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Inflação no atacado dispara com alta do dólar

Aceleração de preços deve chegar ao varejo até fim do ano se real não se fortalecer

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São Paulo

A subida de tom pelo Banco Central (BC) em relação a um endurecimento da política monetária diante de possíveis pressões de preços é plenamente justificada pelo comportamento do atacado. Os preços de 60 produtos e matérias-primas pagos por produtores em todo o país vêm disparando desde junho e subiram 5,6% no mês passado.

A escalada do dólar a partir do final do primeiro trimestre até aqui, período em a moeda passou da casa dos R$ 5 para R$ 5,70, é o principal motivo por trás da pressão no atacado. Até abril, antes de o dólar começar a subir, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentava forte deflação.

Segundo André Braz, especialista em inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), caso o valor do dólar não apresente recuo significativo nos próximos meses, é questão de tempo para que os preços do atacado cheguem ao varejo, dificultando a vida do BC.

Há razões externas para que o dólar esteja pressionado, como a taxa de juros de quase 4% ao ano paga por títulos de dez anos do Tesouro dos EUA, que suga capital de outros países, sobretudo dos emergentes. Mas o cenário doméstico é hoje o principal fator a pressionar a cotação da moeda norte-americana.

Além das repetidas declarações do presidente Lula (PT) pondo em dúvida a necessidade de um robusto ajuste fiscal, o governo abandonou a ideia aventada pela equipe econômica de desvincular a correção real do salário mínimo dos benefícios sociais e da Previdência; e de voltar a corrigi-los pela inflação, como era antes deste governo assumir.

Movimento de consumidores em supermercado no Rio de Janeiro.

Por conta desta vinculação, há um rombo contratado de mais de R$ 100 bilhões em quatro anos nas contas públicas. Ele se somará a déficits anuais de mais de R$ 400 bilhões no sistema de Previdência, sem que o governo sinalize qualquer chance de reforma.

No fim do ano, Lula escolherá o sucessor de seu desafeto Roberto Campos Neto para presidir o Banco Central. A economia, até por conta dos gastos fiscais, está aquecida e o desemprego, em queda. Se o dólar não cair, o mercado deverá sancionar preços maiores quando eles chegarem ao varejo.

Como não há nenhuma perspectiva de ajuste fiscal via corte de despesas no horizonte, o cenário é de alta para a inflação. Vai ser interessante ver o comportamento de Lula em relação ao novo presidente do BC. Pois, se for técnico e independente, poderá ser obrigado a ter atitude mais dura que a de Campos Neto nos últimos meses.

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