a inspiração
Azzedine Alaïa definiu
o sex appeal nos anos 80
ENVIADA
ESPECIAL A NOVA YORK
Nascido
e criado na Tunísia, o estilista Azzedine Alaïa foi um dos
nomes mais emblemáticos da moda dos anos 80. São de sua
autoria peças-síntese daquela década, que acabaram
entrando para a história da moda, como o legging, o tubinho stretch
e até mesmo o body. Alaïa operou verdadeira revolução
ao descobrir materiais novos, como a Lycra, e recuperar outros considerados
off, como a viscose. Conforto e sex appeal eram os fundamentos de Alaïa,
um homem pequeno, de origem humilde, criado pela avó.
Jovem, na Tunísia, Alaïa estudou escultura na escola de
Belas Artes e trabalhou na clínica de uma parteira chamada Madame
Pineau, onde esquentava água e levava toalhas. Nas horas vagas,
entre um parto e outro, lia as revistas de moda que Madame Pineau comprava
e sonhava em ir para Paris, o que efetivamente conseguiu, depois de
algum tempo, após decidir esculpir mulheres com tecido e não
mais em mármore, conta François Baudot na biografia Alaïa
(editora Assouline, 1996).
Na França, estabeleceu-se na casa de um famoso arquiteto tunisiano,
onde cuidava das crianças e ajudava na cozinha. Lá, conheceu
personalidades como as atrizes Greta Garbo e Arletty, que teve oportunidade
de vestir. Trabalhou também com Yves Saint Laurent (no famoso
vestido Mondrian) e seu amigo Thierry Mugler. Aos poucos, conseguiu
montar seu próprio ateliê, onde aumentou sua clientela
e atraiu a atenção dos editores de moda. Em 1979, duas
de suas peças (um casaco de chuva e um terninho) chegaram às
páginas da Ellle.
Seu primeiro desfile foi em 1980, em seu próprio apartamento,
sem convite e sem música _para iniciados e fashionistas. O banheiro
virou sala de maquiagem, e os convidados se sentavam sobre a pia, o
fogão, o sofá. Foi um sucesso. A partir de então,
chegaram clientes poderosas, como Tina Turner e Madonna.
Outros ícones, como Grace Jones e Naomi Campbell, vestiram suas
roupas. Não há nada mais bonito do que um corpo
saudável vestido com roupas maravilhosas, afirmou o estilista.
Helmut Lang retomou os vestidos e a forma do top de tiras de couro cruzadas
criada por Alaïa. Como denominador atual entre os dois criadores,
há o fato de ambos estarem relacionados comercialmente ao grupo
Prada. Um acordo com Lang inclui a produção de acessórios
e óculos com a marca Prada. Com o tunisiano, o grupo italiano
firmou uma parceria que, entre outras coisas, deve criar uma fundação
para abrigar o acervo de Alaïa.
O estilista tem 50 looks expostos até meados de novembro na filial
do museu Guggenheim do Soho, bairro nova-iorquino. É a consagração
total para o criador que passou nas sombras os anos 90.
Seu trabalho foi lembrado novamente quando, na última temporada
de outono-inverno do hemisfério norte, o norte-americano Marc
Jacobs criou para a Louis Vuitton uma coleção calcada
nos anos 80, com um leve perfume de Alaïa. Atenta, a descolada
loja parisiense Colette (www.colette.com)
sentiu a volta dos valores dos anos 80 e decidiu ir até a fonte,
colocando à venda uma coleção do tunisiano. Outras
antenas captaram os sinais, como a diva fashion Chloé Sevigny,
que vestiu Alaïa de época numa photo opportunity. E, assim,
o hype eclodiu. (EP)
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