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entrevista
09/06/2004
"Vejo populismo na proposta de cotas"

Ministro da Educação durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, o gaúcho Paulo Renato Souza qualifica a proposta de reforma universitária apresentada na segunda-feira de "uma colcha de retalhos". Para Paulo Renato, falta coerência às proposições apresentadas pelo governo.

"A proposta me passa a impressão de ter sido feita sem uma linha que servisse de diretriz".

A seguir, as posições do ex-todo poderoso da Educação em relação a algumas das idéias principais anunciadas pelo ministério:

Loteria para financiar as universidades públicas
"Não fizeram as contas direito. Todas as loterias do governo juntas rendem hoje em torno de R$ 1 bilhão. O orçamento das universidades federais está perto dos R$ 8 bilhões. Uma nova loteria não teria arrecadação suficiente para gerar um impacto significativo para as universidades. Não existe solução mágica para o problema do financiamento".

Criação de um ciclo básico de dois anos antes de o aluno iniciar a formação profissional
"Esse é o modelo americano. Se fosse eu que o propusesse, iam querer me matar. Para funcionar, é preciso fazer uma mudança administrativa profunda, adotando uma estrutura de departamentos. O ingresso dos alunos deveria ser geral e, só mais tarde, o estudante escolheria a área profissional. Se essa parte inicial for muito generalista, seria necessário ainda estender a duração do curso. Nos Estados Unidos, onde existe o modelo, a especialização profissional é feita em nível de pós-graduação."

Cotas para egressos da escola pública, negros e índios
"Vejo um pouco de populismo na proposta de cotas. Não é a solução, porque baixa o nível das universidades federais, na medida em que passam a ingressar pessoas não qualificadas. Uma universidade não se faz com só com bons professores, mas principalmente com bons alunos. O que precisa é qualificar o Ensino Médio e, enquanto isso não acontece, oferecer cursos pré-vestibulares gratuitos de alta qualidade, para permitir o acesso à universidade."

Isenção integral de tributos para as universidades, em troca de bolsas
"É um absurdo. A isenção é nociva, porque dá margem a fraudes. Se é para comprar vagas nas universidades privadas, então que se comprem as vagas."

Eleições diretas para reitor
"Sempre fui contra, até quando fui eleito reitor por eleição direta na Unicamp. A universidade não pertence a quem se encontra nela momentaneamente. Pertence ao povo. Quem tem de escolher é o governo, que foi eleito. Quando fui ministro, os reitores eram melhores porque eu escolhia os melhores, não só os mais votados. A eleição direta exacerba o risco de corporativismo."

Acabar com divisão das universidades em departamentos
"No Brasil se mistura muito faculdade com departamento, o que cria uma situação esdrúxula de duplicidade de comando."


As informações do jornal Zero Hora.

   
 
 
 

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