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Descrição de chapéu Sabesp

Ações da Sabesp são precificadas em R$ 67 em privatização; demanda chega a R$ 187 bilhões

Transação contou com participação de fundos locais e internacionais, incluindo os especializados em serviços públicos, segundo fontes

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São Paulo

Na noite desta quinta-feira (18), a Sabesp vai divulgar os dados fechados da oferta pública de ações que vai marcar o fim do processo de privatização da companhia, que durou cerca de 8 meses. Segundo fontes que participaram da oferta, o preço da ação foi fechado em R$ 67.

O valor representa um desconto de mais de 20% frente à cotação da ação nesta quinta, de R$ 82,02.

A operação atraiu 270 investidores institucionais, sendo 140 locais e 130 internacionais, e contou com a participação de fundos "long only" (que apenas apostam na valorização da ação) locais e internacionais, de diversas regiões, como América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia.

Estação de tratamento de água da Sabesp de Morungaba, que é operada remotamente a partir da central de Itatiba, São Paulo - Rubens Cavallari -25.ago.2024/Folhapress

A demanda pelas ações totalizou R$ 187 bilhões, superando em quase 30 vezes o volume da oferta indicado inicialmente pelo estado de São Paulo, que esperava levantar cerca de R$ 7 bilhões com a oferta, além de aproximadamente R$ 7 bilhões vindos do investidor de referência.

Sob esse ponto de vista a transação é recorde, já que atingiu a maior demanda institucional da história e a maior ordem individual, de R$ 7 bilhões. Além disso, esta foi a maior oferta de ações de saneamento do Brasil.

Com o valor de R$ 67 por ação, a oferta deve gerar R$ 14,8 bilhões. O montante, descontando as margens dos bancos que coordenaram a oferta, irá para os cofres do governo paulista, que reduzirá sua participação na Sabesp de 50,3% para 18%.

A precificação da oferta seguiu a proposta feita pela única finalista para ser acionista de referência da Sabesp. Na última terça-feira (16), a companhia de saneamento informou que a Equatorial Energia S.A. cumpre as exigências para ser a investidora estratégica na empresa e ficará com 15% da companhia. No total, a elétrica desembolsará R$ 6,9 bilhões pela fatia.

Como serão vendidas, no máximo, 220,47 milhões de ações, os interessados não irão receber todos os papéis que gostariam de comprar, sendo feito um rateio proporcional. De acordo com analistas, ele deve ficar em 3%. Ou seja, os investidores irão comprar, de fato, apenas 3% dos papéis que sinalizaram interesse.

QUANDO AS AÇÕES ESTARÃO DISPONÍVEIS PARA OS INVESTIDORES?


As ações estarão nas carteiras dos investidores nesta sexta-feira (19), quando já poderão ser vendidas. A expectativa de analistas, é que boa parte dos compradores já coloque os seus papéis a venda no próprio dia 19, o que deve pressionar o valor das ações.

A liquidação, porém, acontece apenas na segunda (22), que é quando o valor da compra das ações da privatização da Sabesp será cobrado.

Segundo a Eleven Financial, as ações da Sabesp podem chegar a R$ 99 após a privatização, um retorno de 22% em relação ao preço atual.

"Vemos com bons olhos a entrada da Equatorial na Sabesp. A companhia atua há mais de 25 anos no setor de energia, é reconhecida pelo seu controle de despesas e eficiência operacional, tudo que a Sabesp precisa nesse momento", diz a casa de análise em relatório.

Já a EQI Research vê um preço-alvo de R$ 115 para as ações da companhia. Para a casa de análise, além de da privatização otimizar os investimentos da Sabesp, ela também pode trazer melhorias à governança da companhia.

O Itaú, por sua vez, calcula o valor potencial de R$ 120,30 para o papel. O Citi, mais otimista, projeta R$ 137.

Segundo levantamento da Bloomberg, nenhum analista recomenda a venda do papel. 78,6% indicam compra e 21,4% a manutenção da ação.

Para economistas, o grande interesse na oferta da Sabesp é reflexo da falta de IPOs (aberturas de capital) e follow-ons no mercado brasileiro e do maior interesse dos investidores por empresas privadas.

"Esse é um movimento muito positivo para o mercado de capitais no Brasil, que está muito carente de ofertas de ações por conta do cenário macroeconômico, com juros altos. [A privatização da Sabesp] abre caminho para novas ofertas", afirma Gustavo Bertotti, diretor de Renda Variável da Fami Capital.

O GOVERNO VAI VENDER A SABESP?

O Governo de São Paulo, que hoje tem 50,3% da Sabesp, vai vender uma fatia das ações que possui e ficar com 18% do capital, saindo do controle da companhia.

O acionista de referência vai ficar com 15% dos papéis, enquanto investidores do mercado —incluindo pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras— terão 17%.

QUAL O MODELO DE PRIVATIZAÇÃO ESCOLHIDO?

O governo diz ter estudado vários modelos de desestatização, inclusive a venda total da empresa. A opção escolhida foi a de fazer uma oferta subsequente de ações (follow-on). É um modelo diferente do que aconteceu com a privatização da Eletrobras, em que as ações foram diluídas na Bolsa.

No entanto, o formato do follow-on escolhido por Tarcísio é inédito, cheio de complexidades que deixaram o mercado em dúvida ao longo do processo.

COMO SERÁ A COMPANHIA DEPOIS?

No começo de junho, o Governo de São Paulo divulgou as regras de governança da Sabesp após a privatização.

Ficou definido, entre outras coisas, que o governo estadual deverá se abster de indicar o candidato a diretor-presidente da companhia, podendo apenas participar da votação para escolha do CEO, por meio de seus representantes no conselho de administração.

O novo conselho de administração após a privatização será composto por nove membros, sendo três indicados pelo governo, três indicados pelo acionista de referência e três conselheiros independentes.

O presidente do conselho será indicado pelo investidor de referência.

Pelo menos dois dos indicados pelo governo terão que ter experiência de no mínimo cinco anos no setor de utilidades (gás, saneamento e energia). Além disso, dentro da diretoria executiva, o diretor de Engenharia e Inovação e o diretor de Operação e Manutenção deverão ter pelo menos dez anos de experiência no segmento.

POR QUE O GOVERNO VAI PRIVATIZAR A SABESP?

O Governo de São Paulo diz que a desestatização da Sabesp permite aumentar os investimentos da companhia em modernização, antecipar a universalização do acesso a água e esgoto de 2033 para 2029, incluir pessoas que hoje não estão na área de atendimento da companhia e, principalmente, baratear a tarifa para o consumidor.

Membros da oposição, contudo, dizem que não há nada além de ambição política por parte do governador. De olho no vácuo deixado por Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio quer se firmar como líder emergente da direita brasileira, fazendo das privatizações a marca de sua gestão. A Sabesp seria sua "joia da coroa".

RAIO-X DA SABESP

Fundação: 1973
Lucro líquido 2023: R$ 3,5 bilhões
Valor de mercado: R$ 57 bilhões
Funcionários: 11.170
Municípios atendidos: 375
População atendida: 28,4 milhões

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