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Justiça barra inauguração de estátua de Lúcifer em Gravataí, no RS

Decisão acata pedido da prefeitura, que declarou temer que polêmica gere atos de violência; entidade diz que vai recorrer

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Porto Alegre

O anúncio da inauguração de um santuário religioso com uma estátua de Lúcifer de cinco metros de altura em Gravataí (RS), supostamente marcada para a noite desta terça-feira (13), se tornou motivo de disputa.

A Justiça acatou pedido da prefeitura para o impedimento do evento e interdição do templo do grupo religioso Nova Ordem de Lúcifer na Terra. A procuradoria-geral do município ingressou com a ação.

Em nota, a administração municipal diz que o pedido foi feito "pelo fato de o templo não ter alvará de funcionamento, não ter CNPJ constituído e também pela insegurança gerada diante da grande repercussão causada pelo tema".

Inauguração de estátua de Lúcifer em Gravataí está marcada para esta terça-feira (13) - novaordemdelucifernaterra no Instagram

A decisão liminar da 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública da Comarca de Gravataí estabelece multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, e interdita o local até a regularização de pendências administrativas.

"Há centenas de manifestações perigosas envolvendo essa situação, vindas de todos os lados. A prefeitura quer evitar qualquer ato de violência diante da possibilidade deste evento, que só tem provocado transtornos ao município", disse a prefeitura em nota na manhã desta terça-feira, justificando o pedido.

Segundo divulgado nas redes sociais, a estátua de cimento tem traços humanos e de animais, próxima à representação mitológica de Lúcifer em religiões cristãs. O monumento e o templo ficam em um sítio de cinco hectares na zona rural de Gravataí, cidade de 280 mil habitantes na região metropolitana de Porto Alegre.

Na última sexta-feira (9), antes de solicitar a ação da procuradoria municipal, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) comentou o caso nas redes sociais e respondeu a alegações de envolvimento municipal na obra. "Não é terreno da prefeitura, é privado", disse.

Zaffalon disse que havia uma confusão com um projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores que cedia um espaço no distrito industrial da cidade para instalação de uma estátua de Exu Bará, entidade ligada a religiões de matriz africana, feita sem verba pública.

"As pessoas dentro dos seus terrenos fazem homenagem a quem eles quiserem, está cheio de sítios e casas que têm capelas, que tem homenagem a santos", disse o prefeito, que se definiu como cristão e humanista. "Se fosse uma área pública eu teria vetado, porque sou contra isso."

Nas redes sociais do grupo religioso, a estátua é apresentada como "a maior imagem de Lúcifer do mundo".

A primeira publicação da Nova Ordem de Lúcifer na Terra foi em fevereiro, anunciando a fundação de "um culto voltado somente aos Verdadeiros Deuses (ou Demônios, como são chamados)" por integrantes de um grupo de quimbanda independente chamado Corrente 72.

Um dos líderes é Tata Hélio de Astaroth, escritor do livro "Corrente 72: Quimbanda Vermelha", apresentado pela editora como "ousado e provocador sobre magia negra e culto aos mortos".

O outro fundador é Mestre Lukas de Bará na Rua, que se intitula "o rei da amarração amorosa" em seu site, onde oferece trabalhos espirituais.

"Nós já entramos com uma defesa, vamos ver se o juiz de plantão muda essa situação. É ridículo", disse Mestre Lukas.

Ele questiona que a decisão, emitida poucas horas antes da inauguração, ocorreu no mesmo dia que um grupo de fé cristã fez uma movimentação em um parque público de Gravataí. "No espaço público pode, no privado a gente não pode. Dá para ver que o prefeito tem uma religião de preferência, que a Justiça também", disse.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Tata Hélio definiu a situação como "um episódio de intolerância religiosa".

Segundo ele, "se o prefeito realmente estivesse preocupado com a segurança, ele mandaria a guarda municipal vir aqui dar suporte, mas ele não está preocupado com isso. Ele só quer barrar a nossa cerimônia."

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