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Seca e forte calor reduzem ainda mais a safra de laranja e pressionam mercado

Em quatro meses, SP e MG perderam o equivalente a uma safra da Flórida (EUA) devido às mudanças climáticas

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Ribeirão Preto

A forte estiagem e as elevadas temperaturas que atingem as regiões de produção de cítricos de São Paulo e Minas Gerais fizeram com que a estimativa da safra de laranja 2024/25 fosse reduzida em 16,6 milhões de caixas da fruta. A queda equivale à safra passada da Flórida (EUA), outrora grande concorrente do suco brasileiro no mercado internacional.

A reestimativa, divulgada pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) nesta terça-feira (10), significa que uma safra que já seria pequena —a pior em mais de três décadas— deverá ser ainda pior.

Pomar de laranja da Citrosuco na fazenda Entre Rios, em Boa Esperança do Sul - Joel Silva-17.abr.2024/Folhapress

Das 232,38 milhões de caixas de 40,8 quilos da fruta previstas em maio, agora a estimativa é que o cinturão citrícola formado pelo interior paulista e Triângulo/Sudoeste mineiro produza somente 215,78 milhões.

A forte seca e as recentes queimadas registradas no país —especialmente em São Paulo, principal polo citrícola do mundo— pressionam a inflação dos alimentos e a laranja é uma das mercadorias que podem ter alta de preços num primeiro momento, ao lado do açúcar e do café.

Além de inflacionar o mercado interno, uma safra de laranja menor também afeta seriamente o mercado global da fruta, já que o Brasil responde por cerca de 75% do comércio internacional de suco de laranja no mundo.

A queda projetada na reestimativa é de 7,1% em relação à previsão feita em maio, mas o número atual, em comparação à previsão da safra 2023/24 (309,34 milhões de caixas), representa redução de 30,25%.

Se a safra agora reestimada se confirmar —caso o greening (principal praga da citricultura) e os efeitos do clima não prejudiquem mais—, ela será ligeiramente superior às 214 milhões de caixas apontadas pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) na safra 1988/89, até aqui a menor da série histórica.

No comunicado em que anunciou a previsão de queda na safra, o Fundecitrus afirma que a redução na estimativa se deve ao menor tamanho dos frutos, devido ao clima quente e seco.

No cinturão citrícola, choveu 31% menos do que o esperado desde maio, e a evapotranspiração por causa das altas temperaturas agravou o tamanho dos frutos.

O peso médio de cada laranja passou de 169 gramas para 155. Para encher uma caixa de 40,8 quilos, são necessárias agora 264 laranjas, 23 a mais do que o previsto em maio.

A onda de calor também acelerou a colheita, já que a maturação dos frutos foi antecipada. A média histórica é de 30% da safra colhida em agosto, mas na atual safra o índice alcançou 45%.

"Embora o ideal fosse aguardar o retorno das chuvas para intensificar a colheita, uma combinação de fatores tornou sua antecipação inevitável. O calor acelerou a maturação das laranjas, e a produção desta temporada apresenta uma elevada concentração de frutos da primeira e segunda floradas, que amadurecem mais cedo. Além disso, a necessidade de minimizar as perdas causadas pelo greening também contribuiu para acelerar o ritmo da colheita", diz trecho de relatório do Fundecitrus.

TEMPERATURAS ELEVADAS

O documento aponta ainda que as temperaturas médias máximas de maio a agosto foram de 3ºC a 4ºC acima da média histórica de 1991 a 2020.

Os locais mais afetados pela estiagem foram o Triângulo Mineiro e a região de Bebedouro (SP), ambos sem chuva há quatro meses. Em outras regiões paulistas, como Votuporanga, São José do Rio Preto, Altinópolis e Matão, a chuva registrada foi insuficiente para melhorar a situação climática.

Todos os municípios do cinturão citrícola sofreram com a seca, alguns de forma mais intensa —6% com seca severa, 76% com seca moderada e 18% com seca fraca.

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, identificou na sexta-feira (6) alta de 27,6% nas cotações da lima ácida taiti, o limão taiti, e avanço de 5,6% na laranja-pera. A laranja-pera é a variedade com maior redução na reestimativa do Fundecitrus, de 10,6%.

Brasil e Estados Unidos já chegaram a produzir, juntos, cerca de 600 milhões de caixas da fruta por safra na década de 1990, mas os Estados Unidos sofreram danos severos nos pomares com o greening, além de fenômenos climáticos, como o furacão Ian, que atingiu a região produtora na Flórida.

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