Bolsonaro faz piada machista e diz que notícia boa para mulher é beijinho e presente

Presidente fez comentário em sua transmissão semanal antes de falar sobre queda na taxa de feminicídio

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (1º), em tom de brincadeira, que notícia boa para mulher é "beijinho, rosa, presente, férias".

A piada machista foi feita durante sua transmissão semanal nas redes sociais.

Bolsonaro na entrada do primeiro debate entre presidenciáveis - Adriano Vizoni-28.ago.22/Folhapress

"Isso que vocês gostam, né? Eu também gosto", disse a interlocutoras, durante a live.

O comentário foi feito antes de dizer que a taxa de feminicídio caiu, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em junho.

O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que a queda foi de 1,7% entre 2020 e 2021.

Pouco depois, em entrevista gravada pela manhã, mas veiculada à noite pela RedeTV!, Bolsonaro disse tratar mulheres "com carinho e consideração".

"É uma narrativa [sobre rejeição das mulheres], como se eu não gostasse de mulheres. Eu trato as mulheres com carinho e consideração. Por parte do governo, são mais de 60 projetos sancionados por nós, decretos, tudo visando a mulheres."

A entrevista foi realizada sem nenhum contraponto pelos entrevistadores, que fizeram perguntas amigáveis. Segundo disseram no começo do programa, outros presidenciáveis também serão convidados.

Bolsonaro coleciona declarações machistas desde que era deputado e disse que não estupraria Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merecia".

A postura do mandatário se tornou um problema à campanha de reeleição. As eleitoras são um dos segmentos que mais rejeitam Bolsonaro.

Reduzir a resistência delas tem sido um dos principais objetivos da campanha. O presidente vem buscando fazer gestos, e Michelle Bolsonaro tem intensificado participação em eventos ao lado do marido e em programa eleitoral.

No debate realizado no domingo (28) entre presidenciáveis, Bolsonaro foi criticado por atacar a jornalista Vera Magalhães e dizer que ela "dorme pensando" nele e que teria uma "paixão" por ele. Também disse que Simone Tebet (MDB) era "uma vergonha".

Os comentários, além de ser machistas, afastam o eleitorado feminino. Foi o pior momento do debate, segundo aliados.

Eles minimizaram, contudo, o efeito eleitoral do debate, que consideraram positivo. Para eles, as mulheres mais pobres, parcela do voto feminino que Bolsonaro precisa atrair, não assistiram ao debate e estão mais preocupadas com questões econômicas.

O entorno do presidente lamentou ainda que ele não tenha explorado com intensidade respostas que destacariam melhoras na economia, como redução do desemprego.

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