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‘‘Pode
ser que ele seja um novo Ricky Martin. Mas espero que no dia da luta
ele traga o calção, pois Oscar não sabe o que quer ser, um boxeador,
um ‘pretty boy’, um cantor ou um ator,’’ disse Derrell Coley, último
adversário de Oscar de la Hoya.
Maior ídolo latino dos ringues na atualidade, De la Hoya não deu ouvidos
aos conselhos de Coley (e por que deveria, se o bateu em fevereiro?),
e já terminou de gravar um CD, a ser comercializado nos EUA, visando
a legião de tietes que lotam os estádios para ver de perto o lutador-galã.
O CD, com lançamento previsto para o segundo semestre, traz dez canções,
todas interpretadas pelo boxeador: duas em inglês e as demais em espanhol.
Até o momento, a gravação do CD e a participação em entrevistas e
outros compromissos ligados à promoção do produto ainda não interferiram
em seu calendário como pugilista profissional.
E é o primeiro passo para o (como comentam algumas mulheres) atraente
De la Hoya alcançar outro de seus objetivos: tornar-se ator de cinema.
Aliás, não é de agora que o ‘‘Golden Boy’’ vem cultivando essa idéia.
Às vésperas de sua discutível derrota para o rival Félix Trinidad,
no ano passado, De la Hoya incluiu em sua entourage um professor de
canto (o mesmo que deu aulas a Ricky Martin).
De la Hoya não é o primeiro boxeador a flertar com atividades artísticas.
Esse foi o caso de Muhammad Ali, que teve seu próprio seriado de TV
nos EUA e interpretou a si próprio no cinema.
Outro pesado, Jack Dempsey, também foi ator de cinema. Assim como
os campeões Archie Moore e Maxie Rosembloon, entre outros. Até o brasileiro
Popó, demonstrou em várias oportunidades seu desejo de ser artista
de TV. ‘‘Acho que o destino está me dizendo algo’’, disse, ao ser
informado de que a transmissão de sua luta com Barry Jones, em janeiro,
invadiria o horário da novela.
O problema para De la Hoya é que nem todos os seus adversários são
Derrell Coleys, que, apesar de à época ser o primeiro do ranking do
CMB (Conselho Mundial de Boxe), era bem ruim. Seu próximo rival, no
dia 17 de junho, será o invicto ex-campeão dos leves Shane Mosley,
que alguns vinham chamando, precoce e exageradamente, de ‘‘o próximo
Sugar Ray Robinson’’.
E os compromissos relacionados ao lançamento do CD prosseguem. Numa
recente coletiva de imprensa, em Nova York (EUA), promovendo a luta
com Mosley, por exemplo, De la Hoya confessou que havia ficado acordado
até as 4h da manhã, dando os retoques finais no CD.
‘‘Ora, isso não é problema. Quando treino, me concentro no treino.
Quando tenho tempo livre, gravo. É até bom para não passar o tempo
todo obcecado com o boxe. E não seria impossível conciliar até quatro
carreiras’’, disse.
Mas a questão é: será possível conciliá-las com a atividade de lutador,
especificamente?
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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