O personagem


AFP
Martín Palermo

A pergunta de hoje
O colunista responde
Aconteceu na semana
Esporte em números
Veja na TV



PENSATA

Domingo, 3 de dezembro de 2000

A guerra não acabou para os guerreiros de 82

Rodrigo Bueno
     

Diego Medina

O sucesso do esforçado Palmeiras neste ano pôs em destaque as equipes que fazem da superação seu ponto forte. Mas, vendo hoje os remanescentes do esquadrão desprestigiado de maior sucesso na história do futebol, dá para sentir que os humildes têm que provar seu valor eternamente.

A seleção da Itália que venceu Copa de 1982 para a surpresa do mundo (inclui a própria da Itália) ainda passa por provações.

O goleiro e capitão daquele time, Zoff, deixou de forma triste o comando da seleção italiana após a Euro-2000, em que a Squadra Azzurra, encarnando um espírito guerreiro, foi superada apenas pela França na decisão após um gol no último minuto e outro na ‘‘morte súbita’’.

Silvio Berlusconi, símbolo na Itália do futebol moderno, profissional e baseado na contratação de supercraques, como Van Basten, Gullit e Rijkaard, criticou e fritou Zoff, que voltou à vida em clube. Hoje, é dirigente da Lazio, atual campeã italiana que faz campanha irregular nesta temporada e que, por isso, já deixa Zoff em maus lençóis.

Tardelli, um dos goleadores italianos na final de 82, vinha fazendo trabalho duro nas categorias de base da seleção de seu país. Foi recompensado ganhando o cargo de treinador da milionária Inter de Milão. Em meio aos problemas com alguns craques, como Vampeta, acabou levando uma goleada épica de 6 a 1 para o Parma. Humildemente, assumiu toda a culpa e está sendo colocado contra a parede.

O caminho que levou Tardelli até o time de Ronaldo e Vieri foi duro, passando por equipes modestas, como Cesena e Como, e dando força à nova geração do futebol italiano. O trono que conquistou em Milão, porém, está se mostrando mais duro que qualquer caminho pedregoso.

Um dos responsáveis pela chegada de Tardelli à Inter é outro remanescente da seleção italiana de 82. O lutador Oriali tem cargo de diretor na Inter e, por isso, carrega o peso de 11 anos sem conquistas do time no Italiano.

Gentile, que superou a missão de parar Maradona, Zico e tantos outros em 82, herdou a vaga de técnico da seleção italiana de juniores de Tardelli, uma vez que cuidava dos juvenis. Porém com ascensão do badalado Trapattoni à chefia da Azzurra tem agora um ídolo como superior, e não mais o velho amigo Zoff.

Graziani foi imprescindível para a conquista italiana em 82, jogando nas sete partidas de sua equipe na Espanha. Mas, após pendurar as chuteiras definitivamente, virou algo dispensável para o futebol italiano, sendo aceito apenas como diretor pelo modesto Viterbese, da Série C.

Antognoni e Conti tiveram melhor sorte, assumindo postos consideráveis na Fiorentina e na Roma, respectivamente, mas ainda não conseguiram o desta que que obtiveram no último Mundial ganho pela Itália.

Cabrini se aventurou na carreira de técnico, mas o que melhor conseguiu até agora foi o Arezzo, da Série C. Altobelli, Causio e Collovati permanecem ainda em cena, mas do outro lado do campo, como comentaristas de TV. Bergomi ficou em evidência até o ano passado, mas por se perpetuar na zaga da Inter (já sente a falta de holofotes).

Rossi, mesmo com tanta experiência com escândalos fora de campo, tenta se arranjar ainda como empresário. E Scirea teve triste fim: morreu em acidente de carro em 1989, na Polônia.

Mesmo quando o impossível é alcançado, os obstáculos e as cobranças da vida continuam.



NOTAS

Guerreiros 1
O Palmeiras já conseguiu o impossível na temporada, indo à final dos dois principais torneios sul-americanos com um time desacreditado. Mas o impossível não acontece sempre. Até janeiro, todos concordavam que era o investimento que dava resultado. Quando esse mesmo Palmeiras cair, todos lembrarão disso.

Guerreiros 2
Riquelme deu show na decisão do Mundial interclubes. Palermo fez dois e foi premiado. Mas o melhor jogador em Tóquio foi sem dúvida a torcida do Boca.

Guerreiros 3
O técnico do Japão, Philipe Trousier, já acredita que sua seleção, atual campeã da Ásia, poderá ganhar a Copa de 2002.

Guerreiros 4
Na China, já dão certo o prêmio de melhor jogadora do século para Sun Wen, que desbancaria as favoritas norte-americanas Mia Hamm e Michele Akers. O resultado da eleição da Fifa sai na próxima semana (Pelé e Real Madrid devem ganhar como jogador e clube do século).


Leia mais:



e-mail: rbueno@folhasp.com.br


Leia as colunas anteriores:
26/11/2000 -
O Mundial interclubes está vivo
19/11/2000 - Os melhores do ano 2000
12/11/2000 - O bicho é mais feio do que parecia
05/11/2000 - O mundo torce pela CPIs em Brasília
29/10/2000 - Escorpianos de outubro
22/10/2000 - Player manager
15/10/2000 - Sonda-se treinador estrangeiro
08/10/2000 -
Superseleção ou supertécnicos?
1º/10/2000 - Fora daqui
24/09/2000 - Um detalhe interferiu: a bola
17/09/2000 - Excessivo excesso de otimismo
10/09/2000 - Dando a cara para bater
03/09/2000 -
Veja agora o campeão da Copa-2002
27/08/2000 - Racismo
20/08/2000 - O jogo do milhão
13/08/2000 - Os jogos da Nike
06/08/2000 - Pré-temporada de luxo
30/07/2000 - Século brasileiro
23/07/2000 - Troca de Comando
16/07/2000 - Caça às bruxas
09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000 - Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas