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Triunfa a diversidade

Desfiles de Paris conduzem a moda
por viagens criativas



DA ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Reuters
Karolina K. em blusa turquesa de ombros soltos usada com calça reta da Chloé

O principal mérito da temporada francesa do prêt-à-porter é realmente achar que há gosto _e mercado_ para tudo. Paris é a terra da diversidade, e a semana de lançamentos (de 7 a 14 de outubro último) faz público e profissionais de moda embarcarem na viagem dos estilistas.

Para a maison Chloé, a inglesa Stella McCartney confirma sua posição na linha de frente do Planeta Fashion, combinando sensibilidade couture com a confiança sexy que se tornou sua característica. Sua moda é pop, moderna e jovem. Parece fácil? Tem muita gente tentando e poucos conseguindo. Silhueta simples e relaxada, com vestidos soltos caindo dos ombros e jaquetas menos estruturadas _uma das novidades da estação. Há ainda a introdução do ombro levemente drapeado, em uma forma que também vem lá dos 80. Perfeita.

O desfile começa com a moda praia e mostra que Stella continua produzindo suas estampas cult (a dos abacaxis é impagável). Vestidos de musseline ganham estampas com cavalinhos _tema principal da coleção, country chic_, como no tomara-que-caia bege com padrão marrom. O cavalo aparece desdobrado no bolso da calça em índigo escuro e na estampa em silk da calça em alfaiataria. As saias marrons em falso couro se seguem do vestido corselet com cavalo dourado, numa aula, portanto, de como uma estampa pode ganhar diferentes leituras, todas criativas. O cabelo é das “sistas”, as meninas do hip hop americano, divertido e feminino, urbano e real.

No outro espectro, Yohji Yamamoto trabalha sobre seu próprio japonismo, vindo dos anos 80, instalando a forma da bolsa como acessório e também como iconografia de grandes capas e vestidos. Mas acerta mais o militarismo de efeito pop arte de Rei Kawakubo para a Comme des Garçons, evolução estética de seu inverno punk/chic japonês. O filhote Junya Watanabe, assistente de Kawakubo e herdeiro da tradição oriental de inovação, responde por peças futuristas em organza e malha fluo, acopladas ou não de pérolas, redefinindo a elegância para o novo século.

A dupla sensação holandesa, Viktor & Rolf, inova ao fazer um verdadeiro show de sapateado para mostrar sua coleção de alfaiataria moderna e cool, em preto e branco, ao som de “Singin’ in the Rain”.

O belga Olivier Theyskens mostra mulheres de cabelos molhados feito coroa de espinhos em que se desdobra o fundamento do trench coat em diferentes materiais, do couro ao cetim e o náilon, misturando peças dramáticas como as grandes saias que lhe deram fama até looks básicos como regatas e calçolas. Calças diferenciadas têm a barra com camisa falsamente para fora, em efeito trompe-l’oeil. Sucesso total.

Também belga, Ann Demeulemeester faz mais um brilhante desfile e prova que é possível se manter fiel a seu estilo pessoal sem cair na mera repetição. Usando como recurso de edição pedaços de cabelo artificial acoplados às roupas, ela desfila ao som da musa Patti Smith seus looks em suede preto e seus terninhos manchados tipo tie-dye. Já a modernista Martine Sitbon, rainha dos 80, acerta em coleção glam-rock, em românticos e urbanos looks feitos de variações de estampas em vermelho e rosa, de impecáveis proporções. (ERIKA PALOMINO)




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