|
Leia
repercussão da coluna:
O marketing dos burros
Gilberto
Dimenstein,
Sempre
acompanho sua coluna e a considero de excelente qualidade
crítica, mas tenho um comentário sobre
a nota final onde você critica a possibilidade
de extinção dos sistema de educação
continuada implementada pelo Governo do Sr. Covas nas
escolas públicas do Estado de São Paulo.
Pensando
ideologicamente, claro que o sistema tem méritos,
mas no plano prático, quando se considera o baixo
nível do corpo docente, a falta de preparo do
mesmo em gerar mecanismos de motivação
que não passem pela pressão das notas
ou pela possibilidade de repetência, o que se
vê na prática são crianças
desmotivadas com o processo de aprendizagem, mobilizadas
pela atração de farras, brincadeiras e
até mesmo de banditismo precoce.
Não
que pense que o modelo autoritário seja uma saída,
nem que sonhe em um dia me tornar eleitora de Paulo
Maluf, que na minha opinião é o que de
pior existe na nossa política, mas, um sistema
como esse, para que seja válido, prescinde de
fortes investimentos na qualificação do
corpo docente, caso contrário, resulta em serviço
pobre para pobres. Levando a médio prazo o crescimento
assustador do que podemos chamar de cidadãos
de segundo escalão, composto por jovens formados
pelo ensino básico, mas, com chances cada vez
menores de disputar vagas em Universidades de nível.
Ou
seja, a pseudo eliminação dos elementos
que em tese provocariam uma baixa auto-estima nesta
população é uma ilusão,
pois ao invés da eliminação o que
vemos é a sua cristalização. Pois,
o processo se inicia muito cedo e dentro da própria
casa quando os pais começam a perceber o baixo
nível de aprendizado de seus filhos e, por inépcia,
passam a acreditar que o problema esta no pimpolho,
não no sistema de ensino.
Dai
surgem os comentários "construtivos":
não sei o que acontece com esse menino, para
quem será que puxou? Ele já está
na quarta série e escreve como se não
fosse alfabetizado, eu me lembro que nesta idade já
fazia contas de dividir, lia romances de José
de Alencar e ele não consegue ler um gibi! Já
bati, falei com a professora, mas parece que nada adianta!
A
pergunta que não quer calar é: que raio
de cidadão será este menino? Onde irá
ele encontrar a auto-estima apreogada por este sistema?
Assim,
a crítica que faço é para a imprensa
especializada: a ideologia e teoria são lindas
como ideologia e teoria, mas na prática nem sempre
merecem elogios, só pela beleza que expressam
nos livros e nas discussões acadêmicas.
A reforma do ensino tem que ser muito mais profunda
e este tipo de ação cosmética prestam
um deserviço a formação de nossos
cidadãos.
Logo,
do meu ponto de vista, se não há condições
de fazer mudanças estruturais sérias a
melhor política é aquela que não
piora o que já está ruim. Que foi o que
esta tal de educação continuada consegui
fazer, justamente em relação a população
que não tem acesso as escolas de nível
nem a corpo docente bem preparado. Então, sugiro
que ,ao invés de ficar aplaudindo fiascos instalado
no conforto do escritório os formadores de opinião,
invistam um tempo em pesquisas de campo para verificarem
se os efeitos da beleza teórica não sairam
pela culatra.
Atenciosamente,
Clarice
Carvalho
<<
- >>
|
|
|
Subir
|
|
|
|