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investimento
12/03/2004
MEC prepara aperfeiçoamento de professores

O Ministério da Educação criou uma comissão para estabelecer uma política de incentivo à formação de novos professores e de estímulo à capacitação dos que já estão na ativa. Recursos para esses fins ainda não existem. O país tem hoje um déficit de 253,8 mil profissionais na rede básica de educação de Estados e prefeituras.

Instituída em dezembro do ano passado por meio de portaria do MEC, a Capemp (Comissão de Aperfeiçoamento de Professores do Ensino Médio e Profissional), ainda em fase de implantação, vai assessorar o MEC no aperfeiçoamento técnico e pedagógico de 100 mil professores que hoje atuam no ensino médio.

As associações nacionais de formação de professores e de pesquisa e pós-graduação em educação estão entre as várias representantes da sociedade civil na Capemp. A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) faz parte da sociedade científica.

"Não queremos que seja uma ação de governo. A exemplo da Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], que já tem 50 anos de história no ensino superior, queremos que a Capemp tenha um plano permanente de formação inicial e continuada de professores."

Falta professor
Mesmo sem ter um centavo do orçamento do Ministério da Educação neste ano, os integrantes da comissão dizem que o órgão pretende buscar soluções para tapar parte do buraco provocado pela falta de professores, especialmente de física e química.

Só no ensino médio, faltam 23,5 mil professores de física, segundo estudo realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do próprio ministério.

De 1990 a 2001, apenas 7.216 universitários se licenciaram em física. Até 2010, a estimativa é outros 14.247 alunos façam o mesmo. "É o apagão da educação. Mesmo que cada professor desse aula em três turnos, não atenderíamos nem 50% da demanda", diz o secretário de ensino médio e tecnológico do Ministério da Educação, Antônio Ibañez, 61.

Segundo ele, o primeiro passo do MEC será descobrir qual a carência de professores nos Estados. Para isso, está sendo elaborado um Censo do Professor, que deve ficar pronto até o final do ano.

Reitores de universidades públicas também estão sendo chamados para que se comprometam com a criação de 50 mil novas vagas de licenciatura nos próximos quatro anos, especialmente no período noturno.

Segundo Ibañez, os professores que estão na ativa precisam de conteúdos específicos de suas matérias atualizados. "O conhecimento é dinâmico, e eles devem ser orientados pedagogicamente para ajudar a melhorar o desempenho dos alunos", afirma.

A questão salarial é outro ponto frágil que afugenta os novos professores. Para Ibañez, a criação do Fundeb -fundo para o financiamento do ensino básico que vai substituir o Fundef (do ensino fundamental), será uma das soluções para repor parte da defasagem salarial da categoria.

Aliada
O MEC também aposta na criação de ferramentas virtuais que ajudem o professor na sala de aula como uma das alternativas para compensar o déficit.

A idéia é que a partir dos chamados objetos de aprendizagem, programas pedagógicos virtuais que seguem as orientações curriculares do ministério, os professores otimizem o tempo e tornem suas aulas mais atrativas.

"Com a ajuda da tecnologia, em vez de três ou quatro professores de física, por exemplo, será necessário apenas um", afirma Fredric Michael Lito, presidente da Abed (Associação Brasileira de Educação à Distância).

Lito também coordena a Escola do Futuro da USP de São Paulo, um núcleo de pesquisa de novas tecnologias aplicadas à educação.

Ele reconhece, porém, que, para atingir essa meta, é preciso tapar outros buracos, como a falta de computadores ou a manutenção dos equipamentos nas escolas.

Dados do próprio MEC dão conta que seriam necessários 1,5 milhão de computadores para equipar as escolas públicas com laboratórios de informática de uso pedagógico. Hoje, a rede conta com 220 mil computadores.De acordo com Américo Bernardes, diretor-geral do ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação), do MEC, a proposta é instalar de 70 mil a 80 mil computadores nas escolas públicas até o fim do governo Lula.


CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha De S.Paulo

   
 
 
 

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