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Dia 29.04.02

 

 

Desemprego faz jovens disputarem trabalho à tapa

A falta de crescimento econômico, aliada à tendência de enxugamento de postos de trabalho e à redução da oferta de cargos públicos catapultaram jovens para fora do mercado de trabalho. Dados da Pesquisa Mensal de Emprego, em âmbito nacional, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovam a teoria: o número de jovens empregados entre 15 e 24 anos caiu quase pela metade de 1991 para 2001. Na faixa etária que compreende jovens de 18 a 24 anos, o desemprego também cresceu de 9,18%, em 1991, para 12,46%, em 2001.

E os dados têm um efeito devastador sobre os jovens quando saem da frieza do papel. Pesquisa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) mostrou que o maior temor dos estudantes de São Paulo é terminar seus cursos e não conseguir emprego. A pesquisa entrevistou 500 jovens de 16 a 25 anos. Desse total, 42% disseram temer não conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Um índice bem mais alto do que o de outras preocupações, como obter independência financeira (15%) ou melhorar a qualidade de vida (14%).

Segundo as estimativas mais otimistas, para melhorar essa situação o Brasil precisaria retomar um crescimento econômico de 6% ao ano. Só assim, as vagas seriam abertas de maneira mais generalizada e os adultos mais experientes deixareriam de disputar com os jovens os empregos que eram tradicionalmente de iniciantes. Um dos efeitos mais nocivos de ter de encarar de frente o desemprego é a combinação de desânimo com violência. Os jovens fazem a sua parte ao estudar, mas a falta de perspectiva os leva à depressão, à inatividade e ao desespero da droga e do crime.

Leia mais:
- Número de adolescentes de 15 a 17 anos com emprego caiu pela metade na última década

Leia também:
- "Tentei emprego de office-boy três vezes, mas desisti, fiquei desanimado"
- "Tive sorte de conseguir emprego quando fiz a ficha porque precisava"
- Vagas exigem pouco e não oferecem quase nada
- Existem saídas para combater o desemprego

 

 
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Número de adolescentes de 15 a 17 anos com emprego caiu pela metade na última década

Quem já passou horas debruçado sobre a seção de classificados de empregos dos jornais ou bateu perna pela rua procurando uma vaga para iniciar sua carreira sabe que conseguir um lugar no mercado de trabalho é um dos maiores desafios para os jovens hoje.

Se você já sentiu na pele essa dificuldade e pensa que não conseguiu um emprego por sua culpa, por não ter experiência ou capacidade, saiba que não é bem assim.

Na opinião de Marcio Pochmann, 40, economista da Unicamp especializado no problema do emprego, que assumiu a Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, o jovem não deve pensar que é culpado por não conseguir trabalhar.

"O jovem tem de saber que a situação que ele vive não é originária de um problema de ordem individual. No Brasil, tem crescido uma espécie de literatura de auto-ajuda, que indica que roupa ele deve vestir em entrevistas, o que deve dizer etc. Mas não existe uma saída individual porque não há empregos para todos. Precisamos de políticas públicas, que não temos hoje", diz.

Segundo Pochmann, para melhorar essa situação, o Brasil precisaria retomar o crescimento econômico. "Se o Brasil crescer 6% ao ano, as vagas serão abertas de maneira mais generalizada, e os adultos mais experientes deixarão de disputar com os jovens os empregos que eram tradicionalmente de iniciantes", afirma.

Mas não é somente a falta de crescimento econômico que pressiona os empregos. A tendência de enxugamento de postos de trabalho -acentuada pela onda de fusões e aquisições das grandes corporações- e a redução da oferta de cargos públicos -tanto pelos ajustes a que os governos foram submetidos após a Lei da Responsabilidade Fiscal como pela privatização da maioria das estatais- têm impacto direto sobre o emprego.

Dados da Pesquisa Mensal de Emprego, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em seis regiões metropolitanas do Brasil, mostram que o número de jovens empregados entre 15 e 24 anos caiu quase pela metade de 1991 para 2001. Os jovens com ocupação eram 671,1 mil em 1991 e passaram a 339,6 mil em 2001.

Segundo a mesma pesquisa, a taxa de desemprego na faixa etária de 15 a 17 anos subiu de 11,73% em 1991 para 13,41% em 2001. Na faixa etária que compreende jovens de 18 a 24 anos, o desemprego também cresceu de 9,18% em 1991 para 12,46% em 2001.

