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cidadania
30/07/2004
2ª Semana Sociocultural recebe mais de 5 mil pessoas em São Paulo

Entre os dias 21 e 24 de julho, o Senac São Paulo e a empresa de tecidos Fernando Maluhy & Cia Ltda. realizaram a 2ª Semana Sociocultural do Patchwork. Cerca de 5 mil pessoas passaram pelo evento, que aproximou, em uma feira de artesanato, diversas empresas e organizações do Terceiro Setor. Promoveu também oficinas e palestras sobre a técnica de patchwork, além de ações sociais.

Logo que entravam no evento, os visitantes eram saudados por uma inusitada exposição. Em homenagem aos 450 anos de São Paulo, 18 organizações sociais retrataram, por meio de painéis feitos com a técnica do patchwork (que aproveita retalhos de tecidos), monumentos que caracterizam a cidade. Mas não da forma convencional, como se costuma ver nos cartões postais. Os painéis foram elaborados a partir do ponto de vista das participantes.

Angélica Schmit, docente de patchwork do Senac, conta que, além de capacitar as representantes dessas organizações, o objetivo do projeto era despertar o interesse pela história da cidade e pela arte, para que depois elas repassassem esses conhecimentos para outras pessoas de sua comunidade.

Antes de elaborar cada uma das obras, as participantes desenvolveram uma pesquisa sobre os monumentos de São Paulo. Depois, escolheram os locais mais interessantes. Visitaram e fotografaram espaços como a Pinacoteca do Estado, a Estação da Luz, o bairro da Liberdade, Masp, entre outros locais. Em seguida, baseado nas fotos produzidas pelas participantes, um fotógrafo profissional fez novas imagens, captando todos os detalhes, para que pudessem ser reproduzidos nos painéis.

Cristina Cardoso dos Santos, presidente da Associação Beneficente de Cultura Pena Branca, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, conta que participou do projeto retratando a Estação da Luz. Embora já tivesse trabalhado com patchwork, ela afirma que, durante o desenvolvimento do painel, aprendeu novas técnicas. "No começo, pensei que não fosse conseguir dar profundidade à imagem, mas depois consegui, utilizando diversas técnicas. Foi maravilhoso".

Ela diz que, desde janeiro, sua organização está participando do Empório Social, projeto social do Senac, que tem por objetivo fomentar a criação de empreendimentos solidários e, assim, promover o desenvolvimento local sustentável, a partir da assessoria no desenvolvimento de produtos nas áreas de patchwork, moda, arte em papel e alimentação. No caso da Pena Branca, as mulheres estão se organizando para criar uma cooperativa de patchwork.

Cristina diz que a técnica é excelente para recuperar a auto-estima das mulheres de sua comunidade. Isso porque elas conseguem ver, na prática, "como do refugo das fábricas de tecido, de pedaços de tela que pareciam inúteis, é possível criar peças muito bonitas".

Segundo Cristina, no início, convencer as mulheres a participar do projeto foi difícil, porque elas teriam que trabalhar de graça, até que conseguissem montar a cooperativa e passassem a gerar renda. Hoje, oito mulheres estão bastante engajadas no processo. Os primeiros resultados financeiros começaram a aparecer. Em um evento no Memorial da América Latina, elas arrecadaram cerca de R$ 1.000 com a venda de bolsas feitas com diversas técnicas. O grupo optou por produzir bolsas porque acredita que o produto tem uma boa aceitação no mercado.

Empório Social
O Empório Social está capacitando 20 organizações comunitárias da cidade de São Paulo. Durante o evento, essas organizações conseguiram vender R$ 15.000 reais em produtos. Toda a parte de alimentação foi elaborada por oganizações que participam do projeto. O Centro Social Marista Jardim Rubro, que trabalha com crianças de zero a 6 anos na zona leste de São Paulo, é uma das organizações que produz quitutes a partir do aproveitamento integral dos alimentos.

Rosângela da Silva, assistente social da organização, diz que o projeto está ajudando a fomentar o desenvolvimento local sustentável na comunidade e promovendo a inclusão social. Por enquanto, apenas as educadoras da ONG estão sendo capacitadas. Mas, em breve, 30 mães de crianças atendidas vão participar do projeto – que recebeu o nome de Oportunidade Solidária –, com o objetivo de ampliar a renda doméstica.

A assistente social conta que a organização optou por se capacitar na área de alimentação porque era a que mais se enquadrava com o perfil da comunidade que atende. As mães vão aprender além das técnicas de produção dos alimentos, conceitos de direito, empreendedorismo, cidadania. Ela explica que, "quando a família consegue se manter, os direitos da criança são mais facilmente assegurados e por isso o projeto contribui para a causa da organização".

Já o Centro Educacional da Criança e do Adolescente Ademir de Almeida Lemos preferiu trabalhar com a customização de camisetas usando os bordados. A organização também fica na zona leste de São Paulo e atende crianças e adolescentes. Mas participaram do projeto apenas meninas de 15 a 18 anos.

Fabiana de Oliveira Régis, multiplicadora do projeto, conta que, no início, as participantes conheceram diversos artistas. Depois, promoveram uma votação, para ver com qual artista se identificavam mais. Acabaram escolhendo Van Gogh. Ela diz que ficou surpresa como cada uma das adolescentes, a partir da mesma referência, produzia coisas diferentes. E também com o senso de responsabilidade que as meninas passaram a ter, preocupando-se com si mesmas e com o trabalho que desenvolviam.

Renata Cruz foi uma das adolescentes capacitadas. Ela diz que antes de passar pelo projeto, não tinha interesse por costura, bordado ou tricô. "Achava tudo uma perda de tempo". No início, confessa que até fugia das aulas. Aos poucos, foi se encantando com o trabalho. Hoje, sabe sobre a vida de Van Gogh de cor e salteado. Ela diz que, se não conseguir vender muitas peças, gerar muita renda, para ela não tem problema. "O importante é crescer para si mesmo", afirma. Como Van Gogh, que se preocupava em retratar tudo o que tinha vontade.

Quilt Solidário
Durante o evento, os visitantes também puderam participar de uma ação voluntária, que produziu 304 edredons infantis com a técnica do quilt. Em menos de vinte minutos, os participantes costuravam os edredons, que foram doados para as organizações Obra Assistencial Nossa Senhora do Ó e Núcleo Coração Materno, ambas na zona norte de São Paulo.

Daniella Ambrogi, coordenadora de projetos do Senac, conta que a idéia do Quilt Solidário, foi trazida pela Singer, parceira no evento, que tinha visto iniciativa semelhante em um festival de patchwork, realizado nos Estados Unidos.

Tanto o tecido, como a manta e as máquinas de costura utilizados na produção das peças foram cedidos por parceiros do evento. A monitora, Elza Okado, explica que o material já estava cortado e preparado para que os voluntários só tivessem que fechar o edredon. Ela disse que o público recebeu bem a ação e que alguns voluntários passaram a tarde inteira produzindo edredons. "O público gostou bastante porque aproveitava para aprender uma técnica nova e, ao mesmo tempo, ajudar uma entidade social".

Edith de Souza Silva, 54, voluntária, confirmou. Ela disse que, apesar de nunca ter trabalhado com o quilt, conseguiu montar o edredon em menos de meia hora. "Foi uma boa oportunidade de ajudar uma organização social", afirma. Edith ajuda uma Igreja no seu bairro e diz que vai tentar levar a idéia dos edredons infantis para lá. Na Igreja, atualmente, ela contribui, produzindo outros tipos de artesanato, como pintura em pano de prato, em sabonetes e crochê.


LAURA GIANECCHINI
do site setor3

 

 
 
 

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