Salário
de trabalhadores atrasa, além de estar abaixo da inflação
Pelo menos 47% das categorias profissionais representadas
por 49 sindicatos filiados à CUT não conseguiram sequer
repor as perdas da inflação nas negociações
salariais do primeiro semestre deste ano, segundo pesquisa que envolve
30 categorias profissionais -ou 1 milhão de trabalhadores
paulistas- divulgada nesta última quinta-feira, 17/07, pela
Secretaria de Política Sindical da central.
De acordo com sindicatos de trabalhadores do setor
privado em São Paulo e no Rio de Janeiro, no mês de
junho aumentou o número de empresas que atrasaram o pagamento
de seus funcionários em diversos setores da indústria
no Rio e em São Paulo. Em maio, empresas e lojas que não
conseguiram efetuar o pagamento atrasaram em média cinco
dias. No mês passado, o atraso variou de 10 a 14 dias.
Além dos metalúrgicos de São
Paulo, que registraram atraso no pagamento de 300 fábricas,
comerciários, operários da construção,
têxteis e empregados do setor de saúde reclamam da
falta de pagamento. Pela lei, as empresas devem pagar o salário
até o quinto dia útil do mês. Mas a desaceleração
na produção e a queda na renda, informam patrões
e empregados, têm levado ao atraso.
Leia mais:
- Maioria
dos trabalhadores tem reajuste abaixo da inflação
Leia também:
- Mais
empresas atrasam pagamento de salários
- Renda
na indústria despenca 6,5% em um ano, diz IBGE
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Interesse
de empresas por presos cresce 125%
A mão-de-obra
carcerária tem despertado o interesse das empresas paulistas.
Tanto que o número de empreendimentos do Estado que passou
a utilizar o trabalho de presos aumentou 125% entre julho de 2002
e o mesmo período deste ano. De acordo com dados da Fundação
Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap) - órgão
vinculado à Secretaria da Administração Penitenciária
do Estado de São Paulo - 45 empresas públicas e privadas
empregam hoje 792 presos e há três contratos em negociação.
No ano passado, eram 20 empresas, totalizando 500 empregos.
A diretora executiva
da Funap, Berenice Maria Giannella, afirma que há três
motivos que levam as empresas a contratarem presos. Uma das razões
seria de ordem econômica, pois a mão-de-obra carcerária
é bem mais barata que a de um empregado comum por estar livre
dos encargos trabalhistas. Além disso, a remuneração
varia de 3/4 a um salário mínimo para os presos que
trabalham de seis a oito horas por dia, conforme disposto na Lei
de Execução Penal. Segundo Berenice, muitas empresas
que pretendem colocar um novo produto no mercado também optam
por presidiários, por não saberem se o lançamento
terá uma boa aceitação do público.
De acordo com
a diretora executiva da Funap, outro motivo é o crescimento
da filosofia de responsabilidade social entre as empresas interessadas
em programas de reinserção social dos carcerários.
Já o perfil dos contratantes é variável. Berenice
explica que há desde empresas de "fundo de quintal"
até grandes multinacionais como a 3M do Brasil, que há
um ano mantém uma oficina com seis máquinas dentro
de um centro de recuperação do município de
Sumaré, no qual trabalham cinco presos. "Essa é
uma forma que temos de colaborar com a reinserção
desses presos", afirma José Donizete da Silva, encarregada
da área de produção de fitas da empresa.
Segundo Berenice,
só podem trabalhar presos que não tenham problemas
disciplinares. As tarefas podem ser desenvolvidas no presídio,
através de oficinas montadas pelo empreendimento interessado,
ou dentro da própria empresas, desde que o presidiário
esteja cumprindo pena em regime semi-aberto. A Funap é a
entidade que faz a intermediação com as empresas interessadas
e avalia a aptidão dos presos. Mas apesar do crescimento
das contratações, Berenice afirma que a dificuldade
de ex-presidiários para entrar mercado formal de trabalho
é imensa. "Por isso os incentivamos a investir no seu
próprio negócio", diz.
Atualmente,
há 92 mil presos condenados no Estado de São Paulo.
Berenice afirma que 47% deles trabalham ou para empresas (a minoria)
ou para as oficinas de móveis e confecção do
Estado, cujas vendas são revertidas na educação
dos presos, além de atividades como faxina e cozinha efetuadas
dentro do próprio presídio.
A colaboradora
do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), Carmem
Silva de Moraes Barros, afirma que, apesar da mão-de-obra
do preso ser barata, o preconceito e o medo existente em relação
aos presidiários dificulta a ampliação das
contratações. "Sempre existe o risco de rebelião
e da quebra das oficinas", diz. Além disso, Carmem afirma
que há dificuldade em se falar de trabalho para presos num
momento em que existe tanto desemprego no país.
A Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) iniciou
este mês a divulgação entre seus associados
das indústrias que contratam presos. "Nós queremos
divulgar esse trabalho para quem não o conhece", afirma
o vice-presidente da entidade, Carlos Roberto Liboni. Segundo ele,
a contratação de presos é uma parceria de "ganha-ganha"
entre Estado e indústria, pois significa economia para ambos.
Pela legislação, para cada três dias trabalhados
pelo preso, um dia é reduzido na pena a ser cumprida. Para
Liboni, essa é a oportunidade de recuperação
mais consistente do carcerário. O especialista em direito
penal, Luiz Flávio Gomes, diz que com o trabalho o preso
recupera auto-estima e os laços familiares.
(Valor Econômico
– 17/07/03)
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