Esses dados têm um efeito devastador sobre os jovens quando saem da frieza do papel. Uma pesquisa do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) mostrou que o maior temor dos estudantes de São Paulo é terminar os estudos e não conseguir emprego. A pesquisa entrevistou 500 jovens de 16 a 25 anos. Desse total, 42% disseram temer não conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Um índice bem mais alto do que o de outras preocupações, como obter independência financeira (15%) ou melhorar a qualidade de vida (14%).

Um dos efeitos mais nocivos de ter de encarar de frente o desemprego é a combinação de desânimo com violência. "Os jovens fazem a sua parte ao estudar, mas a falta de perspectiva os leva à depressão, à inatividade e ao desespero da droga e do crime", diz Pochmann.

(Folha de S. Paulo - 29/04/02)

 

 
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"Tentei emprego de office-boy três vezes, mas desisti, fiquei desanimado"

André Rodrigues Apolinário dos Reis, 17, é um dos milhares de jovens paulistanos que, por não conseguirem um emprego formal, com carteira assinada, foram trabalhar na economia informal. Ele é plaqueiro ("homem-sanduíche") de uma empresa que compra e vende telefones celulares no centro de São Paulo. Passa o dia distribuindo panfletos.

Trabalha das 9h às 18h, com direito a uma hora de almoço, e ganha R$ 15 por dia. À noite, cursa a 1ª série do ensino médio.

André tem uma relação contraditória com o trabalho na rua. "Às vezes eu gosto, mas às vezes me encho de ver tanta falsidade. Existe gente que gosta de nos humilhar só porque estamos fazendo nosso trabalho", conta o garoto, que também diz que tem medo de ser atingido por uma bala perdida. "Aqui é bem violento."

André começou a trabalhar aos 14 anos porque o pai não lhe dava dinheiro. Ele nunca teve um emprego formal. "Já fui vendedor e camelô. Tenho carteira de trabalho. Tentei umas três vezes emprego de office-boy, mas desisti. Fiquei desanimado."

(Folha de S. Paulo - 29/04/02)

 

 
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"Tive sorte de conseguir emprego quando fiz a ficha porque precisava"

Felipe Coelho Pires, 18, considera que teve sorte de conseguir um emprego com carteira assinada no McDonald's há dois anos. "Cheguei a procurar outros empregos em farmácias e não consegui. Meu irmão tinha trabalhado no McDonald's, e eu sabia que podia ter uma chance. Fiz a ficha com o gerente e tive sorte de ser chamado no mesmo dia porque eu precisava muito do emprego", lembra.

Dois anos depois, Felipe, que já foi atendente, trabalha como instrutor treinando os mais novos no restaurante. Nesse tempo, tornou-se técnico de qualidade e serviço. Ele ganha R$ 400 por mês -R$ 2,38 a hora trabalhada. "O McDonald's é uma empresa em que dá para fazer carreira, mas, para subir, você precisa preparar quem está abaixo de você, ajudar os outros a subir também", conta. Essa visão é oposta à dos atendentes do McDonald's do Primeiro Mundo, onde o McJob (McEmprego, em inglês) é sinônimo de alta rotatividade.

Felipe terminou o ensino médio e está se preparando para prestar vestibular para administração

(Folha de S. Paulo - 29/04/02)

 

 
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Vagas exigem pouco e não oferecem quase nada

Quanto mais preparado o jovem está, mais facilmente ele consegue o seu primeiro emprego. Esse é quase um dogma para quem lida com inserção no mercado de trabalho, mas, na realidade, é uma proposta que divide especialistas.

Para o presidente executivo do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), Luiz Gonzaga Bertelli, a educação é um fator-chave para garantir o ingresso no mercado. "Cada vez mais as empresas exigem dos jovens escolaridade e flexibilidade e, para isso, eles têm de estar na escola", diz Bertelli. Ele também afirma que, ao lado da educação formal, é preciso construir um conhecimento maior, aprender línguas e computação e estar disposto a estudar continuamente pelo resto da vida.

Outro ponto que Bertelli destaca é que a própria educação tem de mudar se quiser acompanhar as novas tendências do mercado. "A universidade está muito distante da realidade, ela precisa se atualizar para tornar o jovem mais apto às exigências do trabalho de hoje."

O secretário do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo, Fernando Leça, relativiza a questão da capacitação pela educação. "A qualificação profissional não garante a entrada no mercado de trabalho, mas é um reforço importante."

