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ASNEIRAS E EQUÍVOCOS

Ai que medo

Cristina Veiga
Especial para o GD

Não adianta falar que não é censura. Os fatos estão aí para mostrar o contrário. Exigir ver antes da divulgação os números das pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é, sem dúvida alguma, uma censura. Era exatamente assim que os governos militares agiam. Primeiro queriam saber antecipadamente da informação. Depois, mandavam colocar alguma bobagem para substituir os fatos. Levou um tempo até os jornalistas passarem a usar o truque de colocar poemas no lugar em que antes entraria a notícia.

E assim foi: ano após ano, dia após dia. E estaria sendo assim agora? É o que parece. Primeiro foi a tentativa de calar a imprensa ao propor a criação do tal Conselho Federal de Jornalismo. A gritaria foi tão grande que o governo petista voltou atrás. Não antes de esculachar a imprensa chamando os jornalistas de covardes. E agora, vão dizer o quê dos técnicos do IBGE que vão fazer manifestação contra a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Que também é covardia? Ou será que o covarde da história é o governo que não quer mostrar os números do que tem feito com o país?

O mais intrigante é que o presidente sofreu na própria pele com a ditadura militar. Ele era metalúrgico do ABC paulista quando foi preso pelos militares de então. Aliás, o Lula de então liderou a grande greve contra os números manipulados pelo governo para não dar aumento real de salário para os trabalhadores. Tanto o presidente quanto a maioria de seus auxiliares sofreram nas mãos dos que governaram este país durante a ditadura. Todos eles deveriam enxergar agora que estão repetindo o que tanto condenaram. Ou será que, por ter nascido no berço da esquerda, o PT se acha no direito de agir de forma como melhor lhe convém?

Leia também:

Governo restringe acesso à pesquisa do IBGE

O governo editou ontem (28/01/05) portaria restringindo a divulgação de informações pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), subordinado ao Ministério do Planejamento. A medida ocorre um mês após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contestar pesquisa do órgão segundo a qual há mais adultos obesos do que desnutridos no país, gerando polêmica pública.

De acordo com a portaria, publicada no "Diário Oficial" da União de ontem, o IBGE terá que encaminhar o resultado de "pesquisas estruturais" ao ministro do Planejamento 48 horas antes da divulgação para a imprensa. Técnicos do IBGE só poderão prestar esclarecimentos sobre os resultados após liberação para imprensa e divulgação pela internet.

O primeiro artigo da portaria diz que o ministro do Planejamento resolve "disciplinar os procedimentos a serem observados na divulgação dos resultados de indicadores estruturais", como o Censo e a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

O texto da portaria ressalta que os servidores que tiverem conhecimento prévio dos resultados "deverão manter rigoroso sigilo", podendo sofrer punições previstas no regimento jurídico dos servidores públicos. A portaria é assinada pelo ministro interino do Planejamento, Nelson Machado.

O PFL considerou a regulamentação um caso de censura e pretende contestá-la na Justiça. "A portaria significa mais um degrau na escalada do autoritarismo e do dirigismo estatal do governo Lula", disse o secretário-executivo do partido, Saulo Queiroz.

O argumento do PFL é que as informações produzidas pelo instituto são custeadas pelo contribuinte, portanto todos teriam direito ao conhecimento dos dados.

A assessoria do IBGE disse, porém, que o instituto está de acordo com a norma, que isso já acontecia informalmente e que já existe portaria semelhante para indicadores conjunturais, como dados sobre emprego e inflação.

Entre os indicadores estruturais também está a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), divulgada no fim de 2004, que mostrou que há mais adultos com excesso que com déficit de peso no país.

O assessor do IBGE, Luiz Mário Gazzaneo, negou que a motivação tenha sido a POF. A assessoria do Planejamento também negou que a intenção seja filtrar as divulgações. "O objetivo é que todos recebam a informação ao mesmo tempo e da mesma maneira", disse o assessor Jorge Viana.


As informações são da Folha de S. Paulo.

 
 
 

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