Nem os skates voadores de McFly em "De Volta para o Futuro" nem os robôs domésticos dos "Jetsons" —o futuro chegou sem trazer essas novidades coloridas e barulhentas.
Se o teatro é a arte do ao vivo, refletindo quase de imediato o noticiário, as produções de 2017 parecem ter espelhado bem o clima que pautou o ano: as acaloradas discussões políticas e sociais.
QUEM BRILHOU EM 2017
PABLLO VITTAR
JOESLEY BATISTA
Copacabana, domingo, 10 de dezembro, 21h10. Um estampido ecoa pelas janelas dos apartamentos de classe média. Mais três tiros são ouvidos em seguida. Segundos depois, uma rajada de fuzil rompe o curto silêncio.
Após dois anos de assustador avanço do populismo nos EUA e na Europa, 2018 será o ano de o Brasil e seus vizinhos de América Latina serem postos à prova, com quatro eleições importantes na região e uma aguardada transição de poder em Cuba, com a promessa de Raúl Castro deixar a presidência do país no fim de fevereiro, ainda que sem maiores acenos à democracia.
Atrás da portinha, há um restaurante e tanto. Sem cristais, garçons elegantes ou toalhas de linho. No fogão, porém, está um cozinheiro experiente —e que também compra os ingredientes e até serve os clientes.
A única questão que ninguém poderá responder sobre 2017 é o que usamos. A graça deste ano –e provavelmente a do próximo– é que as previsões estavam certas e, de alguma maneira, erradas. O mundo não ficou espalhafatoso, tampouco minimalista demais. O verde-floresta não foi a grande cor, como previsto, mas também não se escondeu.
Velha conhecida dos EUA e de outros países, a "guerra de valores" ou "guerra cultural", como se queira chamar, marcou o mundo da arte no Brasil em 2017.