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Paranóia ou mistificação?

Ou será que na moda nada se cria e tudo se copia? Descubra aqui os limites das "referências" e da "inspiração"

 
Fotos Reprodução
À esq., patriarca cristão ortodoxo e sua roupa de influência bizantina; à dir., look de Christian Lacroix nos anos 80
DA REDAÇÃO

A cada temporada é a mesma ladainha: a nova moda de verão, a nova moda de inverno. A nova calça; a nova blusa; as novas proporções, e por aí vai. Mas será que é tudo assim tão novo?

Os tempos são de revivalismo explícito de décadas passadas do século 20, feitas ao sabor dos materiais contemporâneos e das novas tecnologias têxteis.

“Não tem mais o que inventar”, garante João Braga, um dos mais disputados professores de história da moda de São Paulo. Na última estação estiveram em voga os 50, agora são os 40, os 80... Então será que tudo já foi feito? Que uma calça é apenas e será sempre uma calça? Os estilistas estariam, desta forma, meramente tentando reinventar a roda a cada temporada?

Mais ou menos. Inverno após verão, eles tentam alcançar o que seria a utopia do inédito, o que é 100% novo, original, único. Às vezes com uma ajudinha do passado, às vezes com uma ajudinha do que já foi feito antes por outros colegas dessa antiga profissão de criador de moda.

Os nomes dados a essa prática variam, e os limites entre elas ficam no fio da navalha. “Cópia”? Muito forte. “Inspiração” _quase sempre adequado. “Referência”, muitíssimo utilizado. Em alguns casos, fashionistas são tomados por paranóicas sensações de “déjà vu”, já que muitas vezes as “homenagens” superam os limites da ética.

A revista norte-americana “List”, em seu número de estréia, publicou uma sequência de fotos que, como diz o clichê, falam mais que mil palavras (reproduzimos algumas delas nesta página). Lado a lado, as imagens congregam uma série de semelhanças que desafiam classificações, em alguns casos beirando a má fé. O fotógrafo Steven Meisel aparece como habituê na consulta a artistas pouco conhecidos em seus sempre brilhantes trabalhos, em editoriais de revistas como a prestigiosa “Vogue” Itália ou campanhas poderosas como as de Calvin Klein. Não que ele faça segredo disso; ao contrário. E no caso do material inspirado no artista plástico Alex Katz, a história serviu para atrair a atenção da mídia novamente sobre ele.

Em algumas situações, quando descobrimos a versão original da imagem ou da roupa, a sensação é de termos sido enganados, ludibriados. Dá vontade de chamar a polícia. Nesse caso, melhor chamar o ladrão. (ERIKA PALOMINO)


@: palomino@uol.com.br


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