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Israel recebe Blinken para discutir novo acordo em dia de ataque que faz 21 mortos

Seis crianças e mãe estão entre as vítimas de incursão; Hamas diz que é ilusão achar que trégua está próxima

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Territórios palestinos | AFP e Reuters

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a Israel neste domingo (18) com a esperança de impulsionar um novo acordo na Faixa de Gaza. No mesmo dia, Tel Aviv fez novo ataque a territórios palestinos deixando 21 mortos —incluindo seis crianças e a mãe delas.

Multidão carrega os corpos envoltos em bandeiras de dois palestinos mortos em ataque de Israel em Jenin, na Cisjordânia - 18.ago.24/AFP

De acordo com as autoridades de saúde palestinas, controladas pelo Hamas, as crianças e a mãe foram mortas em um ataque aéreo israelense a uma casa na cidade de Deir Al-Balah. No Hospital Al-Aqsa, parentes se reuniram em torno dos corpos da mãe e de seus seis filhos, que estavam envoltos em tecidos brancos. O mais novo tinha 18 meses, disse o avô, Mohammed Khattab, à agência de notícias Reuters durante o funeral. "Qual foi o crime deles? O que fizeram para merecer isso?", questionou.

O Exército de Israel não comentou o caso, mas emite notas regularmente em que afirma mitigar o dano a civis e que a população palestina não é alvo de ataques. Além disso, acusa o Hamas de operar em instalações civis, incluindo escolas e hospitais. O grupo terrorista nega as acusações.

Também neste domingo um guarda israelense morreu em ataque a um assentamento na Cisjordânia ocupada, anunciou o hospital onde ele foi socorrido. "Após um grande esforço, os médicos tiveram que declarar a morte do homem ferido no atentado", afirmou o hospital Beilinson de Petah Tikva.

Uma porta-voz dos assentamentos no norte da Cisjordânia havia declarado antes que "um trabalhador palestino bateu na cabeça de um guarda com um martelo, roubou sua arma e fugiu". O episódio aconteceu em uma colônia próxima a Jit, povoado palestino que foi alvo de incursão de colonos israelenses na quinta-feira (15). A vítima foi identificada como um morador desta mesma colônia.

Na quinta, um grupo de cerca de 50 colonos israelenses, muitos deles mascarados, invadiu e ateou fogo ao vilarejo palestino, próximo da cidade de Qalqilya. À agência de notícias Wafa, autoridades palestinas afirmaram que o ataque deixou ao menos um morto, Rashid Mahmoud Sedda, 22, e um ferido em estado grave, baleado no peito pelos colonos e internado em em um hospital em Nablus.

Nesse contexto de tensão, Blinken se reunirá na segunda-feira (19) com dirigentes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, antes que as negociações para um acordo de trégua entre Israel e Hamas sejam retomadas durante a semana, no Cairo. Depois de Israel, o chefe da diplomacia americana seguirá para o Egito.

As discussões para concluir o acordo de trégua e retorno dos reféns mantidos em Gaza estão em um "ponto de inflexão", relatou um alto funcionário do governo Biden a repórteres a caminho de Tel Aviv.

Os países mediadores, Estados Unidos, Qatar e Egito, acreditam que há progresso nas tratativas, após uma primeira rodada de dois dias em Doha. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na sexta-feira que o acordo estava "mais perto do que nunca".

Em uma reunião de gabinete neste domingo, Netanyahu afirmou que Israel está envolvido nas negociações para o retorno de reféns mantidos em Gaza, mas também vai defender princípios que são vitais para sua segurança. "Há coisas sobre as quais podemos ser flexíveis, e há coisas sobre as quais não podemos ser flexíveis, e insistimos nelas. Sabemos muito bem como diferenciar as duas", afirmou.

Uma rede local de TV mencionada pelo Times of Israel afirmou que Netanyahu disse aos negociadores de Israel que se o Hamas não abrir mão da exigência de uma retirada total da presença de suas forças do Corredor Philadelphi, não haverá acordo.

Trata-se de uma zona-tampão com 14 quilômetros de extensão e 100 metros de largura. Quando Israel e Egito assinaram um acordo de paz em 1979, Tel Aviv ficou com o controle da área. Em 2005, porém, o país retirou seus assentamentos de Gaza, e o poder foi transferido para as autoridades palestinas.

Esse arranjo havia sido mantido desde então, mesmo com a chegada do Hamas ao poder. Em maio, porém, Israel assumiu o controle do corredor, afirmando que a área capturada está cheia de túneis que são usados para abastecer a facção terrorista.

Ainda segundo o Times of Israel, o Hamas rejeitou a mais nova proposta de acordo culpando Netanyahu por colocar novos obstáculos nas negociações. A declaração diz que a proposta dos EUA está alinhada com as demandas de Israel e também culpa Netanyahu por introduzir no documento novas condições em torno da libertação de prisioneiros de segurança. "Consideramos Netanyahu totalmente responsável por frustrar os esforços dos mediadores e obstruir um acordo."

O grupo terrorista já havia declarado anteriormente que não aceitaria as novas condições. Sami Abu Zhuri, membro do gabinete político do Hamas, também afirmou que "dizer que estamos nos aproximando de um acordo de trégua é uma ilusão", em comunicado enviado à AFP. "Não estamos diante de um acordo ou negociações reais, mas sim da imposição de regras americanas", disse Zhuri.

A guerra provocou uma situação humanitária desastrosa no território palestino, com deslocamento da maioria dos seus 2,4 milhões de habitantes.

A reação militar de Israel após os ataques de 7 de outubro deixou 40.099 mortos e 92.609 feridos na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Israel perdeu 330 soldados em Gaza e afirma que pelo menos um terço dos palestinos mortos eram combatentes da facção.

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