Siga a folha

Delegado preso no caso Marielle diz que investigação não encontrou elo dele com irmãos Brazão

Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, Rivaldo Barbosa disse ser inocente e citou 'imprudência' da PF

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa afirmou nesta segunda-feira (15) que "nunca" teve contato com o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) ou com o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão.

Barbosa está preso desde março. Ele é acusado de ter ajudado os irmãos Brazão no planejamento do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e na posterior obstrução das investigações do caso.

Nesta segunda, durante depoimento em sessão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que analisa processo de cassação de Chiquinho Brazão na Câmara dos Deputados, Barbosa disse que a investigação da Polícia Federal não encontrou indícios de um eventual contato entre eles.

"Desde o dia que eu nasci eu nunca falei com nenhum irmão Brazão. Nem algo pessoal, profissional, político ou religioso. Nunca falei com essas pessoas. Eu não existo para eles e eles não existem para mim. Dei meu celular, meu computador, senhas e sabe o que aconteceu? Não encontraram nenhum contato meu com esses irmãos", disse Barbosa,

Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ - Reprodução

"Não acharam nada e não vão achar porque eu não tenho contato com essas pessoas", afirmou. "Me prenderam e eu sou inocente. Sou inocente."

Em outro momento, Barbosa afirmou que "confia em todos os Poderes", mas criticou atuação da Polícia Federal.

"A minha indignação é o que diz respeito à investigação. Eu acredito na Polícia Federal, mas nessa investigação específica houve imprudência. Porque eu não fiz o que falaram, o que me apontaram."

Indicado pela defesa de Chiquinho Brazão para falar enquanto testemunha no colegiado, Barbosa disse que só aceitou o convite para "falar com o mundo" sobre a sua versão. Ele reiterou diversas vezes que "nunca influenciou em qualquer tipo de investigação, muito menos essa".

Ele afirmou que a milícia no Rio de Janeiro é "um câncer, um mal, uma coisa muito horrível".

"Lutei muito contra essa milícia. E hoje estou aqui em razão disso, de eu ter brigado com essas pessoas. A milícia hoje é um câncer que faz com que muitas pessoas sejam mortas, inclusive a vereadora Marielle e o motorista Anderson."

Barbosa também criticou várias vezes o ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle. "Ele é um assassino e um covarde pelo que está fazendo com quem investigou ele. E, outra coisa: ele está tendo um benefício que é indevido. Ele está me acusando de coisas que eu não fiz", afirmou.

Em junho, em depoimento prestado à Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o delegado negou ter auxiliado os irmãos Brazão no planejamento da morte da vereadora.

OUTROS DEPOIMENTOS

Outras pessoas indicadas pela defesa de Chiquinho Brazão falaram sobre o caso Marielle nesta segunda-feira no Conselho de Ética. O vereador do Rio Willian Coelho (DC) disse que nunca presenciou "nenhuma animosidade, nenhum problema nem alteração" em relação a Brazão na Câmara.

Questionado pela relatora do pedido de cassação, deputada Jack Rocha (PT-ES), sobre sua relação com Marielle, respondeu que "sempre foi muito boa".

"Nunca presenciei nenhuma animosidade nem desentendimento com nenhum vereador da Câmara. Marielle era uma vereadora muita respeitada e querida, defendia as suas posições com firmeza, mas sempre de forma muito educada. Nunca presenciei nenhum tipo de problema ou desentendimento com a vereadora."

Ao responder outra pergunta, o vereador afirmou que é "fato notório" que existe milícia no Rio de Janeiro, mas disse que "não acredita" que esse tipo de organização exerça influência na política. Em outro momento, afirmou que não poderia opinar sobre a vida privada de Brazão. "Fora da Câmara não sei o que ele fazia."

No inquérito que investiga o assassinato da vereadora, a PF destacou divergências entre Marielle e Brazão em uma discussão na Câmara Municipal sobre o projeto de lei complementar que previa a regularização de terrenos e construções ilegais nas zonas oeste e norte da cidade.

Ao ser questionado sobre o projeto, o vereador disse que o objetivo dele era "ajudar as pessoas que precisavam regularizar os seus imóveis com a prefeitura". Ele rebateu afirmação do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), integrante do colegiado, de que a proposta "beneficiaria milicianos".

"Com relação à milícia, a gente nunca sofreu pressão. O que tinha era o anseio das pessoas de bem que queriam regularizar os seus imóveis", disse o vereador. Ele também afirmou que "nunca presenciou" nenhum debate entre Marielle e Chiquinho sobre esse tema.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas