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Com atuação impecável, longa sobre assédio se esquiva de julgamentos

Hermético, 'Rainha de Copas' foge do melodrama ao mesmo tempo em que não se aprofunda nos personagens

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Nayara Reynaud

Rainha de Copas

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (12)
  • Classificação: 18 anos
  • Elenco: Trine Dyrholm, Gustav Lindh e Magnus Krepper
  • Produção: Dinamarca/Suécia, 2019
  • Direção: May el-Toukhy

Uma renomada carreira como advogada na defesa de menores e uma casa no campo, onde mora com o marido, que é médico, e as filhas gêmeas. Mesmo assim, esta vida perfeita não satisfaz Anne (Trine Dyrholm) em “Rainha de Copas”, da dinamarquesa May el-Toukhy, que ganhou prêmio do público no Festival de Sundance.

Tanto que, em determinada cena, ao som de “Tainted Love”, do Soft Cell, o sentimento de fuga por parte dela fica evidente, enquanto a letra da música versa sobre o caminho arriscado que ela irá tomar.

Tudo começa com a chegada do enteado, Gustav (Gustav Lindh), vindo de Estocolmo, onde vivia com a mãe e tinha um passado de delinquência.

Em uma provável busca por juventude, Anne se aproxima do adolescente, tentando apoiá-lo, no que se revela como a sua primeira arma de sedução. Há um jogo de sensualidade interessante nesta atração fatal familiar, que camufla o abuso que se desenrola.

O filme, no entanto, evita ao máximo os julgamentos. O fato de essa advogada especializada em casos de abuso entrar nessa relação não é tratado como um sintoma de hipocrisia da sociedade, mas da complexidade humana.

Se os zooms da diretora distorcem a visão do espectador e revelam detalhes sobre as copas das árvores, El-Toukhy faz o mesmo movimento narrativo para destrinchar sua protagonista, classificando-a como impulsiva e deixando subentendido que ela poderia ter sido a outra ponta de um relacionamento que não era para acontecer.

A escolha da cineasta parece aliviar seu envolvimento e questionar o público sobre seus valores morais, discutindo a tendência de romantizar o abuso quando acontece com um jovem do sexo masculino.

O filme só a põe contra a parede no último ato, quando Anne passa a cortar cabeças, no sentido figurado, e a revelar sua face mais manipuladora.

Por mais que a obra seja ambígua na abordagem do tema, no seu hermetismo que evita o melodrama ao mesmo tempo em que não adentra o cerne dos personagens, o que é indiscutível é a atuação de Trine Dyrholm. Na pele de uma figura tão complexa, a atriz domina o filme e a todos.

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