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capital humano
09/09/2004
Brasileiro não tem emprego mesmo mais qualificado

A qualificação educacional e profissional do brasileiro teve desempenho bem melhor do que o da economia nos últimos 30 anos. A relação foi traçada pelo economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, diretor técnico do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), que, para isso, desenvolveu um novo indicador: o Índice de Capital Humano (ICH).

O indicador, criado a partir do componente educação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apura a performance do capital humano nas diversas regiões e Estados do Brasil entre 1970 e 2000, comparando-a ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas no país).

"A relação é válida porque o capital humano é considerado um dos principais componentes da atividade econômica de um país", explica Albuquerque.

O ICH leva em conta a variante educacional na população de 15 anos ou mais, informação que é cruzada com o crescimento demográfico das regiões.

"Quando traçamos o crescimento do PIB brasileiro no período 1970-2000 e o confrontamos com o desempenho do ICH, observa-se que o último teve melhor performance do que o primeiro. Isto significa que o Brasil não vem aproveitando as melhorias educacionais da população", analisa o economista.

De acordo com Albuquerque, o desempenho quantitativo da escolaridade no país nos últimos 30 anos foi de extrema importância. O percentual das pessoas com quatro anos ou mais de estudo passou de 28,5% para 69,9%, enquanto o número de pessoas com oito anos ou mais de escolaridade saltou de 8% para 35% no período. Já o contingente de brasileiros com 11 anos ou mais de estudo passou de 3,8% para 19,8%.

Quando separado por regiões, o estudo apura que o maior crescimento do ICH no período 1970-2000 foi obtido pelo Norte (7,1% ao ano), seguido pelo Centro-Oeste (6,9%), Nordeste (6%), Sudeste (4,9%) e Sul (4,8%).

"Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, a evolução do índice se deu, preponderantemente, pelo crescimento demográfico. Já Sul e Nordeste tiveram seus ICHs puxados pelo componente educacional", explica Albuquerque.

O diretor do Inae diz ainda que a relação PIB-ICH deve manter a trajetória observada hoje, com o brasileiro procurando mais qualificação para entrar num mercado de trabalho inchado e incapaz de absorver este contingente.

"A reversão deste cenário só será possível com a adoção de políticas de ampliação de crédito e de aumento da massa salarial. Desta maneira, o poder de compra dos trabalhadores cresceria e, com ele, a recuperação da economia e a conseqüente expansão sustentável do PIB", observa.

O estudo do economista será apresentado hoje, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, durante o Mini-Fórum Nacional, que marcará os 40 anos de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O evento, organizado pelo Inae, abordará o desenvolvimento econômico e social do país nas últimas décadas.


DANIELE CARVALHO
do Jornal do Brasil

   
 
 
 

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