Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Ataque reivindicado por houthis do Iêmen deixa um morto em Tel Aviv; veja vídeo

Explosão não acionou alarmes por aparente erro humano, diz Israel; facção afirma que usou drone indetectável

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Tel Aviv | Reuters e AFP

A guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza respingou em Tel Aviv nesta sexta-feira (19), quando um drone de longo alcance atingiu o centro da cidade nas primeiras horas do dia. O ataque, no entanto, não veio do território palestino, mas sim do Iêmen, onde estão os rebeldes houthis.

O grupo, cuja base fica a cerca de 2.000 quilômetros de distância de Israel, reivindicou a ofensiva que matou uma pessoa e feriu levemente outras quatro, de acordo com as Forças Armadas e os serviços de emergência israelenses. O ataque, que não disparou alarmes, ocorreu após o Exército de Tel Aviv confirmar ter matado um comandante de alto escalão do grupo extremista Hezbollah no sul do Líbano.

Homem olha para prédio danificado por explosão em Tel Aviv - Ricardo Moraes/Reuters

A polícia israelense disse ter recebido centenas de alertas sobre uma explosão em Tel Aviv a partir das 3h locais (21h de quinta-feira, 18, no Brasil). O ataque atingiu um prédio próximo a um anexo da Embaixada dos Estados Unidos, segundo um correspondente da agência de notícias AFP.

A vítima que morreu tinha 50 anos. O homem estava em seu apartamento e foi atingido por estilhaços, segundo a polícia.

O serviço de emergência disse ter prestado atendimento a um homem e uma mulher, que foram feridos em suas casas. Outras duas pessoas que estavam na rua também precisaram de cuidados médicos. Os quatro foram levados para o hospital com ferimentos "relativamente leves", segundo autoridades.

"Acordei porque os tremores pareciam um [Boeing] 747 se aproximando", disse à AFP Kenanth Davis, que estava em um hotel diante do prédio atingido. "Depois aconteceu a explosão. Tudo explodiu no quarto."

O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, disse que o drone provavelmente era um modelo Samad-3, fabricado no Irã. "Nossa avaliação é que ele tenha vindo do Iêmen", disse ele em uma entrevista coletiva. O Exército afirmou que esse tipo de armamento é capaz de percorrer longas distâncias.

Em discurso televisionado, Yahya Saree, porta-voz dos rebeldes houthis, afirmou que a milícia usou um novo drone chamado Yafa, que seria capaz de contornar sistemas de interceptação. "A operação alcançou seus objetivos com sucesso", afirmou ele.

De acordo com Saree, em solidariedade aos palestinos atacados por Israel, Tel Aviv seguirá sendo um alvo do grupo —que, assim como o Hezbollah, é alinhado ao Irã.

Um funcionário israelense disse que as Forças Armadas ainda estavam investigando por que o drone não acionou o alarme. Relatórios iniciais sugerem que o aparelho foi identificado, mas as sirenes não foram acionadas por um erro humano.

O episódio aumenta os temores de que a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza se espalhe pela região às vésperas de uma visita do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a Washington, na próxima semana.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, prometeu que acertará contas "de forma decisiva e de surpresa" com os responsáveis pelo ataque. Ele se reuniu com comandantes militares para revisar as defesas aéreas e disse que o país precisa estar pronto para todos os cenários. "Devemos estar preparados para ações defensivas e ofensivas", disse ele, de acordo com um comunicado de seu gabinete.

Após o ataque, as patrulhas aéreas foram intensificadas, e o prefeito de Tel Aviv disse que a cidade, centro econômico de Israel, foi colocada em estado de alerta elevado. Nas horas seguintes, alarmes soaram repetidamente em áreas próximas ao Líbano, e defesas aéreas israelenses interceptaram pelo menos um alvo aéreo que cruzou a fronteira.

O ataque ocorreu mais de nove meses após o início da guerra em Gaza. Desde o começo do conflito, os houthis fizeram vários ataques contra navios no Mar Vermelho e no Golfo de Áden. Ao menos 88 navios foram atingidos, de acordo com o centro de pesquisas Washington Institute for Near East Policy, o que forçou várias empresas de navegação a evitar o local.

O grupo já havia reivindicado ataques contra a cidade israelense de Eilat, perto do Mar Vermelho, mas a ofensiva desta sexta é a primeira operação confirmada contra Tel Aviv.

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