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ECONOMIA
24/12/2004
Juros vão subir mais, avisa BC

BRASÍLIA - Diante de poucas certezas e muitas dúvidas, os diretores do Banco Central alertam que ainda é cedo para encerrar o ciclo de aperto monetário iniciado em setembro com a alta da taxa de juros. Ao contrário, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem sugere novas altas e a manutenção de juros elevados por período mais longo, para assegurar que a inflação futura esteja em linha com a meta desejada pelo governo.

O documento, considerado pessimista por analistas de mercado, destaca que a alta dos preços no atacado continua a ser uma fonte de pressão para a inflação no varejo, que a queda na produção industrial - que confirmaria uma acomodação no ritmo de crescimento da economia - ainda não pode ser dada como certa e também que a trajetória do preço do petróleo no mercado internacional permanece indefinida, apesar do recuo verificado recentemente.

Além disso, o aumento do nível dos investimentos para elevar a capacidade produtiva da economia, que há meses é destacado pelos diretores como foco de preocupação, ainda provoca dúvidas. A ata alerta que, apesar do aumento dos investimentos, os indicadores de utilização da capacidade instalada continuam elevados. Por isso, os diretores do BC dizem que a taxa de juros precisa ser calibrada de acordo com o ritmo de expansão adicional da demanda. Isso se torna ainda mais importante num momento em que o consumo das famílias cresce em ritmo igual ou superior ao da produção nacional medida pelo Produto Interno Bruto (PIB).

Outro ponto determinante para o Copom é que a melhora nas expectativas dos analistas, empresários e investidores em relação à inflação de 2005 nas últimas semanas foi "considerada modesta" diante de indicadores positivos no curto prazo que contribuem para diminuir as pressões sobre os preços. As pesquisas semanais do BC projetam um IPCA de 5,78% em 2005. Há cerca de um mês, a expectativa era de 5,9%. Nos dois casos, o valor é superior aos 5,1% que o BC pretende alcançar.

Com isso, os diretores afirmam que "o processo de ajuste gradual dos juros básicos deveria prosseguir no ritmo originalmente previsto" e defendem "a combinação de etapas adicionais desse processo de ajuste com um período suficientemente longo de manutenção dos juros após a sua conclusão" para reduzir a chance de a inflação futura se desviar da meta do BC.

Combustíveis
Com relação ao comportamento internacional do petróleo, apesar das quedas recentes o preço é considerado elevado para o Copom e a trajetória futura ainda é uma incógnita. Os reajustes deste ano teriam deixado os combustíveis em linha com o preço atual do petróleo e, por isso, o Copom não projeta novos aumentos em 2005.

Ao contrário, os diretores do BC acreditam que, se o cenário internacional permanecer favorável, será possível reduzir os preços cobrados dos consumidores no Brasil. No entanto, mesmo que isso ocorra, a decisão de diminuir o preço da gasolina não mudará a política monetária porque o BC pretende aproveitar essa oportunidade para reduzir ainda mais a inflação em 2005.

O recado do Copom
IPCA: A inflação de novembro foi puxada pela alta dos combustíveis. Só não foi maior porque o preço dos alimentos estão em queda há três meses.

ATACADO: Os preços no atacado ainda pressionam a inflação no varejo. A intensidade do repasse dependerá do nível de consumo e das expectativas do mercado.

CRESCIMENTO: Está cada vez mais sustentado na demanda doméstica. O consumo das famílias cresce mais que o PIB.

GARGALO: Apesar dos investimentos, os indicadores de utilização da capacidade instalada continuam elevados. Por isso, a taxa de juros precisa ser calibrada de acordo com o ritmo da demanda.

COMBUSTÍVEIS: A gasolina não terá aumento em 2005. Se o cenário continuar favorável, o preço pode até cair.

JUROS: A queda na inflação não foi suficiente para alinhar os valores projetados pelo mercado com a meta do BC. A política de aumento dos juros será mantida por um período maior.


SHEILA D AMORIM
do o Estado de S. Paulo

   
 
 
 

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