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Indígenas bloqueiam BR-163 no Pará e impedem trânsito de caminhões com grãos

Fila de veículos que iriam ao porto de Miritituba chegou a 3 quilômetros

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Novo Progresso e São Paulo | Reuters

Aproximadamente cem kayapós que vivem em terras indígenas no sudoeste do Pará paralisaram nesta segunda-feira (17) a BR-163, importante rota para o escoamento de grãos do Centro-Oeste, causando congestionamentos quilométricos em direção ao porto de Miritituba.

Vestidos para guerra, os indígenas reivindicam a renovação do Plano Básico Ambiental (PBA), pedem mais atenção para a saúde devido à pandemia de Covid-19 e se posicionam contra a construção da ferrovia Ferrogrão sem que eles sejam ouvidos, uma vez que o projeto prevê a construção dos trilhos perto de suas terras.

O bloqueio, que teve início por volta das 7h da manhã, ocorre na altura do km 302 da BR-163, em Novo Progresso (PA), informou o chefe da 5ª delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santarém, Sidmar de Oliveira, responsável pelo gabinete de crise que foi instalado para acompanhar o caso.

Cerca de cem kayapós bloquearam BR-163 nesta segunda-feira (17) - Lucas Landau/Reuters

A rodovia liga importantes regiões produtoras de soja e milho de Mato Grosso ao porto fluvial de Miritituba, em Itaituba (PA), de onde barcaças levam grãos até os portos do Rio Amazonas para serem exportados.

Durante a manhã, a paralisação causou uma fila de pelo menos três quilômetros de veículos que seguiam de Mato Grosso ao Pará, disse Oliveira.

A PRF do município de Sorriso (MT) recomendou que os caminhoneiros que transportam grãos para Miritituba aguardem em Mato Grosso antes de seguir viagem.

"Temos uma equipe da Polícia Rodoviária Federal no local pegando os pautas dos indígenas para repassar à Brasília e ver qual será o andamento", disse Oliveira.

Segundo o chefe da PRF de Santarém, delegacia mais próxima de Novo Progresso –cerca de 700 quilômetros de ​distância– os indígenas também começaram a requerer a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, dentre os pleitos.

Índios reivindicam renovação do Plano Básico Ambiental, pedem mais atenção para a saúde devido à Covid-19 e se posicionam contra a construção da ferrovia Ferrogrão - Lucas Landau/Reuters

"Colocaram em um vídeo... começaram a condicionar (o fim dos bloqueios) à presença do governador de Estado. Passamos a solicitação para as polícias militares, tanto de Itaituba quanto Santarém, para que informem ao governo", afirmou.

A presença de Barbalho ou de um representante seria pela negociação de melhores condições de auxílio contra a disseminação do coronavírus.

Os kayapós, que vivem nas reservas indígenas adjacentes Menkragnoti e Baú, afirmam que a estrada trouxe doenças para suas aldeias e também buscam indenização.

O diretor-geral da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes, disse mais cedo que tinha a expectativa de que a desinterdição ocorresse ainda nesta segunda-feira.Ele

avaliou que um protesto com duração de cerca de 12 horas, considerando a hipótese de desinterdição às 19h, não seria suficiente para resultar em problemas significativos de oferta de grãos no porto de Miritituba ou no fluxo de produtos para exportação.

Ele afirmou que o Brasil está no período de maior exportação de milho, cuja colheita da segunda safra, a maior do país, está em fase final. A maior parte da soja disponível para exportação já foi embarcada.

A pavimentação de um trecho da BR-163, inaugurada no início do ano, tem permitido um maior fluxo de grãos pelo chamado Arco Norte, diante de uma redução dos custos do frete pelas melhores condições da rodovia.

Levantamento da Abiove mostrou que, no primeiro semestre do ano, as exportações de soja em grão pelos portos do Arco Norte aumentaram 33% em relação ao mesmo período de 2019, para 18,73 milhões de toneladas.

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