Jane Austen inspira nova novela das seis, passada em São Paulo

A cidade no início do século 20 faz fundo para história de cinco irmãs

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Em pé, os atores Tato Gabus Mendes, Chandelly Braz, Anaju Dorigon, Pamela Tomé, Vera Holtz; sentados, Nathália Dill, Bruna Griphão e Agatha Moreira
Em pé, os atores Tato Gabus Mendes, Chandelly Braz, Anaju Dorigon, Pamela Tomé, Vera Holtz; sentados, Nathália Dill, Bruna Griphão e Agatha Moreira - Globo/Marília Cabral

 

São Paulo

Noticia-se um baile, e as filhas de Ofélia (Vera Holtz) vão saindo uma por uma de dentro de casa em direção ao jardim, onde há galinhas, pintinhos, um lago bucólico e um cavalo. A família vive no início do século 20, em uma São Paulo que ainda não tem 500 mil habitantes (hoje são cerca de 12 milhões).

Interpretadas por Pamela Tomé, Anaju Dorigon, Nathalia Dill, Bruna Griphão e Chandelly Braz, as filhas começam a repetir. "Um baile, um baile". Corta.

O diretor Fred Mayrink pede para que se repita a cena prevista para a novela das seis, "Orgulho e Paixão", que estreia nesta terça (20) e é inspirada no universo da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), de "Orgulho e Preconceito". A Folha acompanhou a gravação.

As atrizes voltam para dentro da casa, que na verdade não existe, senão pela fachada cenográfica --na parte de trás há vassouras, objetos de cena, materiais de construção. Noticia-se o baile novamente. O grupo de mulheres faz o mesmo percurso, com a mesma empolgação. "Um baile, um baile". Corta.

A cena volta a se repetir e, durante cerca de uma hora em uma manhã no início de fevereiro, a palavra "baile" é repetida umas cinquenta vezes naquele canto do Projac.

"Era uma vida entediante a delas?", pergunta a reportagem ao diretor Fred Mayrink e ao autor da novela Marcos Bernstein, na hora do almoço, em uma entrevista já distante daquele cenário.

"Acho que não. Essa é a rave delas", compara Bernstein.

O tempo não para

Mayrink diz que essa questão só é possível porque temos como comparação a vida contemporânea.

"Se a gente volta no tempo e cria paralelos com o nosso dia a dia, podemos identificar sob a ótica do estilo de vida de hoje coisas que naquele tempo talvez não suportássemos".

A novela, por outro lado, "retrata uma época em que as relações eram muito mais próximas". "Para falar com alguém, você precisava encontrar e conversar. Hoje, você manda uma mensagem e está conversado", diz o diretor.

"A união dessa família tem muito a ver com esse passar do tempo daquela época."

O mote principal da novela é o de uma família (ainda há o pai, interpretado por Tato Gabus Mendes), cuja matriarca se dedica quase exclusivamente à tarefa de ver as filhas casadas --e terem, portanto, um teto garantido.

O papel de Holtz é transposto de "Orgulho e Preconceito", que também tem ao centro uma mãe inquieta para ver suas cinco filhas estabilizadas no matrimônio.

"São absolutamente prendadas minhas filhas", vende Holtz na entrevista, fazendo-se passar pela personagem. "Inclusive tem cena das meninas cozinhando para os homens como forma de sedução", descreve a atriz.

No elenco ainda estão Thiago Lacerda, Ary Fontoura e Gabriela Duarte. E do grupo de irmãs, destaca-se Elisabeta (Nathalia Dill), que não vê no casamento a única possibilidade de futuro.

"A família é de uma classe média decadente. O pai é um intelectual que teve dinheiro, mas a verba está acabando", conta Bernstein. "As filhas estão na idade de casar, e daqui a pouco não vai dar mais."

O baile, enfim, parece, mais do que uma rave, ser a salvação da lavoura.

NA TV

Orgulho e Paixão

Quando na faixa das 18h, na Globo

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