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Coisa de macho

As coleções internacionais do prêt-à-porter apontam a volta dos clássicos da masculinidade


CAROLINA DELBONI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Modelo com roupa da Prada, que mostra "o cara certinho com os pés frágeis", segundo o professor de moda Darlo Caldas
Como vai ser o homem de 2001? Londres, Paris e Milão apresentaram em junho suas coleções masculinas para primavera-verão 2000/2001. Os estilistas mostraram tudo o que se tem feito de novo na estamparia. As camisetas e regatas são as peças favoritas, com listras, bolinhas e pontos, sempre valorizando o peito masculino. O costume é ressuscitado, em versão mais descolada. Os shorts e as sungas estão cada vez menores, e o corpo aparece saudável, bronzeado _nem que seja fake. O vestir tem atitude jovem, e as jóias são os acessórios oficiais dos novos milionários do “pontocom”.

Homem moderno tem que se exercitar, comer alimentos saudáveis, preocupar-se com a beleza, discutir negócios ao celular, anotar compromissos em seu palmtop. E foi isso o que se viu nas passarelas internacionais. Um homem mais homem, que volta a resgatar seus valores sem se sentir agredido pelas conquistas femininas. E, cada vez mais,
descobrindo seu jeito de vestir e suas necessidades. É uma revisão dos valores masculinos. A época afeminada do masculino, dos anos 90, não existe mais.

“É a busca de referências do masculino. Eles estão retornando às suas posições, mas sem regredir”, afirma Dario Caldas, professor da faculdade AnhembiMorumbi. “A questão que se levanta hoje é a de quem vai substituir o homem anterior, que ninguém quer mais. O que existe hoje é um homem de possibilidades. Acredito que o moderno seja o ‘novo macho’”, diz Caldas.

Essa mudança ganha força e sensibilidade na moda. É a volta do tradicional, da alfaiataria, do costume. Mesmo as marcas mais de vanguarda, como a Dolce & Gabbana, não abandonam o registro do tradicional. “É uma busca de pólo da elegância”, afirma Caldas.

No desfile da Armani, os modelos dançavam, em vez de caminhar na passarela. As idéias novas aparecem nas jaquetas assimétricas, com cortes que respeitam as formas do corpo masculino, sem prender os movimentos. Os ternos fluem no corpo, ressaltando a importância do conforto. “Minha missão é fazer o novo, o moderno, ser elegante.

Depois do ‘casualwear’, acredito que as pessoas estejam se preocupando em se vestir bem novamente”, declarou o estilista Giorgio Armani ao jornal “International Herald Tribune”.

A marca Prada reforça a linha do bom moço. Comportados, de óculos, os meninos lembram Clark Kent em versão teen intelectual. Quase uma caricatura, usam calças de prega, camisa de cetim estampada, lenço xadrez, bolsa de mão e sandálias de tiras. “Eu tentei trazer o costume de volta às passarelas, com espírito jovem”, afirma a estilista Miuccia Prada, em relação à forma do paletó e da calça _pilares fundamentais do masculino. Para a marca Jil Sander, também desenhada pela equipe de Prada, a fórmula se repete, reforçando as jaquetas.

Calvin Klein é Calvin Klein. Seu estilo clean ganha presença de verão, com cores em tons claros (rosa, azul, amarelo, e lilás). A coleção de Paul Smith foi chamada de ”wonderful time“, inspirada no trabalho do fotógrafo americano Slim Aarons. A segurança em mesclar estampas e cores num só look o torna especial. Para Versace, o importante é ser masculino, trazer elementos que definam a masculinidade _como relógios grandes. Sua coleção apresenta formas justas, marcando o homem como objeto.

As cores fortes estão nos ternos, costumes e calças com faixas tipo smoking. A mesma tendência segue Gucci, que traz um homem menos sexy, mais “evoluído”. As calças são largas, com pregas grandes e faixas na cintura. Uma mistura de samurai com camisas de cetim, tipo quimono, em estampas florais.

A Christian Dior aposta na definição dos valores e trouxe muitos acessórios. Em looks totalmente minimalistas ou elegantes, Dior continua firme na tendência dos megaóculos laranja, mas a presença forte são os jaquetões com cortes mais amplos e definidos. Versátil, a coleção de Dior mostrou que pode vestir homens clássicos e garotos modernosos.


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