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21/11/2003
Ônibus roda menos e viações ganham mais

Nos três primeiros meses de vigência dos contratos de concessão firmados em julho pela administração Marta Suplicy (PT), as viações paulistanas fizeram prosperar seus principais indicadores de produtividade. As estatísticas de 2003 são as melhores desde 1998.

O cenário atual mostra que os ônibus passaram a rodar menos (a média anual de quilometragem caiu 16% em relação a 2002) e estão mais cheios -ou menos vazios. Esses resultados, que significam otimização de custos aos empresários, se devem principalmente à diminuição da frota -mil ônibus saíram de circulação (10% do total)- e à extinção de linhas que não eram lucrativas.

O PVD (média de passageiros que cada veículo transporta por dia), pela primeira vez nos últimos cinco anos, chegou a passar de 400 -em julho, foi de 406, alta de 14,7% em relação aos 354 do mesmo período do ano passado.

A medição do IPK (índice de passageiros por km rodado), outra forma de apontar a produtividade, atingiu 1,84 em setembro. Trata-se do melhor número relativo a esse mês desde 1998. A média de 2002 foi de 1,63.

Na prática, um IPK maior indica que a quantidade de usuários aumentou ou que os ônibus rodaram menos. Na capital paulista, prevaleceu essa última opção. Ou seja, menos gastos com diesel, pneus e peças -custos que representam um quarto das despesas totais dos empresários.

O fato de os ônibus rodarem menos significaria menores ganhos às viações se fossem adotados os mesmos critérios de Curitiba. Na capital paranaense, os operadores recebem por quilômetro percorrido. Em São Paulo, apesar de rodarem menos, os rendimentos das empresas aumentaram -de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões por mês (alta de 15% a 20%), principalmente por causa da injeção de subsídios municipais para cobrir a passagem gratuita dos idosos e a transferência às empresas de parte dos recursos arrecadados por perueiros.

Usuários
Os ônibus mais cheios e rodando menos poderiam, teoricamente, indicar uma piora à população. Mas essa lógica não é necessariamente verdadeira -até mesmo porque os veículos, antes, estavam vazios. A prefeitura também atribui a queda da quilometragem à racionalização do sistema -com a retirada de linhas sobrepostas e ociosas e a transferência de parte delas aos autônomos.

"Havia uma oferta além do necessário", diz Jilmar Tatto, secretário dos Transportes. Ele sustenta que a melhoria se estendeu aos usuários -principalmente por conta da entrada de ônibus novos. Diz ainda que ela é atestada pela elevação na aprovação do serviço apontada por pesquisas internas.

Entre as reclamações dos usuários recebidas no serviço telefônico 156, disponibilizado pela prefeitura, dois aspectos, entretanto, chamam a atenção: os intervalos excessivos para a passagem dos veículos estão na liderança, com 25% das queixas; e os pedidos para aumentar a frota nas linhas e as situações de desrespeito aos idosos, diferentemente do que acontecia nos anos anteriores, também aparecem no ranking das cinco principais reclamações.

Essas queixas costumam ser um indicativo da falta de ônibus nas ruas. Para Tatto, porém, elas se devem principalmente às obras viárias espalhadas pela capital paulista -que deixam os veículos parados nos congestionamentos.

As queixas por intervalos excessivos dos ônibus chegaram a 1.342 em outubro. Indicam uma queda em relação a maio (4.575 casos), pico da turbulência da fase de transição, mês em que 15% das linhas do sistema de transporte foram extintas. Não há critérios uniformes, entretanto, para a comparação com os anos anteriores.

Em 2001, a média de reclamações por intervalos excessivos era de 712 por mês. Neste ano, porém, as queixas contra as lotações (que representam 40% da frota total) também foram incorporadas às estatísticas -além disso, houve a ampliação do serviço telefônico de atendimento aos usuários.

Salários
O sindicato dos empresários de ônibus de São Paulo foi procurado pela Folha, mas não quis se manifestar sobre os indicadores.

Um dos resultados da evolução da produtividade é a maior estabilidade no pagamento dos salários dos motoristas e cobradores nos últimos meses. Pela primeira vez na administração petista, a categoria também não recebeu dos grandes grupos até agora nenhuma ameaça de atraso do 13º.

Pedro Kassab, diretor de uma empresa especializada em consultoria em transportes, diz que "a racionalização" das linhas serviu para eliminar "as viagens desnecessárias". Ele afirma, porém, que os atuais indicadores ainda estão longe de serem considerados ideais e que as viações esperam "uma melhoria muito superior" para os próximos anos.

O ex-secretário dos Transportes Getúlio Hanashiro (gestões Covas e Pitta) reconhece que "havia uma sobreoferta de linhas em função da queda da demanda", mas diz que a principal vantagem, até agora, foi das viações. "Houve uma racionalização cujos maiores beneficiados foram, sem dúvida, os empresários", afirma.



Alencar Izidoro,
da Folha de S.Paulo.

 
 
 

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