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adaptação
02/01/2006
"Cursos devem ter mercado como uma referência"

A atual organização dos conteúdos no ensino superior não irá durar mais uma década, avalia o filósofo Mario Sergio Cortella, professor da pós-graduação em currículo da PUC-SP. Para ele, a universidade não pode apenas transmitir informações -precisa dar ao estudante uma "autonomia intelectual". Leia abaixo os principais trechos da entrevista com Cortella, 51. (FT)

Folha - O currículo do ensino superior precisa mudar?
Mario Sergio Cortella - A reforma que gerou a organização curricular atual é de 1968. Foram criados a estrutura de currículo, os departamentos e as disciplinas com uma configuração que, com uma mudança ou outra, não sofreram alteração. A organização curricular hoje está defasada? Sem dúvida. Ela não responde a alguns requisitos como a interdisciplinariedade, que é a relação de conexão dentro dos conteúdos, e a multidisciplinariedade, que é oferecer um repertório maior de conteúdos na formação de uma pessoa.

Folha - Qual a dificuldade que há com o currículo tradicional?
Cortella - É muito fechado. E cai em uma armadilha contida no próprio nome: grade curricular. Esse modelo está anacrônico. Há múltiplas fontes de conhecimento e de informação, especialmente a mídia. Não podemos usar o espaço escolar apenas para transmitir informação. O que se deve buscar é a autonomia intelectual.

Folha - As universidades serão forçadas a mudar?
Cortella - As mudanças precisam ocorrer. O distanciamento entre a necessidade e a formação pode levar a uma ruptura. Claro que a universidade tem uma instância de criação e de iniciativas que não pode ser vinculada ao mercado, porque ele é muito volátil. Mas ela não pode deixar de tê-lo como referência. [Essa ruptura] seria, cada vez mais, as próprias empresas procurarem fazer a formação de seus funcionários.

Folha - Para o sr., até quando o atual modelo irá persistir?
Cortella - Ele não resistirá a mais uma década. Esse modelo de flexibilização, porém, assusta dentro e fora da universidade. Há alunos que não o aceitam, por entender que isso será uma formação ruim.

Folha - Como esse tema está em discussão no exterior?
Cortella - Os modelos são diversos, vão desde turmas com três professores abordando o mesmo tema até o trabalho com projetos, em que todos os conteúdos são vistos ao mesmo tempo.

Folha - O que precisa ser considerado ao criar essas propostas?
Cortella - Não cair na teoria da curvatura da vara. Quando você está com uma vara estendida para um lado e a solta, a tendência é que ela se curve totalmente para o outro, causando um descompasso muito grande. Para que isso não ocorra, é necessária a participação de professores, funcionários e alunos. Precisa também de uma avaliação contínua. E, quando necessário, não ter medo de mudar a rota.

As informações são da Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.

 

   
 
 
 

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