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Descrição de chapéu Eleições 2022

'Sozinha na rua, prefere Lei Maria da Penha ou pistola?', pergunta Bolsonaro a mulheres

Presidente faz evento feminino após ataque a mulheres e defende armas ao lado de Michelle

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Diego Nuñez Italo Nogueira
Novo Hamburgo e Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, participou neste sábado (3) de um evento de campanha em Novo Hamburgo (RS) exclusivo para mulheres, público no qual enfrenta maior rejeição.

Ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente defendeu a flexibilização do porte de armas como uma das ações voltadas para as mulheres.

"Quando precisar trocar um pneu sozinha na rua e vier pessoas na sua direção, prefere ter na bolsa uma Lei Maria da Penha ou uma pistola? E ninguém aqui é contra Maria da Penha. Nosso governo foi o que mais prendeu machões", disse ele, que ouviu em uníssono a resposta: "pistola".

Presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa em evento do seu partido na cidade de Novo Hamburgo neste sábado (3) - REUTERS

Esse foi um dos raros momentos em que Bolsonaro, num discurso de mais de 40 minutos a um público quase 100% feminino, falou sobre temas relacionados a mulheres.

O eleitorado feminino é um dos que o presidente enfrenta maior dificuldade. O comportamento misógino do presidente voltou à pauta esta semana após uma série de ataques machistas a mulheres.

No domingo (28), em debate organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, ele ofendeu a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet (MDB), candidata à Presidência. Na quinta-feira (1º) ele disse, em tom de brincadeira, que notícia boa para mulher é "beijinho, rosa, presente, férias".

Nesta sexta-feira (2), ele voltou ao tema ao dizer que quem provoca deve estar pronto para ser provocado e que há oportunismo quando "se usa da condição biológica como escudo". A declaração no Twitter não cita nenhum caso específico, mas ocorre na esteira de críticas à sua ofensa à apresentadora de TV Gabriela Prioli.

Principal aposta da campanha do presidente para se aproximar do eleitorado feminino, Michelle atacou de forma indireta Tebet. A emedebista propôs uma ação na Justiça Eleitoral pedindo a retirada do ar de uma propaganda da primeira-dama na qual participa, segundo a senadora, com um tempo acima do permitido para um não-candidato.

"Quando uma mulher fala que tem que votar em mulher, que pode estar onde ela quiser, que tem que ter liberdade de expressão, mas que daqui a pouco entra na justiça para calar outra mulher", disse a primeira-dama.

Michelle fez um discurso centralizado na religião cristã, dizendo que a Presidência de seu marido é uma missão enviada pelo Deus cristão e citou a Nicarágua, país cuja ditadura faz um cerco à Igreja Católica.

"Temos um presidente forte e corajoso que luta para que o Brasil não perca sua liberdade. Estamos vivendo uma guerra espiritual. Hoje é o momento de falar de política para continuar podendo falar de Jesus. Nós, mulheres, precisamos nos posicionar como cristãs", afirmou Michelle.

"Estamos aqui no meio de cristãos, de pessoas que têm Deus no coração e, muitas vezes, nós não falamos de política, porque não queríamos misturar política com religião. Mas hoje é o momento, sim, de falarmos de política para que amanhã possamos falar de Jesus. Então, nós como mulheres precisamos nos posicionar, como cristãos."

Heloísa Bolsonaro, mulher do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), criticou o movimento feminista em sua fala e defendeu a submissão das mulheres.

"O movimento feminista penetrou na nossa sociedade, no nosso lar, desvalorizando a família e os valores cristãos, desvalorizando os homens. Gente, nós precisamos de homens masculinos, com testosterona.
A gente percebe isso vindo de mulheres vazias. A palavra empoderada serve ao movimento [feminista] e a ideologias", afirmou Heloísa.

"Casamento é submissão. E é por isso que escolhi com quem eu me casei. É a submissão que faz meus dias serem tranquilos. Esse entendimento do que é o casamento e o que é a submissão que me faz ter paz", disse ela. As palmas ao discurso foram mais tímidas nesse momento.

O local escolhido para o evento foi estratégico, já que o Sul é a região onde Bolsonaro apresenta seus melhores resultados.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) segura bandeira do Rio Grande do Sul durante feira agro em Esteio. - Silvio Avila / AFP

A maior parte do público feminino presente ao evento aparentava ter mais de 45 anos. Algumas exibiam orgulhosas faixa escrito "as tias do zap". Algumas jovens estavam presentes acompanhadas de adultas.

As bolsonaristas pareciam especialmente entusiasmadas com a presença da primeira-dama. Entre os gritos tradicionais da direita brasileira, como "mito", "a minha bandeira jamais será vermelha" e "eu vim de graça", se destacava também pedidos por Michelle.

Antes da chegada de Bolsonaro, foi exibido um vídeo sobre cristãos perseguidos no mundo. Denise Lorenzoni, mulher de Onyx, fez um discurso com forte teor religioso.

"Esse evento é para mostrar ao Brasil que mulheres estão ao lado de Michelle e Jair Bolsonaro nessa luta pelas nossas famílias. É muito importante que o Rio Grande do Sul, através do carinho das mulheres gaúchas, mostrar que estamos mobilizados", disse Onyx antes da chegada do presidente.

Bolsonaro tem dois palanques no Rio Grande do Sul. Onyx e o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) disputam o voto bolsonarista ao governo gaúcho.

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