Siga a folha

Lipo LAD custa até R$ 100 mil e constrói barriga de tanquinho na mesa de cirurgia

Procedimento é altamente invasivo, tem riscos e se tornou popular com a adesão de influenciadores

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Ribeirão Preto

Os nomes da moda são muitos: lipo LAD (lipoaspiração de alta definição), lipo HD (high definition ou alta definição, em português), lipo 3D e lipo 4k. A cirurgia plástica, entretanto, é a mesma e tem um público bem específico: atletas e pessoas magras que buscam deixar seus músculos abdominais em destaque.

Febre entre influencers como a influenciadora GKay e o modelo Lucas Guimarães, a técnica de lipoaspiração de definição tem conquistado aqueles que malham, malham, mas não chegam de forma orgânica ao tão sonhado tanquinho.

Especialistas afirmam que a cirurgia oferece a mesma segurança a lipoaspiração convencional e, como todas as plásticas, tem riscos. É indicada apenas para pessoas com peso considerado normal, sem comorbidades e deve ser feita somente por profissionais especializados.

Antes e depois de paciente que realizou a lipo LAD, também conhecida como lipo HD - Acervo Dr. Wilian Pires

A lipoaspiração é segunda cirurgia plástica mais feita no mundo (15% dos registros contra 15,8% do implante de silicone) e a mais realizada no Brasil, com 1,5 milhões de intervenções do tipo feitas por ano, segundo a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

De acordo com dados de um estudo realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) publicado pela revista Surgical & Cosmetic Dermatology, a mortalidade em lipoaspirações varia de 2,6 a 19 óbitos a cada 100 mil operações. Os dados foram obtidos por meio de questionários enviados às sociedades médicas e institutos de medicina legal, mas os pesquisadores acreditam que essas informações ainda estão mal declaradas.

Para Osvaldo Saldanha Filho, cirurgião plástico chefe e membro da SBCP, apesar da dinâmica do mercado estar aquecida, a ética deve prevalecer.

"Lipo HD é tão segura quanto a lipo tradicional. Mas é importante que o paciente saiba escolher um profissional que tenha essa qualificação para exercer a técnica. A medicina não pode ser negociável. É importante que o paciente seja o beneficiário", aponta o cirurgião.

O custo do procedimento varia entre R$ 15 mil e R$ 100 mil no Brasil, de acordo com a região e o hospital, mas a maior parte custa em média de R$ 30 mil a R$ 60 mil.

No pós-operatório imediato o paciente é obrigado a utilizar um dreno por cerca de três dias e ficar em casa, mas não há restrição de movimento. O resultado começa a aparecer entre 15 e 30 dias, mas fica completamente visível somente após seis meses.

O especialista em lipo LAD Wilian Pires, 37, lembra que o procedimento não é indicado para o emagrecimento, apenas para retirar o excesso de gordura, uma vez que a aspiração é feita nas intersecções musculares, seguindo a anatomia do corpo.

A designer de interiores Mônica Lopes, 25, fez a lipo LAD em janeiro do ano passado - Acervo pessoal

Ele indica para pessoas com IMC (índice de massa corporal) até 25.

"Quanto menor o IMC, melhor o resultado a longo prazo. O ideal é que o paciente seja uma pessoa que leva uma vida saudável, já faz atividade física e já come bem. Essa vai ter um resultado melhor", diz Pires.

A designer de interiores Mônica Lopes, 25, fez a lipo LAD em janeiro do ano passado e agora está curtindo os resultados.

"Sempre fui magra, mas tinha acumulado a famosa gordurinha localizada que me incomodava muito. E o resultado foi incrível. Ficou super natural, não tem um pessoa que olhe e fale: ‘é lipo’. Acho isso um ponto muito importante", diz a paciente.

Ela conta que manteve a drenagem na rotina, porque além de melhorar a adaptação do corpo à lipo, também melhorava o aspecto da pele na região do procedimento.

Lopes já treinava e após a cirurgia intensificou a ida à academia. "Vejo muitas pessoas com o pensamento de que irão fazer a cirurgia e ficarão com a barriga perfeita para sempre, não é bem assim. A cirurgia precisa vir junto com uma mudança de hábitos, do contrário, você perderá o resultado."

Os primeiros dias do pós-operatório foram a pior parte, na opinião da designer. "É bem chatinho. Dores, inchaço, ansiedade, pois você quer ver o resultado o quanto antes. Mas toda a frustração passa em dias e quando você começa a ver o resultado, pensa: valeu a pena", diz.

O cirurgião plástico Oswaldo Saldanha lembra que a tecnologia de alta definição em lipoaspiração foi desenvolvida para os homens. "Poucas mulheres fazem a de alta definição. Na maioria, fazemos uma definição média ou uma definição pequena", afirma.

A lipo HD é uma variação avançada das técnicas tradicionais desenvolvidas desde 2000 no Brasil, e que ganharam essa nova função a partir de 2016.

"A lipoaspiração [convencional] era feita de forma uniforme e praticamente apagava a anatomia muscular do paciente, era uma coisa fake. A lipo de definição ou HD faz o contrário. Nós fazemos uma lipoaspiração seletiva, que ressalta e vai destacar a anatomia do próprio paciente", diz Saldanha.

Por essa razão, os resultados do procedimento são diferentes dependendo de quem faz.

"Digo que a lipo HD é uma evolução porque ela segue a anatomia humana. O cirurgião inventa os músculos, aqueles gominhos? Não. A gente só 'lipa' as intersecções intermusculares para definir esses músculos", concorda Wilian Pires.

Para ele, que fez cursos extras no México e na Colômbia para realizar o procedimento, o paciente só deve fazer a cirurgia HD se for algo que de fato o incomoda e não por modismo.

"Nenhum procedimento é isento de riscos. A lipo HD é bastante segura porque teve evolução da técnica, dos equipamentos, da anestesia, do conhecimento disseminado, mas não se aprende HD na residência, precisa ser um cirurgião especialista", afirma Pires.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas