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 Dia 27.08.02

     

 

Leia repercussão da coluna: O marketing dos burros

Gilberto Dimenstein,

Sempre acompanho sua coluna e a considero de excelente qualidade crítica, mas tenho um comentário sobre a nota final onde você critica a possibilidade de extinção dos sistema de educação continuada implementada pelo Governo do Sr. Covas nas escolas públicas do Estado de São Paulo.

Pensando ideologicamente, claro que o sistema tem méritos, mas no plano prático, quando se considera o baixo nível do corpo docente, a falta de preparo do mesmo em gerar mecanismos de motivação que não passem pela pressão das notas ou pela possibilidade de repetência, o que se vê na prática são crianças desmotivadas com o processo de aprendizagem, mobilizadas pela atração de farras, brincadeiras e até mesmo de banditismo precoce.

Não que pense que o modelo autoritário seja uma saída, nem que sonhe em um dia me tornar eleitora de Paulo Maluf, que na minha opinião é o que de pior existe na nossa política, mas, um sistema como esse, para que seja válido, prescinde de fortes investimentos na qualificação do corpo docente, caso contrário, resulta em serviço pobre para pobres. Levando a médio prazo o crescimento assustador do que podemos chamar de cidadãos de segundo escalão, composto por jovens formados pelo ensino básico, mas, com chances cada vez menores de disputar vagas em Universidades de nível.

Ou seja, a pseudo eliminação dos elementos que em tese provocariam uma baixa auto-estima nesta população é uma ilusão, pois ao invés da eliminação o que vemos é a sua cristalização. Pois, o processo se inicia muito cedo e dentro da própria casa quando os pais começam a perceber o baixo nível de aprendizado de seus filhos e, por inépcia, passam a acreditar que o problema esta no pimpolho, não no sistema de ensino.

Dai surgem os comentários "construtivos": não sei o que acontece com esse menino, para quem será que puxou? Ele já está na quarta série e escreve como se não fosse alfabetizado, eu me lembro que nesta idade já fazia contas de dividir, lia romances de José de Alencar e ele não consegue ler um gibi! Já bati, falei com a professora, mas parece que nada adianta!

A pergunta que não quer calar é: que raio de cidadão será este menino? Onde irá ele encontrar a auto-estima apreogada por este sistema?

Assim, a crítica que faço é para a imprensa especializada: a ideologia e teoria são lindas como ideologia e teoria, mas na prática nem sempre merecem elogios, só pela beleza que expressam nos livros e nas discussões acadêmicas. A reforma do ensino tem que ser muito mais profunda e este tipo de ação cosmética prestam um deserviço a formação de nossos cidadãos.

Logo, do meu ponto de vista, se não há condições de fazer mudanças estruturais sérias a melhor política é aquela que não piora o que já está ruim. Que foi o que esta tal de educação continuada consegui fazer, justamente em relação a população que não tem acesso as escolas de nível nem a corpo docente bem preparado. Então, sugiro que ,ao invés de ficar aplaudindo fiascos instalado no conforto do escritório os formadores de opinião, invistam um tempo em pesquisas de campo para verificarem se os efeitos da beleza teórica não sairam pela culatra.

Atenciosamente,

Clarice Carvalho

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