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Mundo não pode 'desligar' o atual sistema energético, diz presidente da COP28

Sultan al Jaber diz que, antes, é preciso construir novas fontes de energia

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Paris, França | AFP

O presidente da próxima conferência da ONU sobre o clima, a COP28 que será realizada em Dubai, apelou neste domingo (8) aos governos para que deixem para trás "fantasias" como o abandono precipitado das infraestruturas energéticas existentes para cumprir as metas climáticas.

"Não podemos desligar o sistema energético atual antes de construirmos o novo sistema do amanhã. Simplesmente não é prático nem possível", disse Sultan al Jaber durante a abertura da Semana do Clima no Oriente Médio e Norte da África, uma conferência organizada pela ONU em Riad, a capital saudita.

Sultan al-Jaber, executivo-chefe da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC) dos Emirados Árabes Unidos e presidente da COP28 deste ano. Segundo ele, é preciso construir novo sistema energético antes de abandonarmos as atuais fontes de energia. - François WALSCHAERTS / AFP

"Temos que separar os fatos da ficção, a realidade da fantasia, o impacto da ideologia, e temos que garantir que evitaremos as armadilhas da divisão e da distração", acrescentou.

A comunidade internacional enfrenta a espinhosa questão de como e quando eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, uma questão que se torna relevante em um momento em que as temperaturas globais se aproximam de 1,5ºC acima do nível registrado na era pré-industrial.

Na Conferência do Clima de Paris, em 2015, os países se comprometeram a não ultrapassar este limite.

Os ativistas ambientais criticaram a nomeação de Sultan al Jaber como presidente da COP28, que começa em 30 de novembro em Dubai, devido ao seu perfil, já que é diretor da empresa nacional de hidrocarbonetos dos Emirados, a ADNOC.

Mas Jaber ganhou um apoio significativo, inclusive do emissário climático dos EUA, John Kerry, porque afirma estar convencido de que "a redução progressiva dos combustíveis fósseis é inevitável".

Altos responsáveis do setor energético, nos Emirados e em outros países, especialmente na Arábia Saudita, o maior produtor mundial, defendem a continuação do investimento em energias fósseis para garantir a segurança energética, mas contemplam uma eventual transição para abandonar o seu uso.

O financiamento da luta contra o aquecimento global é outro dos grandes desafios das negociações. Os países em desenvolvimento, que têm menos responsabilidade na mudança climática, querem obter dinheiro dos países ricos que mais poluíram para se adaptarem às consequências.

Em 2009, os países ricos comprometeram-se a entregar US$ 100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento, mas ficaram aquém deste objetivo em 2020, como estava previsto.

"Velhas promessas devem ser cumpridas, incluindo os US$ 100 bilhões prometidos há mais de uma década", disse Jaber.

Encruzilhada

Na COP27 de 2022, em Sharm el Sheikh, no Egito, foi acordada a criação de um fundo de "perdas e danos" para os países mais pobres.

"Temos que tornar o fundo de perdas e danos prometido em Sharm el-Sheikh uma realidade em Dubai", sublinhou Jaber.

A conferência na Arábia Saudita procura "destacar os desafios e soluções em uma região que é uma das mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática", afirmaram os organizadores do encontro em um comunicado neste domingo.

Estes países vivem confrontados com altas temperaturas e falta de água e mais de 60% da população "tem acesso limitado ou nenhum acesso à água potável", destacaram os organizadores, que salientaram que "o aumento das temperaturas pode causar uma seca mais persistente e mais aguda".

Jaber mencionou eventos extremos como a tempestade Daniel, que causou inundações mortais na Líbia em setembro.

"A mudança climática não é uma ameaça que nos espera ao virar da esquina, a região sabe disso por experiência com ondas de calor e falta de água", disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Para Simon Stiell, secretário-executivo da ONU para a mudança climática, a região está "em uma encruzilhada, confrontada não só com os efeitos devastadores da mudança climática, mas também com os desafios da transição das suas economias para garantir a prosperidade em um mundo alinhado com 1,5°C".

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