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caso waldomiro
19/02/2004
Governo já vê "provável" ação na gestão Lula

O governo resolveu se antecipar a surpresas no caso Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência que pediu propina e contribuições para campanhas eleitorais em 2002, e já afirma que é "provável" que o ex-assessor tenha tentado fazer tráfico de influência enquanto atuava na Casa Civil.

Ontem, o líder governista no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que "o governo trabalha com a hipótese" de Waldomiro "ter tentado interferir politicamente em decisões do governo" quando era subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. "Até o momento não existe indício de conduta irregular [do Waldomiro] no governo federal, mas acho provável que exista. É possível que tenha usado o cargo para favorecer alguém, mas ele não tinha poder de decisão. Não lidava com orçamento, não tinha verba."

A Folha apurou que a cúpula do governo teme novas revelações sobre o caso já envolvendo Waldomiro no tempo em que foi um dos principais auxiliares do ministro da Casa Civil, José Dirceu. Waldomiro cuidava da relação com o Congresso. Trabalhou com Dirceu até janeiro, quando, na reforma ministerial, sua seção foi transferida para a recém-criada Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais.

Chegaram ao Planalto rumores de que Waldomiro se envolveu com lobistas do bingo e da multinacional de informática GTech. Isso deve mudar a linha de defesa do governo, que afirmava que Diniz só cometera ato desabonador antes do início do governo Lula.

A resposta do Palácio do Planalto será dizer que na posição de quem cuidava da relação do governo com Congresso seria normal Waldomiro lidar com lobistas. O importante, argumentará o governo, é saber se ele fez o lobby e se contrariou o interesse público. No caso da GTech, o governo dirá que o acordo fechado não teve nada de ilegal ou desvantajoso, pois se obteve desconto de 15%.

Mercadante se reuniu ontem no Planalto com Dirceu e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), separadamente. Conversou ainda com o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), a quem Waldomiro havia passado a se reportar, e com o líder do governo na Câmara, Miro Teixeira (sem partido-RJ).

"Depois de ver aquela cena, eu posso não duvidar de ilícitos no governo federal", afirmou Mercadante. Ele se referia à fita em que Waldomiro aparece cobrando propina do empresário de bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em 2002, quando era presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).

Negando que o governo tenha sido omisso no caso até a fita de vídeo ser divulgada, Mercadante distribuiu ontem ofícios encaminhados por Waldomiro a Dirceu, Thomaz Bastos e ao corregedor-geral da União, Waldir Pires, no dia 4 de julho de 2003, defendendo-se das primeiras acusações veiculadas pela revista "Isto É".

"Caso fossem verdadeiras as acusações maledicentes a mim dirigidas, estaríamos diante de prováveis ilícitos criminais e funcionais, bem como diante da existência de corrupção no âmbito da Caixa Econômica. Por essa razão, requeiro a Vossa Excelência a gentileza de tomar as medidas que julgar cabíveis e necessárias para apurar o que ali se encontra afirmado", alegou Waldomiro.

Segundo a revista, haveria investigação do Ministério Público sobre a exploração de máquinas caça-níqueis envolvendo o ex-subchefe, que teria beneficiado a GTech em renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal.

Mercadante não soube informar se o governo atendeu o pedido de Waldomiro e o investigou.

 



FERNANDA KRAKOVICS
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília

   
 
 
 

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