Para dar esse reforço, o governo do Estado tem dois programas específicos, um voltado para a colocação profissional e outro de educação para a cidadania.

Marcio Pochmann, secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, nota que o grau de escolaridade do jovem de hoje é bem maior do que o de dez anos atrás. Para ele, em vez de fazer com que ele chegue mais cedo ao mercado, seria melhor retardar a sua entrada.

Pochmann também diz que hoje a pressão sobre aqueles que têm mais escolaridade é maior do que sobre os que estudaram menos. "O perfil das ocupações abertas no Brasil tem mais a ver com gente de menor escolaridade. Nos anos 90, de cada 100 vagas abertas no Brasil, 23 - a maior quantidade de empregos abertos- são para emprego doméstico. Em segundo lugar, vêm as vagas de vendedor ambulante e, depois, as de segurança pública ou privada. São vagas que não precisam de alta qualificação", diz.

Por outro lado, é preciso alertar que o destino dos jovens que não investem nos estudos é, na maior parte das vezes, a economia informal, com empregos sem estabilidade, sem carteira assinada e sem direitos como 13º e férias remuneradas. Pressionados pela necessidade de colocar dinheiro em casa, eles largam a escola e passam a fazer bicos nas ruas. Basta uma volta pelo centro de São Paulo para notar que a maioria dos vendedores ambulantes e dos distribuidores de propagandas são jovens de baixa escolaridade, sem perspectiva de ascensão.

(Folha de S. Paulo - 29/04/02)

 

 
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Existem saídas para combater o desemprego

Se você precisa de um emprego e está com dificuldades de encontrá-lo, não precisa se desesperar. Alguns programas oficiais e de organizações não-governamentais podem ajudá-lo a conseguir uma inserção no mercado ou a garantir algum dinheiro enquanto o emprego não vem.

Se você está cursando o ensino médio ou algum curso superior, uma boa saída para vencer a batalha do primeiro emprego é o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), que atua em 27 Estados brasileiros. Hoje, o CIEE tem parceiras com 14 mil escolas e cerca de 110 mil empresas conveniadas. Você pode entrar em contato com o CIEE por meio do site www.ciee.org.br ou fazer uma ficha em uma das unidades, levando CIC e RG.

Para quem, por algum motivo, parou de estudar, é recomendável apostar mais uma vez na educação. Nesse caso, vale a pena informar-se sobre os programas do Comunidade Solidária pelo site www.comunidadesolidaria.org.br ou entrar em contato com o Telecurso 2000 pelo site www.telecurso2000.org.br. Os dois são parceiros do Ministério do Trabalho e Emprego.

Outra iniciativa do ministério para quem completou 18 anos é o Serviço Civil Voluntário. Neste ano, o programa quer atingir 50 mil jovens em todo o Brasil. O único inconveniente é que, para participar, a sua comunidade tem de estar entre aquelas que seu Estado identificou como prioritárias.

O Serviço Civil Voluntário dura seis meses e é focado no aumento da qualificação profissional através da prestação de serviços à comunidade. Durante o tempo do programa, você recebe uma bolsa de R$ 60. No Estado de São Paulo, onde o serviço civil funciona em cem cidades, o programa dá uma bolsa mensal de R$ 65, vale-transporte, lanche e seguro de vida durante as atividades.

Outra proposta para ficar atento é o mercado para o trabalho aprendiz. Em dezembro do ano passado, foi aprovada uma lei que obriga todas as médias e grandes empresas brasileiras a contratar aprendizes para preencher entre 5% e 15% das vagas que exigem formação profissional. A expectativa é de que até 2 milhões de jovens possam ser contratados neste ano.

Se você mora na região metropolitana de São Paulo, o governo do Estado criou o programa Meu Primeiro Trabalho, que visa a inserir estudantes da rede estadual de ensino que tenham entre 16 e 21 anos no mercado.

Para participar é preciso não ter vínculo empregatício, e é dada prioridade a quem vem de famílias em situação social frágil. Os escolhidos receberão R$ 130 por mês, sendo metade desse valor paga pela empresa e a outra metade pelo Tesouro estadual.

Para quem mora na cidade de São Paulo, a prefeitura criou o Bolsa-Trabalho, que atende desempregados de 16 a 20 anos. Eles participam de atividades comunitárias e recebem bolsa de R$ 90 mais R$ 56 de auxílio transporte. Em 2001, o programa atendeu 13 bairros e neste ano serão incluídos mais 36.

(Folha de S. Paulo - 29/04/02)

 

 
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