Presidenciáveis comentam medidas do governo para conter greve dos caminhoneiros
Para Marina, Temer errou não se antecipar à crise; Alckmin diz que impacto de reoneração é pequeno
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Pré-candidatos à Presidência comentaram nesta quinta-feira (24) a greve de caminhoneiros, que pelo quarto dia bloqueia estradas e prejudica o trânsito e o abastecimento em todo o país em protesto pela alta no custo dos combustíveis.
Em sabatina promovida por Folha, UOL e SBT em São Paulo, Marina Silva (Rede) criticou governo do presidente Michel Temer (MDB) por não se antecipar à crise da alta dos combustíveis e por tomar uma decisão de reduzir o preço do diesel “sob pressão política”.
Para ela, a redução anunciada pela Petrobras na véspera, de 10% no valor do diesel, envia a mensagem de que a empresa “não está se comportando de acordo com as regras do mercado”.
“Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não se está se comportando de acordo com as regras do mercado. E aí vai uma desvalorização das ações da Petrobras na ordem de 11%”, disse Marina.
Segundo a pré-candidata, apesar da influência da alta do dólar na alta dos combustíveis no Brasil, a crise já era previsível, e a Petrobras tem uma “margem para manejar essa situação”, com o combustível que é produzido internamente.
“Ninguém altera a tarifa de luz todo dia por causa da variação do dólar”, disse.
A jornalistas, depois da sabatina, Marina disse que a crise atual deixa "mais do que claro" que é fundamental investir mais em biocombustíveis.
"Essa é a grande oportunidade de novas fontes de energia. O Brasil é um país que conseguiu produzir os biocombustíveis, isso é uma alternativa para situações como essas", disse.
A pré-candidata também defendeu a proposta de teto para aumento do ICMS feita pelos senadores José Reguffe (sem partido-DF) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como forma de conter o preço dos combustíveis.
"Uma boa parte do custo do combustível tem a ver com os tributos. Claro que controlar esses tributos pode ajudar aí na contenção do custo", disse. "Mas com certeza o governo estava bastante perdido em relação a essa situação, que é grave e está criando sério prejuízo para o nosso país."
ALCKMIN
Em São Paulo, na tarde de quinta, o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, disse que “faltou diálogo” na condução da crise de combustíveis pelo governo Temer.
O tucano defendeu espaçar a periodicidade de reajuste de preços para que, em vez de praticamente diários, eles sejam semanais ou quinzenais. A medida daria, segundo o presidenciável, previsibilidade para o setor.
Alckmin discordou do senador Cassio Cunha Lima (PB), do PSDB como ele, que defendeu a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras.
Pela manhã, o tucano havia dito não ter “detalhes das repercussões das medidas” estudadas e negociadas pelo governo Temer e pela Petrobras.
“Vi hoje uma entrevista de um líder dos caminhoneiros dizendo que ele já vinha desde o mês passado alertando, colocando a gravidade do problema. Agora é procurar equacionar para acabar essa greve o mais rápido possível para não ter os efeitos danosos de um colapso”, afirmou.
Alckmin disse que, “em momentos de grande volatilidade de preço de petróleo, uma das alternativas é ter colchão tributário, que você possa reduzir e, com isso, minimizar, diminuir um pouco o impacto dessas variações”.
Mas, ponderou, a Cide [contribuição que incide sobre o diesel] “foi muito reduzida, então hoje o impacto é pequeno”. “O governo está estudando a questão do PIS/Cofins”, afirmou.
O ex-governador paulista, então, comparou a política de preços de combustíveis de São Paulo com a do país, como tem feito para tentar vender a versão de que administrará o país como fez no estado.
“No caso de São Paulo, temos a menor alíquota de diesel do Brasil. A alíquota de ICMS do diesel varia de 12% a 25%, temos de 12%.”
JAIR BOLSONARO
O deputado federal e pré-candidato a Presidência Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira (24) em Salvador que apoia o protesto dos caminhoneiros por combustíveis mais baratos, mas criticou o bloqueio de rodovias.
"O bloqueio de estradas não é salutar. Parar os caminhões, 100% apoio meu. Mas para bloquear estradas não tem meu apoio", disse o presidenciável, citando um projeto de lei de sua autoria que prevê punições mais pesadas para protestos que impeçam o direito de ir e vir das pessoas.
Para Bolsonaro, a paralisação dos caminhoneiros foi uma reação da categoria a um cenário que inclui preços dos pedágios, multas, condições das estradas, roubos de carga e preços dos combustíveis.
PAULO RABELO
O pré-candidato à Presdência pelo PSC diz que faz uma leitura desta greve também como uma manifestação. "O país ainda está em 2013. Porque lá, a população já se perguntava: 'Por que a educação não é padrão Fifa? Por que a saúde é esse escândalo? Por que não temos um sistema tributário eficiente?'. Tudo isso ficou no ar, pois 2013 não acabou."
MEIRELLES
O ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e presidenciável Henrique Meirelles (MDB) não quis comentar a negociação do governo para acabar com a greve dos caminhoneiros, em evento nesta quinta (24) à noite, em São Paulo com grupos que pedem renovação política, entre eles o RenovaBR e o Agora!.
Sobre o alto preço do diesel, Meirelles defendeu que a saída é fazer as reformas propostas por Temer, como a da Previdência e a fiscal. “Pode cortar o imposto amanhã e acabar com a greve? Pode. Mas o déficit aumenta”, afirmou o ex-ministro.
Segundo ele, “não existe mágica” na negociação. “A carga tributária dos combustíveis no Brasil é elevada. Como que faz para resolver? Tem que diminuir o imposto. Mas qual é o problema? Pagar as despesas públicas", disse.
Mais tarde, à Folha, Meirelles elogiou o acordo recém-anunciado pelo governo. "É um acordo bastante ponderado, resolve o problema imediato e dá tempo para se ter uma discussão mais aprofundada", disse o ex-presidente do Banco Central.
Segundo o emedebista, o governo "defendeu o interesse da população". "Estou olhando de fora, mas o governo me parece preocupado com a população e a atividade econômica", afirmou.
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