Descrição de chapéu Moda

Para atrair jovens, grife tradicional lança parceria com seis grafiteiros

Fendi transforma topo de prédio romano em ateliê e obra conjunta vira camiseta 'sem gênero'

Pedro Diniz
São Paulo

Na esteira da macrotendência de aproximar a criação de moda das novas gerações, a grife italiana Fendi, uma das mais tradicionais da indústria, abriu seu processo criativo para seis jovens artistas de rua de diferentes países.

Em performance inédita, no topo do Palácio da Civilização Italiana, em Roma, o grafiteiro britânico Gary, o iraniano Cave, o americano Hillel Smith, o honconguês Roes, o japonês Casper e o sul-coreano Jodae escreveram a palavra "futuro" em sua própria língua para formar um mural em formato de anel.

"Para mim, o futuro é inteligente, onde qualquer um está informado, quer aprender, entender e questionar, e um lugar onde podemos não ter medo da nossa curiosidade", diz Smith, que tem origem judaica e aplica traços da tipografia hebraica em murais.

"O Anel do Futuro", como a obra conjunta foi batizada, é a primeira colaboração da marca entre personalidades da chamada geração "millennial", nascida entre 1980 e 1995 e que, de acordo com pesquisas de birôs internacionais, é a nova força do consumo de moda no mundo.

Ainda que modesto dada a abertura recente de marcas históricas às parcerias com artistas a Gucci, por exemplo, tem o grafiteiro Trouble Andrew em sua lista de colaboradores, o exemplo da Fendi é um dos primeiros dessa onda a assumir a assinatura solitária dos artistas.

Artistas de rua posam sobre grafite no Palácio da Civilização Italiana, em Roma, parte do projeto ‘F Is For...’, elaborado para a grife europeia Fendi
Artistas de rua posam sobre grafite no Palácio da Civilização Italiana, em Roma, parte do projeto ‘F Is For...’, elaborado para a grife europeia Fendi - Divulgação

Geralmente, as grifes os contratam para colaborar com diretores criativos, que moldam o trabalho dentro de uma fôrma relacionada à história da marca, ou apenas para criar maquetes de vitrines.

O resultado da união desses seis grafiteiros virou uma camiseta, lançada nesta terça-feira (6) na loja virtual da Fendi. Trata-se do primeiro produto de um projeto maior, intitulado "F Is For...", criado como plataforma de cultura jovem, com vídeos, editoriais e, agora, produtos, direcionados aos jovens.

A modelagem da peça, pensada tanto para o corpo feminino quanto para o masculino, segue a nova cartilha de estilo que coloca o termo "genderless" (sem gênero ) como norte para coleções.

Tanto a performance quanto o lançamento do produto fazem parte de um esforço da marca, que em 2025 completará 100 anos, em se manter relevante em um mercado que, paulatinamente, rejeita o principal ativo da etiqueta: as peles de animais.

Considerada a mais exclusiva entre as grifes que mantêm fazendas de bichos para abate, a Fendi enfrenta críticas de ativistas muitos deles, jovens que não aceitam a manutenção da peleteria.

Ainda que sua dona, a italiana Silvia Fendi, afirme que não pensa tanto nos "millennials" quando cria "não devemos nos prender a isso", ela disse à Folha no último desfile feminino em Milão, em setembro passado, a estratégia de colaboração com artistas pop deve nortear as próximas coleções. Como a última masculina, cujas peças têm impressas obras do artista gráfico escocês Hey Reilly.

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