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Cinema

Diretor Seijun Suzuki era influenciado pelos filmes americanos de gangster e pelo cinema noir

O espectador paulistano poderá conferir 17 de seus longas em uma retrospectiva no IMS Paulista, a partir desta terça

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No cinema japonês, poucos parecem rejeitar tanto o status de autor quanto Seijun Suzuki (1927-2017). Para ele, cinema é, antes de qualquer coisa, entretenimento. No entanto, poucos diretores do cinema moderno foram mais inventivos que ele.

O espectador paulistano poderá conferir 17 de seus longas em uma retrospectiva no IMS Paulista, a partir desta terça (21). Faltam filmes importantes, como “O Vagabundo de Kanto”, de 1963, e “A História de uma Prostituta” e “Vida de Tatuado”, ambos de 1965. Mas a seleção faz justiça à qualidade de sua obra integral, que engloba 50 anos de cinema.

Suzuki construiu a primeira parte de sua carreira dentro do cinema de gênero de baixo orçamento, na produtora Nikkatsu, com uma média de quase quatro filmes por ano, de 1956 a 1967. Era influenciado pelos filmes americanos de gângsteres e pelo cinema noir, mas via a presença americana no Japão de maneira crítica.

Em sua obra, assassinos, prostitutas, jornalistas e policiais se movem por um submundo de regras próprias e de muito rock (entre outras heranças da ocupação americana).

Em 1960, influenciado pelos diretores da Shochiku, começa a ousar mais, como pode ser percebido em “Mire na Viatura” e “Fera Adormecida”, que mostram um cineasta à procura de novas maneiras de narrar visualmente uma história.

Mas foi em 1963 que se confirmou como um diretor de primeira grandeza. E, no primeiro dos quatro filmes que realizou naquele ano, “Detetive Bureau 2-3”, retoma a parceria com o ator Jo Shishido (com quem já havia trabalhado em “Kagenaki Koe”, de 1958), famoso na época por suas bochechas.

Daí em diante, o nível de sua produção se torna muito alto. O primeiro de uma série de filmes memoráveis talvez seja “A Juventude da Besta” (o segundo que realizou em 1963), também com Jo Shishido.

Em 1964 surge a que é para muitos a sua obra-prima absoluta: “Portal da Carne”, grande tratado sobre a cor, a prostituição e o crime durante a ocupação americana, logo após a Segunda Guerra Mundial.

“Tóquio Violenta” (1966) é um charmoso musical de gângsteres, em que a direção de Suzuki se exercita no movimento e nas angulações atípicas, maneiristas. Do mesmo ano, “Elegia da Briga” trata da violência juvenil numa época conturbada do Japão.

Após “A Marca do Assassino” (1967), é despedido da Nikkatsu, que considerou o filme incompreensível. Suzuki então processou a produtora. Mas teve de amargar dez anos sem conseguir dinheiro para filmar.

Na volta ao cinema, após passagem pela TV, realizou o melodrama de transição “História de Melancolia e Tristeza” (1977), sobre uma modelo que é manipulada por uma fã, numa crítica à televisão japonesa e seu mercado de celebridades.

Em meio à decadência do cinema japonês nos anos 1980, iniciou a elogiadíssima "Trilogia Taisho", formada por “Zigeunerweisen” (1980), “Kagero-za” (1981) e “Yumeji” (1991), todos na retrospectiva.

Esses filmes marcam uma virada em sua carreira, já anunciada no melodrama de 1977. Sai a rapidez dos longas de yakuza e prostituição, entra o rigor formal e a crítica onírica ao panorama intelectual e artístico da era Taisho (1912-1926).

Mas Suzuki era inquieto, e em 2001 resolveu fazer, com “Pistol Opera”, uma refilmagem distorcida de “A Marca do Assassino”, com uma mulher como matadora profissional.

Para encerrar a carreira, nova ousadia: uma opereta infantil chamada “Princesa Guaxinim” (2005). O inusitado como testamento.

Tudo a ver com um dos maiores inventores de formas da história do cinema.

Retrospectiva Seijun Suzuki

  • Quando A partir desta terça (21); até 9 de fevereiro
  • Onde IMS Paulista, av. Paulista, 2.424, São Paulo
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