usar essas faíscas e labaredas a meu favor nas festas juninas. Não como forma de dominação sobre os convivas, mas com o simples e bem intencionado objetivo de entretê-los. Uma espécie assim de palhaço rural.
O método é simples. À medida que a noite e a temperatura começam a cair e o efeito do quentão começa a subir, o pessoal vai se achegando à fogueira e se deixando levar por aquele clima aconchegante e, sobretudo, inebriante.
Aproveitador, então o falso feiticeiro se revela.
Basta manter acesos o fogo e o ânimo do público. É um ritual de um único passo. Literalmente, é só pôr lenha na fogueira. E com muito estardalhaço. Não colocando delicadamente os novos troncos a serem queimados. Ao contrário, é fazendo de modo a que gerem o máximo de fagulhas, labaredas, brilhos, faíscas, chamuscos…
As rubras partículas que brilham tendo como pano de fundo um céu escuro como o breu fazem todo o trabalho.
A cada novo tronco jogado ao fogo, surgem, junto com as fagulhas, os apupos da tribo. Aahhh, uuhhh, viva!!! É fácil.
Daí a ser eleito o rei das fogueiras dessa cambada é só um pulo (o que pode te levar a ser chamado a dissertar sobre o assunto, como neste texto).
Mas e sobre a fogueira em si? Bom, é óbvio que o principal, além da madeira, é o oxigênio. Ou seja, nada de amontoar troncos e mais troncos uns sobre os outros.
O formato básico, aquele das tradicionais ilustrações, em forma piramidal, é sem dúvida o mais apropriado. E, no meu palpite, com o fogo começando por cima.
Mas quem sou eu para falar disso se até a revista Nature já publicou tratados sobre o tema? (www.nature.com/articles/srep11270).
Segundo o periódico científico, o formato é o mais efetivo para que o ar e o calor circulem. E tem sido usado pelos antepassados do homem desde o paleolítico (2,5 milhões a 10 mil anos atrás).
Então, mãos à obra e boa fogueira!
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters