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prejuízo
10/03/2004
Acidente de trabalho custa R$ 20 bi por ano ao país

BRASÍLIA. Os acidentes e as doenças do trabalho custam pelo menos R$ 20 bilhões ao Brasil por ano, segundo o coordenador da área técnica de saúde do trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Perez. O valor, calculado pelo professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, foi obtido com base nos gastos da Previdência Social e do sistema público de saúde com os trabalhadores doentes ou acidentados.

De acordo com Marco Perez, existem ainda custos indiretos, como o aumento dos seguros de empresas em que os trabalhadores precisam atuar em condições de risco, e outros que são imensuráveis.

”Se um trabalhador tem um acidente quando é jovem, ele não terá condições de dar um retorno aos investimentos feitos em sua educação e formação profissional, mas não é possível medir o impacto disso para a economia ou para a família da pessoa afetada”, disse o coordenador.

Medo de retaliação
Outro problema grave que afeta o mercado, segundo Perez, é o fato de a maior parte dos trabalhadores não registrar acidentes ou doenças do trabalho. O coordenador afirmou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no Brasil, apenas 4% das doenças e acidentes são registrados. Isso ocorre porque os funcionários têm medo de perder o emprego e porque os médicos não identificam a origem dos problemas de saúde dos trabalhadores.

”Um médico diagnostica um trabalhador com lesão por esforço repetitivo (LER), mas não a origem do problema”, disse Perez.

Ele afirmou que o fato de o volume de registros de doenças do trabalho ter crescido no país não significa necessariamente que o número de casos aumentou ou que houve relaxamento das autoridades em relação ao problema. Em 2002, último ano com dado disponível, foram registrados 387 mil acidentes, com 2.898 mortes. No ano anterior, foram 340 mil acidentes e 2.753 mortos. Para Perez, o número pode ter crescido porque o diagnóstico dos problemas de saúde causados pelo trabalho está mais eficiente devido aos investimentos feitos na área de acompanhamento.

Em 2003, o Ministério da Saúde liberou R$ 17 milhões para a construção de 60 centros de referência em saúde do trabalhador. Os centros são especializados no treinamento de profissionais de saúde para fazer o diagnóstico de doenças ligadas ao trabalho. Para 2004, estão previstos recursos de R$ 40 milhões a R$ 60 milhões para a criação de 70 centros de referência. Os recursos também servirão para fazer o acompanhamento de registros de acidentes.



MARTHA BECK
do jornal O Globo

   
 
 
 

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