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Xi Jinping fala em 'progresso' na relação entre EUA e China após encontro com Blinken

Chefe da diplomacia americana viajou a Pequim numa tentativa de reaproximar superpotências

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Taipé

Após evitar a confirmação do encontro durante dias, o dirigente chinês, Xi Jinping, recebeu o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, por 35 minutos no Grande Salão do Povo, na Praça da Paz Celestial, em Pequim —onde ele se reúne com líderes estrangeiros, como foi o caso do presidente Lula, em abril.

Como mostrou a rede estatal CCTV, Xi falou a Blinken que "os dois lados fizeram progressos e chegaram a acordos sobre algumas questões específicas", o que "é muito bom". "Espero que por meio desta visita, senhor secretário, você faça mais contribuições positivas para estabilizar as relações China-EUA."

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o líder chinês, Xi Jinping, no Grande Salão do Povo, em Pequim
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o líder chinês, Xi Jinping, no Grande Salão do Povo, em Pequim - Leah Millis/Pool/AFP

Blinken, por sua vez, disse a Xi que a estabilidade nas relações é do "interesse do mundo", não só de EUA e China. Depois, em entrevista coletiva, afirmou que outras autoridades americanas devem visitar Pequim a partir de agora. Por outro lado, segundo ele, não houve acordo quanto à retomada de contatos militares.

Xi vinha alertando nas últimas semanas para o que chamou de "cenários mais extremos", chegando a dizer que não tem "ilusões" com os EUA, ao cobrar preparativos militares de fronteira. Segundo o comunicado chinês sobre o encontro, Xi disse ainda que o principal diplomata do país, Wang Yi, e o ministro do exterior, Qin Gang, "descreveram suas conversas [com o secretário americano] como francas e profundas", dando a entender que foi o resultado delas que viabilizou a reunião com o líder, ao final.

"O lado chinês deixou sua posição clara, e os dois lados concordaram em dar seguimento aos entendimentos comuns que o presidente Biden e eu alcançamos em Bali", teria acrescentado Xi, citando sua reunião com o líder americano em novembro passado, na Indonésia, à margem da cúpula do G20. "As interações de Estado para Estado devem ser sempre baseadas em respeito mútuo e sinceridade."

Em aparente menção indireta a Taiwan, tópico de maior sensibilidade para Pequim, o comunicado registra que Xi disse a Blinken que "os EUA não devem ferir os direitos e os interesses legítimos da China".

Um movimento simbólico para aliviar as tensões entre as duas maiores economias do mundo, o encontro de Blinken com Xi foi resultado do esforço dos dois dias anteriores para reativar as comunicações entre as superpotências e reduzir o risco de conflito. A visita estava prevista para fevereiro, mas foi suspensa por Washington após um suposto balão de espionagem chinês ser abatido no espaço aéreo americano.

"Concordamos quanto à necessidade de estabilizar nossas relações", sublinhou Blinken, sobre as reuniões com Wang e Qin, ao abrir a entrevista coletiva. "Vim para Pequim para fortalecer as comunicações de alto nível, para deixar claras nossas posições e intenções em áreas de desacordo e para explorar áreas em que podemos trabalhar juntos, e nós fizemos tudo isso. Eu aprecio a hospitalidade de nossos anfitriões."

Wang, que se reuniu com Blinken por mais de três horas nesta segunda-feira, pouco antes de Xi, declarou, segundo comunicado: "Nós devemos assumir uma atitude responsável em relação às pessoas, à história e ao mundo e reverter a espiral descendente das relações EUA-China". No sábado, em meio à incerteza se o líder chinês receberia Blinken, o presidente Joe Biden declarou esperar que "nos próximos meses eu me encontre com Xi e fale sobre as diferenças legítimas que temos e também sobre como nos darmos bem".

Biden também comentou o encontro nesta segunda. Disse que as relações entre China e EUA estão "no caminho certo" e que Blinken fez um "baita trabalho".

Para as próximas semanas, a expectativa passa a ser uma visita a Pequim da secretária do Tesouro, Janet Yellen, que vem se mostrando mais favorável aos interesses chineses, contra a dissociação econômica de ambos os países. Da mesma maneira, espera-se a passagem da secretária de Comércio, Gina Raimondo.

Wu Xinbo, professor da Universidade Fudan e uma das referências sobre política externa chinesa, avaliou que "a mensagem da China tem sido bastante positiva" em relação à visita, segundo a agência Reuters. "A China mostrou que ainda espera trabalhar com os EUA para estabilizar e melhorar as relações. Embora a China não esteja otimista com as relações sino-americanas, também não perdeu a esperança."

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