|
Página inicial
Paranóia ou mistificação?
O novo está morto
Ventos de mudança
Os novíssimos
Customização já
O messias da moda
As roupas do futuro
Coisa de macho
A alta-costura vive
|
|
Eduardo
Knapp/Folha Imagem
|
|
Sabonetes
da marca Lush, que valorizam os aspectos de manufatura e natureza,
e podem ser cortados na loja pelo próprio cliente
|
Customização
já
A
principal tendência de marketing da
virada do milênio dá conta da individualidade do consumidor
DA REDAÇÃO
Na nova era do indivíduo, bem-estar, valores pessoais, uso da tecnologia
para o conforto e a busca de elementos essenciais na natureza fazem toda
a diferença. No mundo maravilhoso do marketing e do consumo, a
palavra-chave é customização. No português,
a rigor o vocábulo nem existe. Trata-se de corruptela da apropriação
da expressão em inglês custom made, que significa
feito sob medida. O verbo to customize é fazer
ou mudar alguma coisa de acordo com as necessidades do comprador.
Bingo. Perfeito para os nossos tempos _da navegação da Internet
aos looks que você vê nas revistas (leia nesta página).
Na cosmética, a customização se mistura com uma corrente
de pensamento que se vale das mais arrojadas químicas, agora combinadas
com o aspecto mais despojado. Trata-se de uma nova abordagem da vida natural,
em que o próprio consumidor, por exemplo, corta uma fatia de sabonete
preparado com frutas e ervas, como se estivesse no balcão de uma
mercearia. É a fitocosmetologia. Os produtos são elaborados
com frutas e vegetais frescos e as mais finas essências aromaterapêuticas.
Nesse esquema, as lojas se transformam em templos sensoriais e viram coqueluche
em São Paulo. Na Lush, sabonetes são cortados como queijos,
cremes são servidos como patês, shampoos são sólidos.
Tudo é vendido por quilo e conservado no gelo ou aquecido, como
num antigo empório.
Na Neals Yard, a tradicional garrafa azul já se tornou um
cartão-de-visitas. Os produtos são preparados por terapeutas
e químicos que passam dias trabalhando num sítio, em Londres,
como se estivessem em um retiro espiritual. Procuramos fazer tudo
o mais natural possível, sem prejudicar o corpo e a natureza,
explica Zheca Catão, que trabalhou dez anos na loja em Londres
e é terapeuta da loja. Estamos vivendo num mundo enlatado
e precisamos de uma forma de compensação, diz Catão.
É um tipo de consumidor que prefer a velha e boa simplicidade.
Trata-se da valorização de sensações puras.
Simples, mesmo. Como dormir num lençol de algodão ou saborear
um copo de água. São os neo-sensualistas.
Um dos pilares dessa ideologia é a revista Elle Decor,
versão inglesa, que espalhou pelo mundo, silenciosamente, um conceito
de decoração e bem viver que nada remete a móveis
caros ou faustosos. Gosto pelo detalhe e valorização da
intimidade (solitária ou compartilhada com pessoas próximas)
ganharam toques de orientalismo, moda e cor, aqui e ali.
A autora do projeto, Ilse Crawford, publicou então Sensual
Home (1997), liderando uma onda de publicações como
Sensual Living, de Claire Lloyd. Crawford foi recentemente
contratada para dirigir a linha Home (casa) da Calvin Klein, justamente
o pai do marketing da moda.
No Brasil, a revista alternativa Simples representa essa corrente
de pensamento em uma seção batizada Umbigo - Pequenos
Prazeres, coordenada pela produtora Joana Porto.
Chapéu de palha, pés descalços, caixa de fósforos,
bolo de fubá, trim e chita estão entre os hypes (será
que cabe a palavra aqui?).
O Umbigo surgiu de uma vontade ou necessidade de olhar
para as pequenas coisas que dão prazer e estão ao nosso
redor, normalmente passando despercebidas. A seção se propõe
a despertar a atenção para coisas acessíveis que
podem trazer uma boa sensação, um bem estar, um prazer sutil.
Quem sabe até um grande prazer, explica Joana. Segundo ela,
também serve de alternativa para essa lamentação
sintomática dos nossos tempos: uma ilusão de que só
o dinheiro pode satisfazer desejos, frustrações etc.
Nem sempre tudo é baratinho, entretanto, no neo-sensualismo. A
julgar pelos preços de alguns dos novos cosméticos, simplicidade
é puro status. Um dos mais badalados lançamentos da temporada
no Brasil é o creme Sisleya, da marca francesa Sisley. Custa mais
do R$ 600,00. (EP e CD)
Leia também:
Planeta fashion
Perfumes
se tornam acessórios
Da
José Paulino à Daslu
|
|
|
|
|