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Lula fala sobre atentado a Trump e diz que ataques pela direita ou esquerda devem ser condenados

Presidente diz que não pode se resolver questões políticas 'na luta, na faca' e que 'a certeza é que a democracia perde'

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Brasília

O presidente Lula (PT) disse nesta segunda-feira (15) que o ataque a tiros contra o candidato a presidente dos Estados Unidos Donald Trump "empobrece a democracia" e não importa se a direita sai ou não ganhando do episódio.

"Ao invés de a gente ficar analisado se alguém ganha ou perde com isso, o que temos que ter certeza é que a democracia perde", afirmou.

A declaração foi dada pouco antes de almoço no Palácio do Itamaraty com o presidente da Itália, Sergio Mattarella.

O presidente Lula durante agenda nesta segunda-feira (15), em Brasília - Folhapress

O presidente disse ainda que não é possível ter dúvidas para "condenar qualquer manifestação antidemocrática que aconteça em qualquer lugar do mundo, seja pela direita, seja pela esquerda". "Ninguém tem o direito de atirar numa pessoa porque não concorda com ele politicamente", disse.

E prosseguiu: "Se tudo vai se encontrar na base da bordoada, na base da violência, na base do murro, da luta, do tiro, da faca, para onde é que vai a democracia? E, como eu sou defensor da democracia, acho que temos que condenar".

Segundo ele, esse tipo de acontecimento faz "ir pelo ralo" os valores "do diálogo, de sentar em uma mesa de forma diplomática e buscar soluções para os problemas".

Auxiliares de Lula dizem que ainda é cedo para medir a repercussão eleitoral do episódio nos Estados Unidos. Mas que, até o momento, admitem efeito positivo para Trump, que passa por uma imagem mais fragilizada e gera empatia do eleitorado. Segundo um auxiliar, ele se coloca como mártir.

Mas, diferentemente da facada contra Jair Bolsonaro (PL), que ocorreu a semanas da eleição, o ataque contra Trump aconteceu quatro meses antes de os americanos votarem -- o que dá margem para surgir um fato novo que possa embaralhar o cenário numa disputa já muito acirrada.

A avaliação no geral, contudo, é de que a direita brasileira não consegue colher os louros políticos do episódio. Segundo um integrante do primeiro escalão, trata-se de uma extrapolação ou "forçação de barra" de bolsonaristas quando buscam comparar a facada com o ataque a Trump, cujos detalhes ainda são pouco conhecidos.

Ademais, ele acha que não há ressonância na sociedade a tentativa deles de impor à esquerda os ataques. O que poderia repercutir negativamente para o governo e fortalecer Bolsonaro seria apenas uma eventual vitória de Trump. E que isto não está certo.

O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), reforçou a fala de Lula sobre perda para a democracia.

"Ninguém ganha com um atentado como esse. Quem perde é a democracia. Que seja mais um momento de reflexão para que a gente combata de forma permanente qualquer atitude de violência na política, como também combatemos cada vez mais qualquer política de distribuição de armas para a população", disse a jornalistas após reunião no Ministério da Fazenda à tarde.

Questionado sobre a aparente contradição com a retirada das armas de fogo do imposto seletivo na regulamentação da reforma tributária, Padilha disse que o líder do governo Lula no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), trabalhará pela introdução do setor no chamado "imposto do pecado" durante a tramitação no Senado.

Trump, 78, foi ferido após tiros serem disparados contra ele durante um comício em Butler, no estado da Pensilvânia. Ele foi atingido por uma bala que perfurou a parte superior da sua orelha direita.

O incidente está sendo investigado como uma tentativa de homicídio. De acordo com agentes do FBI, polícia federal americana, o suspeito de ter atirado contra o ex-presidente americano agiu sozinho.

Os investigadores também informaram que não há qualquer indicativo de que o agressor em questão, Thomas Matthew Crooks, 20, tenha distúrbios mentais, e confirmaram que ele usou um fuzil AR-15 semiautomático comprado legalmente no atentado.

Um participante do comício foi morto e outros dois estão feridos em estado grave, segundo o Serviço Secreto dos EUA. O atirador suspeito foi morto pelo órgão.

Aliados de Lula temem que o atentado reforce o discurso de que há perseguição contra a direita no mundo e fortaleça o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atacado com uma facada na campanha presidencial de 2018.

Governistas também avaliam que o caso tende a aumentar a pressão contra o democrata Joe Biden e aproximar o candidato republicano da vitória nas eleições dos Estados Unidos.

No sábado, após o ataque, o presidente brasileiro disse: "O atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política. O que vimos hoje é inaceitável".

O Itamaraty divulgou nota na qual condenou o episódio e desejou pronta recuperação ao ex-mandatário americano.

No lado da oposição, bolsonaristas exploraram o ataque nos Estados Unidos comparando-o com a facada na campanha eleitoral de 2018.

Bolsonaro trocava elogios com Trump em seu período na Presidência e, na eleição de 2022, divulgou vídeo de apoio do americano, que é uma espécie de ídolo político dele.

"Esperamos sua pronta recuperação. Nos veremos na posse", escreveu o ex-presidente brasileiro, logo depois do ataque, no sábado.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) disse na ocasião: "A esquerda é assim no mundo inteiro! Sempre tentando resolver as coisas na bala ou na faca! Covardes! Acabaram de eleger o próximo presidente dos EUA! Alguma semelhança?"

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