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ensino
05/07/2004
Professores gaúchos transformam notícias em debates

Com 18 anos de magistério, a professora Luísa Menz faz um esforço diário para levar os assuntos dos livros para a vida real.

"As possibilidades de relacionar disciplinas com o cotidiano são inúmeras. Tudo o que aparece na mídia pode gerar discussão", diz Luísa. "O mais importante é a família estimular a conversa sobre todos os temas do dia-a-dia. Pais sem diálogo mandam para a escola alunos com dificuldades para desenvolver as suas idéias", acrescenta.

Na opinião do professor de geografia Christiano Van Gorkon, o estudante só se interessa por aquilo que entende:

"Cabe ao aluno discernir, de forma crítica, as informações que estão sendo passadas. E nesse ponto é importante o debate com os pais."

Até um assassinato, como o da jornalista Beatriz Helena de Oliveira Rodrigues, de Novo Hamburgo, pode produzir uma boa conversa. Trabalhando direitos humanos na aula de sociologia com o 1º ano do Ensino Médio, Luísa usou o exemplo do acusado para explicar que todos têm direito a julgamento e defesa:

"Ao falar sobre a Era Vargas e as características de um ditador, uma aluna disse: "Então minha mãe é uma ditadora". Não perdi a chance de aprofundar o conceito. O interesse dos alunos aumenta muito quando relaciono o assunto discutido com fatos dos dias de hoje."

Augusto Rückert, 16 anos, vê nessa prática um trunfo para o aluno:

" Você compreende e se interessa mais. Interpretamos o que está acontecendo e até que ponto é conseqüência do passado."

A grande conquista é a formação de uma opinião própria. Detalhes, nomes e datas, os livros e a Internet oferecem.

"Tenho ex-alunas que dizem lembrar de mim contando a história do século do ouro. Não lembram de datas, não precisa. Ficou o fato, o interesse. Longe da decoreba, posso brincar com a história e estudá-la, fica mais agradável."

A Guerra do Iraque é um dos assuntos melhor aproveitados. Com as séries mais avançadas, o tema aparece sempre que se fala dos Estados Unidos. Já com os alunos menores, a professora Luísa acredita ser essencial o respeito aos interesses:

"Se perguntam sobre a guerra, não podemos fugir do assunto. Todos os professores de história sabem que os alunos adoram estudar as guerras, é preciso saber aproveitar esse interesse. Não acho necessário a professora da 1ª série estudar guerras, mas, se um aluno perguntar, ela responde e segue a aula."

Christiano enxerga em 70% das notícias diárias em jornais uma abordagem a partir da geografia:

"Trabalhar em tempo real é primordial. O aluno teve um pré-contato, mas ficou com dúvidas. Em aula, as dúvidas são debatidas para que se construa o conhecimento em cima do fato. Quando se entende o que está acontecendo, se quer buscar mais. Quanto mais próximo do aluno o conteúdo estiver, mais interesse ele vai ter."

 


MARIANA BERTOLUCCI
da jornal Zero Hora, de Porto Alegre - RS

 
 
 

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