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Almeida Garrett fez retrato sardônico de Portugal com incesto e disputas políticas

'Viagens na Minha Terra', novo livro da Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira, mistura relatos de viagem e ficção

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Porto Alegre

Mescla de relatos de viagem e ficção romântica, "Viagens na Minha Terra", de 1846, é uma das obras mais relevantes de Almeida Garrett. A terra, mencionada no título, é Portugal. A viagem, por sua vez, é de Lisboa até Santarém.

O livro integra a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira e chega às bancas neste domingo.

Retrato do escritor Almeida Garrett - Pedro Augusto Guglielmi/Biblioteca Nacional de Portugal

Nas crônicas de viagem, Garrett confessa cometer "prosaica sinceridade" ao descrever certas paisagens e suas gentes. Ainda assim, admite "não querer caluniar" os lugares por onde passa.

É o caso de Azambuja, por exemplo. Lá encontra o que, com ironia, chama de "elegante estabelecimento": uma estalagem simplória que acumula as "três distintas funções de hotel, de restaurante e de café da terra".

Porém, o português falha ao tentar manter a generosidade nos registros de sua jornada. "Que bruxa que está à porta! Que antro lá dentro! Cai-me a pena da mão", escreveu sobre o lugar. A seguir vêm comentários a respeito da "asquerosa casa" e seus habitantes, uma moça "não menos nojenta" e "um velho meio paralítico meio demente".

"O estilo é moderno, coloquial, sardônico e estrangeirado", afirma o colunista deste jornal João Pereira Coutinho, no texto da contracapa da edição. "Mas o retrato é desencanto puro, como é próprio das almas românticas que buscam o ideal e se confrontam com a realidade", acrescenta.

Na segunda parte da obra, Garrett escreve sobre a paixão de Joaninha e Carlos, um casal de primos. Ele está envolvido nas disputas políticas entre liberais e absolutistas no contexto da Revolução Liberal, nas primeiras décadas do século 19.

"Garrett, liberal desde a primeira hora, teria muito para festejar. O liberalismo, depois de rios de sangue, triunfara em Portugal", escreve Coutinho. "Mas triunfara para quê, ou para quem, se a verdadeira vitória foi a dos 'homens sem qualidades' –aqueles que, nas palavras de Oscar Wilde, sabem o preço de tudo e o valor de nada?"

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