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saúde
02 /06/2004
Voluntários mantém centro de apoio a dependentes químicos

Numa rua tranqüila de Ermelino Matarazzo, na zona leste, uma faixa se destaca diante do posto de saúde local: "Estamos sem salário, trabalhando voluntariamente."

Há meses uma espécie de autogestão de profissionais e usuários vem mantendo o centro. Ali funcionava -e tenta continuar funcionando- um Caps-AD, Centro de Atenção Psicossocial para tratamento de dependentes de álcool e drogas.

Em novembro passado, a prefeitura rompeu o convênio com a ONG que tocava o Caps alegando desinteresse e falta de competência por parte de seus diretores. A Secretaria Municipal da Saúde disse que um outro Caps-AD seria aberto no bairro, o que não aconteceu até agora.

A equipe do Caps-AD do Jardim Ângela, na zona sul, que antes tinha convênio com a Universidade Federal de São Paulo, está desde fevereiro sem receber pagamento da prefeitura.

São Paulo tem mais de 400 mil dependentes de álcool e um número não conhecido de dependentes de drogas. A rede pública tem 10 Caps-AD. Se funcionassem com equipe completa, poderiam atender, no máximo, 2.000 pessoas por mês.

"Pelo menos quatro dos Caps-AD não estão funcionando, e em muitos faltam psiquiatras", diz o biólogo Sérgio Oliva Castilho, 36, ex-dependente de drogas e que hoje gerencia o Caps-AD de Ermelino Matarazzo. "As filas de esperam chegam a meses", diz o psicólogo Sérgio Luís Ferreira, coordenador do Caps-AD do Jardim Ângela. "Sobrevivemos graças ao apoio da Sociedade Santos Mártires, do padre Jaime Crowe." Até agora, o posto só tinha um médico aos sábados. A partir desta semana, terá uma psiquiatra 10 horas por semana. O local acompanha cerca de 200 dependentes, a maioria de álcool.

O médico Tikanori Kimanoshita, responsável pela saúde mental da Secretaria Municipal da Saúde, diz que os serviços estão se expandindo "aos poucos" e que mais profissionais estão em processo de contratação. "Muitos não querem se tratar. Precisamos mudar a cultura", ele diz.

Desde 1998, portaria do Ministério da Saúde determina que os Caps-AD recebam dinheiro do SUS e das prefeituras, e que trabalhem em parceria com ONGs.

Rompimento
O Caps de Ermelino foi aberto em março de 2003 e chegou a receber a visita da prefeita Marta Suplicy depois que se firmou como referência. Os responsáveis pelo centro dizem que a resistência começou com a mudança na coordenação de saúde da subprefeitura local. Com o fim do convênio, cerca de 20 profissionais -entre eles um clínico, dois psicólogos, um auxiliar de enfermagem e quatro técnicos- passaram a trabalhar voluntariamente. Um empresário do bairro assumiu o aluguel do local, mas os equipamentos da prefeitura -móveis e computadores- continuam no posto. Uma ação vem sendo movida para recuperar esses bens.

"Há dependentes de todos os bairros que nos procuram", diz Sérgio Castilho. Seu trabalho começou como redutor de danos na região, trocando seringas com dependentes de drogas injetáveis. Usuários também foram incluídos no programa, porque conheciam as "bocadas" e eram recebidos sem desconfiança pelos dependentes.

"Ao ganhar auto-estima, eles passaram a freqüentar os serviços de saúde", diz Castilho. "Como muitos começaram a procurar tratamento, abrimos esse Caps-AD de Ermelino."

 

AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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