Beleza americana
Com
sensibilidade comercial, medalhões da criação made
in USA como Calvin Klein e Ralph Lauren estabelecem novos padrões
de elegância
ENVIADA
ESPECIAL A NOVA YORK
Os grandes
nomes da moda made in USA conjugam, também no verão 2001,
as máximas do prêt-à-porter de Nova York _clássico,
elegante, sóbrio. Calvin Klein, supremo sacerdote do estilo norte-americano,
exercitou sua sensibilidade comercial em looks urbanos, soltos e relaxados,
cool.
O comprimento levemente acima do joelho, a cintura deslocada _baixa_
e as cores do jérsei brilhoso, verde metálico, rosa, variações
(obrigatórias) do lilás, dão à coleção
contemporaneidade e sintonia. Tem toque esportivo, mas é sofisticado.
Deve agradar a seu fiel comprador e também à mídia
norte-americana. No desfile, brilhou o rosto único da modelo
Mini Anden, a próxima estrela da publicidade de Klein, ao lado
da morena Tasha.
Ralph Lauren também brilhou, rejuvenescido e mais elegante do
que nunca. Partindo do preto e branco, fez básicos e chiques,
brincando com geometrias, movimento e fluidez. A beleza é natural,
simples _e por isso mesmo agrada.
Outro medalhão, Donna Karan, assume a urbanidad característica
de NY, numa cada vez mais bem-cuidada linha de alfaiataria, para as
mulheres executivas, em jaquetas e terninhos elegantemente construídos,
acompanhados de saias-lápis listradas e casacos. O final em saias
bordadas em tangerina, lilás e pêssego conduz para o vestido
tomara-que-caia em laranja-fogo, em organza, da eterna estrela Shalom
Harlow. Karan usou bem a forma da capa de chuva. A forma do trench coat,
aliás, permeou a temporada como um todo e, peça-coringa,
apareceu em muitas coleções.
Em sua segunda marca, a DKNY, Karan fincou o pé no esportivo
dos anos 80 (a década em que a estilista apareceu), sob forma
de performance, no desfile no DIA Center for the Arts, em que os convidados
entravam e as modelos apareciam a cada meia hora. Hit total: os conjuntos
de regata e shortinho tipo aeróbica, perfeitos no paetê
azul ou no amarelo.
New Wave
Se John Bartlett fez Japão e Michael Kors um megamix de american
classics (country, casual, relaxado), a estilista de ascendência
chinesa Anna Sui usou como referência uma polaroid dela mesma
feita nos anos 80, a época em que frequentava com seus amigos
o lendário Mudd Club nova-iorquino, auge da new wave. A foto
mostra a estilista em look inspirado em Madonna no clipe de Borderline.
Ela juntou a isso a figura de sua amiga Maripol, a designer de jóias
que atuava como stylist de Madonna.
Sui criou looks meio punks, com tops de jérsei, vestidos e saias,
sempre pretos, usados com cintos largos, brincos grandes e luvas 7/8
como meias cortadas. Gisele entrou com um sensual vestido de jérsei
com amarrações. O moderno branco também está
na coleção, como no vestido de seda usado por Hanelore
e nas jaquetas com ombros generosos que compõem o look. O roxo
fica na segunda etapa da coleção, a dos vestidos retrô,
que depois evoluem para looks zebrados em fucsia e verde, adoravelmente
camp.
Também de olho nos 80, Marc Jacobs, o estilista da Louis Vuitton,
desfila em NY a marca que leva seu nome, Marc. Brinca com a iconografia
da década, recuperando seus dias overfashion de party boy do
lendário clube Danceteria, de NY (onde também Madonna
apareceu para o mundo). Mistura essa referência com a estética
dos 40 e dos 50. Acertou na bolsa, na explosão de cores (rosa,
verde), nas listras (no tricô vertical) e nas blusas bufantes
de ombros de fora, um hype desta temporada, com tiras de plástico
na barra e no decote, a melhor imagem do desfile. Grandes cintos não
poderiam ficar de fora, claro, idem para os shorts bufantes e o scarpin
stiletto. O look é com olho verde, turquesa.
Ao som das meninas alemãs do Chicks on Speed (bem riot girls),
Jacobs fez um desfilão cheio de celebridades como Wynona Rider,
Puff Daddy e Mario Testino. O trench coat branco de grandes botões
azuis é um hit, bem como as blusas de um ombro só (hype)
em seda pink, o mesmo material da saia evasê, bem 50. O resultado
final é uma mistureba camp, uma gangorra entre o
mau gosto e o bom gosto e uma pitada de Old Hollywood que as norte-americanas
vão adorar.
De olho na globalização, o evento procura tempero internacional,
com a participação de grupos de estilistas de Hong Kong,
Portugal e África. Ainda, individualmente, criadores de outras
nacionalidades também encontram espaço na programação
do evento para tirar sua casquinha do american style: tentando trazer
o south american way, Fause Haten volta a NY com mais consistência
do que conseguiu em seu desfile em São Paulo, em julho, e a marca
de biquínis Rosa Chá reproduziu seu desfile correto nas
passarelas do Seventh On Sixth. (ERIKA PALOMINO)
![](images/moda_nova_york.gif) |
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